O torneio
Hope POV
“Vocês têm cinco minutos para conversar com seus subordinados, então devem ir para a arena designada. Todas as lutas serão avaliadas.”
Peguei meu celular e abri um aplicativo de mensagem.
[Defendam-se caso alguém passe por mim. Não se preocupem, eu derrubo o líder.]
Mostrei para o grupo, que se entreolharam.
[Apenas confiem em mim.]
Eles assentiram com a cabeça, mas sem mostrar muita confiança. Andei até a arena e coloquei minha mochila no chão, do lado de fora da marcação, e fui até o lugar marcado, mas ao contrário do que pensaram, eu estava logo à frente, bem perto da linha central, enquanto meu time se posicionou atrás de mim.
A formação de Sophia era previsível, ela havia colocado os dois caras mais fortes à minha frente, enquanto os outros ficaram de lado, ela estava logo atrás, primeiro erro. Erro de principiante subestimar seu inimigo.
“Tsc…” Falei e passei a mãos pelos meus cabelos, arrumando-os, e voltei a colocar as mãos nos bolsos, com uma postura bem relaxada.
Imediatamente, quando escutei o sinal, vi que aqueles que estavam à frente correram para cima de mim, sequer se deram ao trabalho de se transformar. Segundo erro. Eles tinham velocidade de lobos, mas eu também era rápida e, bem, quanto mais você corre mais você pode tropeçar.
Os dois que estavam à minha frente, tentando atingir meu rosto, no que apenas desviei, sem sequer tirar as mãos dos bolsos apoiei o pé esquerdo atrás, enquanto pegava impulso, e pulei chutando a cara do primeiro que estava à frente, fazendo-o desequilibrar. Aproveitei as costas deste para usar como alavanca e chutar o segundo que vinha logo atrás, escutei o som de osso quebrando.
Dois estavam no chão, fora de combate. Existem alguns pontos de pressão nos corpos de lobisomens que, por mais que sejam fortes, se atingidos da forma correta podem simplesmente derrubá-los.
Escutei som de luta atrás de mim, mas continuei fazendo meu caminho na direção da líder deles, que finalmente percebeu o erro e veio correndo para cima de mim, pulando no meio do caminho enquanto começava a transformação.
Óbvio que contra lobos completos eu teria uma desvantagem, então era melhor não deixar acontecer, não é? Retirei as mãos dos bolsos, tinha duas adagas curvas neles, justamente por serem pequenas era muito fácil escondê-las. Além do mais, havia algo especial nelas.
O medo no olhar daquela que estava à minha frente me fez rir, enquanto apenas passei levemente a lâmina em seu braço, cortando muito de leve, mas o suficiente para fazer com que a transformação parasse, girei sem dar tempo dela reagir e chutei atrás de sua cabeça, fazendo-a cair de rosto no chão. Antes que ela pudesse se reerguer, chutei atrás do pescoço, um pouco mais abaixo, escutei o osso quebrando levemente e o corpo dela relaxou desmaiado.
Guardei minhas adagas e olhei para trás, a luta tinha terminado e como eu havia previsto os meus 7 aliados estavam um pouco feridos, mas conseguiram sobreviver ao primeiro round. Suspirei, eu precisava ser mais rápida da próxima vez. O placar mostrou meu nome e a marca de 10 pontos. Bom, meu grupo foi o primeiro a ganhar, o que significava mais pontos.
- A segunda luta -
Comecei a andar para perto dos meus aliados e escutei Sophia se erguendo, começando a vir para cima de mim novamente. Ui esquerda, sequer me mexi, ou me virei para ver o que estava acontecendo, mas imagino, já que não senti nada me atingindo, que os guardas a haviam parado ou seus próprios aliados. Retirei o celular do bolso e comecei a escrever as novas ordens.
[Falei para confiarem em mim. Vocês precisam se proteger. Quando eu estiver indo para cima, façam um círculo entre vocês e se deixem encurralar.]
Vi eles concordarem com a cabeça mais uma vez, não havia mais medo no olhar deles, mas sim respeito. Abri um aplicativo de jogo, irônico porque era de um caçador matando lobisomens pela cidade. Fiquei alguns minutos assim, até que finalmente senti a presença de meu próximo adversário entrando na arena. Guardei o celular e caminhei na direção deles.
Andrew Thompson estava na minha frente. Parece que ele já tinha ouvido falar sobre o que acontecera por aqui porque percebi que a estratégia dele era diferente. Andrew estava mais ao fundo, mas com dois guarda-costas, enquanto os outros 5 formavam um semicírculo.
Eles eram mais treinados e, bom, eu precisava tomar cuidado com o dom que aquele garoto poderia ter, não havia nada muito aprofundado referente a ele ou sua matilha, ao menos não encontre nada referente aos seus dons. Eu não sei quanto aos outros, mas se eles ficassem apenas parados na defensiva seria mais pratico, afinal, aí não teria que me preocupar com os 7 que estavam atrás de mim.
“Quer dizer então que você tem alguns truques.” Escutei a voz de Andrew. Bem, o que posso falar? Nada, afinal era verdade.
