Resumo
Olivia é uma garota pronta para mudar sua vida com o início da universidade. Ela tem um objetivo em mente: formar-se e realizar seu maior sonho. Ela é determinada, mas também doce e sensível e, de fato, não vê a hora de rever seu irmão mais velho, que já está esperando por ela na universidade. O que Olivia, no entanto, não levou em conta foi o encontro com Andres: um garoto que faz parte do grupo de amigos de seu irmão. Atribuído e sempre metido em encrencas, Andres é exatamente o tipo de pessoa de quem Olivia quer se afastar. A questão é... ele conseguirá? "Encontre seu amanhecer, Andres". Uma história intensa e apaixonante, cheia de afeto e cumplicidade, mas também de sofrimento e preocupações. A vida de dois jovens completamente opostos, que, no entanto, se cruzam e se chocam. Gelo e fogo, ódio e amor? O que poderia ser mais belo e mágico? Para aqueles que nunca param de sonhar, pois isso significaria parar de viver. Para aqueles que encontram em seus sonhos a força para continuar, apesar de tudo. Para aqueles que já perderam a esperança, mas não a loucura. A vocês que, apesar de estarem quebrados por dentro, continuam a sobreviver. A você que, sem pausa, impulsiona sua alma para alcançar a liberdade que o sonho lhe concede.
Capítulo 1
anos atrás...
O carrinho agora segue pela terceira vez o mesmo caminho: encosto do sofá, braços e assento... e depois sobe novamente e segue o caminho invisível traçado pela minha mão.
A chuva cai incessantemente além do vidro e tento me distrair do medo que sinto toda vez que relâmpagos cruzam o céu, repleto de nuvens cinza-escuras e pretas.
Porém, o medo da tempestade não é nada comparado a ver os faróis do nosso carro passando pela entrada da nossa casa.
Ele voltou e toda vez que volta, um arrepio percorre minha espinha.
- Vá para o seu quarto, Andrés, imediatamente!- Mamãe me empurra em direção às escadas com um olhar aterrorizado, enquanto meu pai já começou a gritar com ela em tom agressivo.
A garrafa de cerveja em sua mão cai no chão, derramando o líquido de dentro no velho piso de madeira.
- Mãe...- Tento me aproximar, mas ela continua me apontando para cima com a mão trêmula.
Subo lentamente as escadas com minha bonequinha nos braços. Abro a porta e com um empurrão do braço abro-a, depois me aproximo da cama com pequenos passos e me escondo debaixo das cobertas com os olhos cheios de lágrimas. Outro trovão me assusta e tento me proteger um pouco mais com o edredom, que agora cobre meu nariz.
Acho que são cerca de onze horas e lá fora, a escuridão total da noite, é iluminada intermitentemente apenas pelas luzes ofuscantes dos relâmpagos.
Tenho que ser forte e resistir, mas estou com tanto medo que tudo que quero fazer é sair da cama e ir até a mamãe. Eu gostaria de poder protegê-la às vezes.
Dei uma rápida olhada na porta entreaberta do meu quarto, de onde vinham de fora os gritos da discussão contínua dos meus pais.
Essa cena acontece muitas vezes à noite, e parece que sinto as cicatrizes nas minhas costas queimando só de pensar nele subindo e entrando no meu quarto com aquele maldito cinto na mão. Às vezes a dor é tão insuportável que sinto que vou desmaiar. Mamãe tenta me defender, ela tenta com todas as forças, mas ele é mais forte.
Tento fechar os olhos e respirar fundo, mas o som de algo quebrando me faz sentar instantaneamente.
Sei que a mamãe não quer que eu faça isso, mas não posso ficar aqui sabendo que ela está em perigo e assim, aos poucos, chego ao primeiro degrau e olho para fora para entender o que está acontecendo no primeiro andar.
-Você é simplesmente incompetente! Inútil! - grita meu pai, lutando para manter o equilíbrio, e minha mãe fica pressionada contra a parede com as mãos na cintura.
-Mantenha a calma, por favor!-
-Cale a boca!- Ele pega um prato da pia na mão e joga contra a parede, reduzindo-o em centenas de pedaços que caem no chão.
Eu suspiro e franzo os lábios para evitar que os soluços escapem da minha boca.
Mamãe parece apavorada e o medo que ela sente também me mata.
Vejo-o se aproximar dela com um passo ameaçador e instável e ele segura seu queixo com um aperto firme e forte, capaz de me fazer estremecer.
“Você é uma vergonha para essa família.” Ele a empurra no chão e é aí que decido tomar coragem e subir rapidamente as escadas, me ajoelhando ao lado dela.
-Mãe!-
-André! Sobe!-
O homem cai na gargalhada ao nos ver e agarra meu braço, me arrastando para o outro lado da sala e me jogando no chão. Esfrego a mão no joelho que bati no chão e tento conter os soluços. Eu sei que se ele me visse chorar só pioraria a situação.
-Olha, Andrés. Sua mãe é apenas uma prostituta que transa com o vizinho enquanto eu estou no trabalho.-
Lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto olho para a mulher enquanto ela tenta se levantar para me alcançar.
-Garotinha, você está bem?-
Eu aceno lentamente, mas então meus olhos se arregalam quando aquele monstro a agarra pelos cabelos e lhe dá um tapa no rosto.
-Você me dá nojo! Você é apenas uma prostituta ingrata!
-Mãe-mãe!- minha voz se quebra entre soluços, enquanto a observo limpar o sangue que sai do lábio quebrado com a palma da mão.
