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Ela é meu Destino: 7 - O Templo de Hades

Destiny POV

Kaiden entrou na parte do motorista e logo ligou o carro e conforme eu me afastava voltei a sentir aquele desconforto, até que instintivamente levei a mão a barriga, sentindo uma pontada forte de dor. Aquilo era muito estranho, eu nunca senti uma dor assim, é como se algo estivesse puxando meus músculos e retorcendo eles.

“Você está bem?” Kaiden parou o carro e me olhou.

O bom é que minha irmã tinha realmente dormido, pois com certeza ela ia ficar muito preocupada. Apertei com mais força meu estômago, abrindo os lábios para respirar melhor.

“Vou te levar para o hospital!” Kaiden falou e ligou o carro novamente.

Antes que ele pudesse mudar de rota eu coloquei a mão no braço dele, fazendo que não… Do mesmo jeito que aquela dor havia desaparecido, tinha acabado de sumir.

“O que aconteceu?” Kaiden perguntou e dei de ombros.

Eu realmente não sei explicar, não é porque eu não quero… É só porque eu realmente não sei.

“Será que algo relacionado ao seu poder?” Kaiden perguntou.

Novamente dei de ombros, eu nunca tinha usado o que meu Pai me presenteou para fazer algo como o que tinha feito, talvez pudesse ser isso.

“Talvez…” A voz automática do meu celular ecoou.

“É a primeira vez que acontece?”

“Sim.”

“O que você fez com Joshua é a primeira vez também?”

“Sim.”

“Então pode ser isso… Como falei, você tem a fagulha divina, mas ainda tem muito o que aprender sobre o presente que recebeu.”

“Hum… Fica mais feliz se eu falar que você estava certo?”

Escutei Kaiden dar uma risada baixa e sorri de canto, olhando pela janela.

“Com certeza… Mas o que aconteceu? Por que você mudou de opinião?”

Respirei fundo e fiquei quieta, sem responder. Eu prefiro ficar quieta a ter que mentir… Como será que Kaiden vai reagir ao saber que o tão adorado Alpha é só um grande babaca? Então é melhor eu ficar quieta.

“Senhorita White… Posso te chamar de Destiny?” Kaiden perguntou e fiz que sim com a cabeça, ainda sem olhar para ele. “Destiny, ficou mais que claro que tem alguma coisa de incomodando… E a única coisa foi você conhecer Kendrick, Sophia e Andrew…”

Deixei que Kaiden continuasse falando, mas sem demonstrar muitas reações.

“Você tem algum problema com Alphas? Talvez por causa do seu antigo…”

Eu dei um riso baixo, aquilo era idiota… Como se eu julgasse o mundo através de ato que apenas uma pessoa cometeu.

“Bom, então significa que algum deles te incomodou… Pelo que percebi você e sua irmã conseguem ver a alma das pessoas. Você deve ter visto algo que não gostou em um dos três. Ou talvez em Rachel.”

Respirei fundo e virei o rosto para Kaiden, então escrevi no celular.

“Eu sei que é sua função como Gamma defender o seu Alpha e seus aliados, mas se quiser continuar esta conversa, com este tema, então é melhor você ficar calado. Ou será apenas um monólogo."

Kaiden olhou rapidamente para mim e então suspirou.

“Tudo bem.” Ele voltou a olhar para a estrada. “Estamos quase chegando, mas Destiny… Eu sei que é difícil confiar nas pessoas, ainda mais depois do que aconteceu com você… Mas só peço, tente. Pelo menos se não der certo, você vai poder descansar em paz, porque fez a sua parte de tentar.”

Eu quis rir daquelas palavras… Elas eram erradas e certas em tantos níveis… Eu deveria tentar, só que eu deveria tentar fazer o que? Convencer um Alpha e seu lobo que me odeiam a me aceitar? Convencer de que ele é meu Destinado e que só por isso deveríamos ficar juntos?

Eu confio nos Deuses e sei que isso é provação deles, mas isso não significa que eu não esteja magoada, que eu não esteja triste… O dia foi muito longo, mesmo com o descanso que tive no avião… Minhas energias estão drenadas…

Eu posso sentir a diferença de energia conforme vamos nos aproximando do templo, posso ver vários narcisos plantados ao redor da estrada, assim como várias outras flores. Aquele templo ficava perto do de Perséfone e sorri de canto.