O sinal ecoou e fiz um aceno com a mão que significava que ninguém deveria se mover, era praticamente universal, só levantei a mão e fiquei olhando meus adversários que também não se moviam.
Usei meu pé esquerdo para arrastar um pouco de poeira e joguei para frente, percebi que ela parava em uma espécie barreira.
“Mais esperta do que aparenta.” Escutei a voz dele, então eu pude sentir o ar se movendo atrás de mim, era muito suave, muitos confundiram com um vento leve, ainda mais porque realmente tinha começado a ventar.
Mas sei que não é o vento, já havia caçado bruxas de vários tipos, com vários dons, e reconhecia aquilo. O que estava à minha frente era uma ilusão. Fechei os olhos, era quase como se eu sentisse o poder através da minha pele, posso não ter um lobo, mas ainda eu tinha genes de um.
Senti uma onda vindo em minha direção, por trás, ele queria me pegar desprevenida, era algo grande, provavelmente estava na forma de lobo, quando eu quase sentia dentes afiados cravando no meu ombro, curvei-me para trás, esquivando. Já falei que sou flexível? Muito, muito flexível. Alguns diziam que eu sequer tinha juntas.
Mais uma vantagem para mim porque, enquanto me retorcia para trás, retirei as lâminas e cortei o peito dele, jogando meu corpo para o lado evitando que aquele lobo não caísse por cima de mim.
Abri os olhos e senti o sangue escorrendo pelo rosto, limpei o que caiu sobre meus olhos e retirei o excesso que havia caído sobre meus cabelos. Virei-me e passei a voltar ao meu lugar, sequer olhei para quem estava caído ao meu lado, eu sabia que era Andrew, ele ainda podia lutar, só estava ferido.
- A Terceira Luta -
“Vocês estão bem?” Perguntei olhando para o meu time, vi que agora vários deles estavam bem feridos e respirei fundo. “Seguinte, os próximos provavelmente não terão magia, então vai ser mais simples. A nova regra é: esquivem-se, não lutem contra quem vier para cima de vocês, apenas ganhem tempo.”
Respirei fundo e sentei no chão, abri minha mochila, observando o que tinha ali.
“Talvez seja a hora”
Pensei comigo. Peguei as adagas, girando-as, pensando exatamente no que eu deveria fazer a seguir. Olhei ao redor, ainda havia lutas acontecendo, mas, sinceramente, não me importei em ficar analisando seus passos, precisava focar na minha próxima estratégia. Escrevi algumas palavras no celular e mostrei para meus aliados.
[Fiquem longe do campo principal e tentem levar os adversário para um círculo no centro da arena.]
Meus aliados acenaram com a cabeça. Olhei para cima, do outro lado da arena havia um balcão de observação, o Príncipe estava ali, olhando, será que ele estava ali desde a primeira luta? Sorri de canto para ele, que percebeu.
Levantei-me, caminhei para o centro, enquanto meus aliados ficavam atrás, desta vez formando um semicírculo, olhei meu adversário, Brook Sanders entrou. Arqueei a sobrancelha, esperava enfrentá-la só no final do torneio.
“Bom, ainda bem que escolhi certo.” Comentei baixo e caminhei para meu posto, no centro da arena, com as mãos nos bolsos, como sempre. Então o sinal tocou.
Imediatamente, os adversários se transformaram, quatro deles vieram para cima de mim, mas era justamente eu queria. Esquivei de três, mas o quarto mordeu meu ombro, sequer gemi de dor, apesar de estar sentindo, mas já estava acostumada com a dor.
Eu precisava mantê-los juntos, seria mais fácil. Usei as adagas para cortar o que eu conseguia. Percebi que meus aliados estavam fazendo o que eu pedi e, finalmente quando chegaram no raio que eu esperava, girei a adaga da mão esquerda para dentro, sabia que ia me cortar, então retirei do bolso direito uma pequena bola de couro, não deveria ter mais que uns 4 cm de diâmetro, sabia o que ia acontecer a seguir e joguei-a no chão, prendendo a respiração. Uma fumaça prateada ergueu-se e escutei os uivos dos lobos que estavam ao meu redor. Pó de prata.
Ao sair da fumaça eu estava com uma adaga comum na mão direita e atirei na direção da Brook, que estava parada com um olhar aterrador, medo emanava dela e isso era o suficiente para a adaga atingir o alvo. Sabia que WolfsBane não iria atingi-la, mas era o suficiente para eu chegar bem próximo dela e dar-lhe um soco no meio do peito, de baixo para cima, fazendo-a perder o fôlego e curvar-se, perdendo a consciência.
Tirei minha blusa, que já estava aberta, revelando o que tinha por baixo dela: mais três adagas encaixadas do lado do corpo, duas do lado esquerdo e uma do lado direito. Abaixei e peguei a adaga cravada no ombro de Brook voltei para o meu lado da arena e sentei no chão.
Prata era uma das coisas que podiam matar lobisomens, na forma como eu havia usado era ainda pior porque entrava pelo nariz e boca, grudando nas mucosas. Bem, a composição desta bomba de prata era apenas o suficiente para desabilitar, não matar, e doía muito, eu mesma estava sentindo as pontadas no peito, por mais que eu tivesse prendido a respiração, algumas partículas haviam entrado.