Capítulo 5
P.V. Daniel Hart
Parei no meio do corredor, piscando algumas vezes.
Ela não me disse o nome dela.
Fico tentado a me virar e volta… Não, eu não vou. Por que eu iria? Nego com a cabeça e sigo em direção a sala de Edmon Willis. Sua secretária rapidamente se apressa em me guiar até a sala de Edmon e acaba se atrapalhando, suspirei irritado. Ela percebe e se atrapalha mais ainda.
– Sr. Hart, é um prazer vê-lo. – Edmon com grande sorriso no seu rosto, ele estende a sua mão, aperto, mas recusei um abraço. – Por favor, sente-se.
Edmon é diretor dessa faculdade há mais de 7 anos e realiza um bom trabalho. É elogiado por muitos, mas parece que quem deixamos algo passar. Ele tem seus 45 anos, o filho mais novo da família Willis. Seu cabelo é bem curto e preto, com alguns fios brancos se fazendo presente. Edmon deve ter uns 1,70 de altura, rechonchudo e tem bigode. Ocupo a cadeira em sua frente abrindo um dos botões do meu terno.
– Agradeço por aceitar o convite…
– Ao chegar me deparei com uma cena desagradável, senhor Willis. – Interrompi ele em direto ao assunto.
Bem, não era esse o motivo de vir a sua sala, mas…
– Uma cena desagradável?! – Quis saber. – Como assim?
Sua reação é o que eu esperava. Edmon tem uma fama de manter essa faculdade em ordem no mínimo detalhe, o que acaba causando um certo incômodo para alguns alunos pela sua rigidez. Agora quero saber porque ele não está sendo tão rígido como todos falam.
– Quando cheguei, encontrei um grupo de homens cercando uma mulher. – Edmon mudou sua expressão e suspirou. – Imagino que essa situação não acontece uma ou duas vezes, e pela expressão esse rosto você sabe de quem estou falando.
Edmon passou os dedos pela testa e suspirou novamente.
– Senhorita Barrett tem notas espetaculares, mas não é a primeira vez entre uma encrenca. – Ele me olhou e explicou. – Realmente em questão de estudo, notas e a sua educação com os professores em sala de aula é algo questionável. Agora quando é assunto seus colegas de classe… Ah, chamarei ela novamente até minha sala e…
– Mas a cena que presenciei… – diminuir o meu tom de voz e o vi engolir em seco. Inclinei a minha cabeça levemente para o lado e ergui uma sobrancelha. – A senhorita Barrett precisou se defender de três homens que estava pronto para bater nela sem motivo algum. Você acha isso certo, senhor Willis?
– Não! – Ele diz rápido. – Com toda certeza não e vou procurar saber o que aconteceu. Não apoio nenhum tipo de agressão e não será agora que apoiarei, senhor Hart.
Faço um aceno de cabeça e depois de algumas palavras seguimos para a sala onde eu efetuaria a palestra. Procuro pela Senhorita Barrett no meio desses alunos, enquanto Edmon começa a falar. Gostaria de saber seu primeiro nome, é uma mulher ousada e diz o que se pensa sem receio. Queria ter tido mais tempo para conversar com ela.
Não, não gosto de atraso e ficar ali iria me atrasar. Ela é uma aluna qualquer, não tenho porque me importar. Cheguei a tempo de ajudá-la, mas foi apenas isso. Edmon terminou seu discurso de apresentação, tiramos uma foto era bonito contra a sua pele e quando eu assumi o microfone mandei os fotógrafos irem embora. Jeff vai se estressar com isso, mas pouco me importo. Estou aqui por essas pessoas à minha frente.
E o melhor marketing é o boca a boca.
Procurei por Barrett no meio daqueles alunos à minha frente. Ela estava com seu capuz e me olhava. Seu conjunto de moletom é uma cor de marfim, mas é muito pano ali. Parece que ela quer se esconder. Nossos olhares se encontraram, eu faço um leve aceno de cabeça em sua direção. Barrett parece sem graça, ela não manteve seu olhar no meu por muito tempo e desviou o olhar se distraindo com a caneta em seus dedos.
Queria sorrir. Por que quero sorrir?
Dou início a meu discurso. Jeff com certeza encherá meu saco por não falar das minhas particularidades e falar mais das partes técnicas e números, mas terei outros dias para palestrar. Não era nada confirmado. Hum, foi bom falar para aquelas pessoas… Ou para uma pessoa em especial.
Me pegando prestando atenção em Barrett durante meu discurso. É nítido a sua concentração, ela notava tudo e parecia querer discutir sobre o que eu dizia. Eu observava a sua curiosidade mesmo de longe. Com o fim do discurso me despedi e sai antes que aquelas pessoas viessem falar comigo, não queríamos causar um tumulto. Infelizmente não tive oportunidade de ver Barrett novamente.
Entro no carro.
– Para casa. – Digo ao motorista.
Meu celular começa a tocar.
– Por que você dispensou os fotógrafos? – Jeff diz assim que atendo o celular.
Ajeito a minha pasta no banco ao lado.
– Não havia necessidade.
– Não havia necessidade? Hart, eu precioso de fotos…
– Tirei uma com o diretor.
Não tem porque ele dar esse escândalo.
– Uma foto, Daniel. – Jeff choramingou. – Você tirou uma foto.
– Pare de chorar, Jefferson. Tenho certeza que você vai fazer um bom trabalho com essa foto.
– Farei melhor ainda na próxima vez que você for deixar tirarem as fotos. – Jeff fica em silêncio por alguns segundos. – Você aceitou fazer mais palestras? Eu fechei apenas uma palestra com ele, porque sabia que seria difícil convencer você a ir. E agora recebo uma confirmação que você aceitou participar de outras palestras?
Me mexi desconfortável no banco.
– Eu não tive tempo de falar o suficiente para eles.
– Sei. – Jeff diz desconfiado.
– Agora faça seu trabalho. – Mandei e desliguei.
Joguei meu celular no banco ao lado e passei a mão pelo meu cabelo. Desabotoei alguns botões do meu terno e afrouxei a gravata, um leve sorriso no meu rosto surgiu ao lembrar da Barrett. Gosta da ousadia dela. Peguei meu celular novamente e digitei o número do meu chefe de segurança, Nick é um amigo pessoal. Não tão próximo, mas nos damos bem.
– Senhor Hart? – Diz assim que atendeu.
– Quero que você descubra o primeiro nome de uma pessoa.
– Pode dizer.
– Senhorita Barrett. Ela é aluna de uma faculdade que dei palestra hoje. – Informo. Obviamente ele sabe, estou cercado pelos seus homens o tempo todo. – Chama atenção pelas suas belas notas. Quero saber mais sobre ela.
– Ok. Assim que eu tiver informações te aviso.
Desliguei.
Uma sensação estranha toma conta de mim.
Sorrir.