Está completamente fora de controle e não sei o que fazer. Estou muito fraco para enfrentar isso. Eu me pressiono contra a parede e tento acalmar minha respiração, que está ficando muito difícil.
-Está tudo bem, Andrés.- Mamãe pega minha mão e tenta me mostrar um sorriso fraco, talvez tentando me acalmar. Ele aproveita o cambaleio do meu pai para se aproximar ainda mais de mim. -Vá para a sala, pegue o celular e se tranque no armário, ok? Ligue e faça como quando brincamos de “polícia”. Vá, Andrés...-
De quatro saio da cozinha e sigo as instruções de minha mãe.
Eu tenho que fazer isso, não posso decepcioná-la.
Impedo que o medo tome conta do meu corpo e me forço a fazer o que ele me manda.
Disco o número com dedos trêmulos e espero alguém atender.
-. Qual é a emergência? -
-Papai está machucando a mamãe.- Tento falar devagar, fazendo exatamente o que a mamãe me ensinou quando brincávamos.
-Qual o seu nome?-
-André.-
-Quantos anos você tem, Andrés?-
-Você entendeu.-
-Tudo bem, Andrés. Você está em casa agora?
-Sim. Mamãe e papai estão discutindo e ele a está machucando.-
-Vou mandar uma patrulha, Andrés. Você tem que ficar calmo, ok? Continue falando comigo. O que aconteceu?-
-Papai chegou em casa depois de beber muito... começou a discutir com a mãe e depois deu um soco nela. Mamãe me disse para ligar.-
-Você foi ótimo, pequena. Você está seguro?-
-S-Sim. Estou trancado no armário.-
-Muito bem, Andrés. Voce esta machucado?-
-Não. Mãe, sim, sim.-
-Nós cuidaremos da sua mãe. Já vamos. Mas você não deve sair daí, ok?
-OK.-
Continuo tremendo, enquanto gritos e sons de objetos batendo contra a parede vêm da cozinha.
A certa altura, ouço um grito tão arrepiante e cheio de terror que minhas pernas não respondem mais ao meu corpo e me vejo correndo em direção à cozinha.
Meu pai segura uma faca e aponta para ele com um sorriso no rosto.
-Nosso filho está em casa!-
-Não, Clorinda. Seu filho está em casa. Ele será um daqueles homens com quem você transa enquanto estou no trabalho.-
-O que você está dizendo?- a voz de minha mãe treme, enquanto as lágrimas molham seu rosto, avermelhado pelo medo.
Um trovão muito alto me faz pular e começo a chorar de terror. Eu me encolho no canto da sala e coloco os joelhos no peito, sentindo-me inútil por não ser capaz de protegê-la.
-Você é uma prostituta.-
Ele se aproxima dela, mas, nesse exato momento, a porta se quebra e alguns agentes correm para a cozinha.
- Afaste-se dela, imediatamente!- um dos policiais aponta a arma para meu pai e cai na gargalhada com uma risada sádica capaz de me dar arrepios.
“Você está morta”, ele sussurra para minha mãe pouco antes de jogar a faca no chão e ser algemado pelos agentes.
Mamãe corre até mim e me abraça com força.
-Você foi ótimo, Andrés.-
Ele continua a me abraçar, enquanto nossas lágrimas se misturam e o medo é substituído pelo alívio.
-Tudo vai ficar bem, pequena. Eu prometo.-
E caramba, eu realmente acreditei.
-Você está pronto, querido?- A voz doce de minha mãe me alcança lá de baixo e eu paro alguns segundos para pensar na resposta.
Estou pronto? Não sei se é mesmo, mas quero e devo ser.
Esperei toda a minha vida por este momento e nada nem ninguém pode estragar isso.
-Olívia!-
-Sim, estou indo.- Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo bem cuidado e pego a última mala para colocar no carro.
Respiro fundo e olho uma última vez para o quarto onde cresci. Sorrio ao ver as fotos penduradas na parede e meus pensamentos vão direto para os amigos que espero fazer na faculdade. Deixo aqui toda a minha vida, mas em Stanford espero encontrar o meu futuro.
-Você levou tudo?-
-Mãe!- Reviro os olhos e deixo um beijo em sua bochecha. -Eu peguei tudo, relaxa.-
“Sinto muito, querido, mas estou realmente muito nervosa.” Ela move as mãos nervosamente e tento sorrir para ela para acalmá-la.
"Tudo vai ficar bem", eu sussurro suavemente, tirando uma maçã da fruteira para mastigar no caminho.
-Tem certeza que levou tudo? Talvez você esqueça…-
-Vamos.- Pego minha bolsa e deixo meu pai carregar a última bagagem.
Droga... estou prestes a ir para a faculdade. Meu coração dispara ao pensar que finalmente um dos meus maiores sonhos está prestes a se tornar realidade.
Sempre quis entrar em Stanford e ainda fico com lágrimas nos olhos quando penso na noite em que descobri que fui aceito. Foi um dos melhores momentos da minha vida...
Também mal posso esperar para ver meu irmão James novamente. Tenho uma relação especial com ele: ficamos dois anos juntos e, quando ele saiu de casa para ir para a universidade, foi muito difícil nos separar. Ele estará no terceiro ano de engenharia, enquanto eu estudarei medicina e depois me especializarei em pediatria.
Sempre adorei crianças e cuidar delas é, para mim, um sonho secreto.