É, meu pai passou por um grande teste para ficar com sua mulher, talvez fosse a forma Dele me dizer que estou tão próxima a Ele que até nisso vai ser problemático… Pelo menos não espero que metade do mundo morra…

Quando o carro parou olhei atentamente para aquela construção a minha frente, é um tipico templo grego, com o simbolo de meu Pai esculpido logo na entrada, ele não é grande, mas eu posso sentir o seu poder. Na frente tem um homem parado, usando robes negros e desci do carro, peguei minha irmã enquanto Kaiden vai conversar com o sacerdote.

Minha irmã está dormindo muito profundamente e a aperto de leve.

“Estamos em Casa.” Pensei comigo mesmo e isso parecia certo.

Eu realmente estava em Casa, porque estava no território de Hades, estava em sua Morada e senti o alívio que isso me causou, o suficiente para sentir meus olhos se enchendo de lágrimas, algo que não acontecia há dois anos praticamente.

Suspirei e então me voltei para o templo, caminhando até a entrada, fiz uma breve reverencia para o Sacerdote que sorriu para mim e para mim, sem prestar atenção a máscara que cobre meu rosto, vendo através deste capuz e máscara que uso.

“Bem vinda, Filha de Hades.”

Sua voz é tão delicada e cheia de carinho que me fez sorrir genuinamente.

“Venha, vou lhe mostrar seus aposentos.” Então ele olhou para a minha irmã e sorriu também. “Ela tem um grande caminho pela frente, posso ver isso… Mas não vamos acordá-la, senão Hipnos ficará irritado.”

Concordei com a cabeça e então o Sacerdote se virou para Kaiden.

“Agradeço por tê-la encontrado!” O Sacerdote falou.

“Bom, fico feliz que vocês consigam ajudá-la. Voltarei amanhã com mais noticias.” Kaiden se despediu e voltou para o carro.

Então segui com aquele Sacerdote, passando pelas colunas brancas, o hall de entrada era bem simples e limpo, sem moveis e apenas as colunas que seguravam o teto que tinha o desenho de um céu belíssimo iluminando um jardim.

Seguimos mais para a esquerda onde havia alguns corredores e passamos por algumas portas e viradas até finalmente ele me mostrar a porta para o meu quarto. Abri a porta e vi que era um lugar bem simples também, duas camas, uma mesa de cama entre elas, um pequeno armário, uma escrivania que ficava do lado direito perto da porta para o banheiro que também era pequeno e simples. Tudo lembra muito um quarto de igreja, onde as noviças e freiras costumavam dormir. Sorri com aquela comparação.

“Este é o quarto de vocês. Nossas acomodações são mais simples…” O Sacerdote tentou se explicar, mas eu sorri para ele, colocando a Mia na cama dela.

Então me aproximei dele, peguei sua mão e apertei de leve.

“Que bom que você gostou, o café da manhã é servido ao nascer do sol. Mas como já está muito tarde, aproveite para descansar, durma o quanto quiser.” O Sacerdote falou e fiz um aceno de cabeça.

Ele saiu e fechou a porta do quarto, abri a mala, comecei a guardar minhas roupas e as outras capas. Também peguei aqueles objetos que havia feito para o meu pequeno altar, coloquei em cima da escrivaninha na ordem certa e me ajoelhei à frente. Fechei os olhos e comecei a rezar.

“Pai, eu peço que me dê forças para enfrentar os desafios que estão à minha frente. Eu sei que não deveria duvidar de Vossa Sabedoria, mas não posso deixar de perguntar, por quê? Eu já não tenho uma missão a cumprir? Por acaso eu estou fazendo algo que Lhe desagradou? Eu sou apenas uma pessoa, o Senhor sabe que sou forte, eu tento ser forte e enfrentar as adversidades que são colocadas no caminho… Mas ainda assim, eu me pergunto… Serei tão forte a ponto de aguentar mais essa provação?”

Engoli em seco e encostei a cabeça na beirada daquela escrivaninha. Meus sentimentos estão confusos, eu realmente me sinto perdida.

“Pai, por favor… Me dê forças… Porque não sei se conseguirei fazer isso sozinha.”

Pedi uma última vez antes de finalizar aquela prece e então me levantei, tirei o capuz, desamarrei aquele corpete e troquei de roupa para o único pijama que havia trazido. Deitei na cama e voltei a sentir aquele desconforto, aquela pontada de dor e respirei fundo.

Eu preciso aguentar isso… Tem que ter um motivo para tudo isso estar acontecendo e com esse pensamento consegui adormecer.

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