7 - Não tenho nada a perder
Rebecca, ao chegar no hotel, realiza o check-in, segue para o quarto e, com uma complexidade de sentimentos, entrega-se à cama. Lágrimas escorrem pelo seu rosto, a dor da traição e a humilhação a envolvem. Seu celular toca incessantemente, mas ela o coloca no silencioso, evitando as ligações de Peter.
— Recuso-me a ser essa tola, largada na cama, chorando por alguém que não me merece. — Murmura, levantando-se e recompondo-se. — Mereço me divertir também. — Afirma, tentando encontrar forças. Refaz a maquiagem e sai do quarto, dirigindo-se ao bar do hotel.
Ao chegar no bar do hotel, ela se aproxima, observando minuciosamente o local. Ao avistar um homem sentado no bar, encarando um copo de uísque, ela para e o analisa com cuidado.
— Por que não? — Questiona-se, aproximando-se dele com uma confiança sutil. — Consigo fazer isso. — Sussurra, mantendo a calma. — Aparentemente você não tem a intenção de apreciar isso. — Afirma, parando ao lado do homem, puxando o copo de uísque e saboreando-o de um só gole.
— O que você pensa que está fazendo? — Pergunta o homem, sem encará-la.
— Aproveitando um excelente uísque, já que parecia que você não o faria. — Responde, provocativa, capturando finalmente a atenção dele, enquanto o encara. — Mas, se desejar, posso pagar uma dose para você.
— Pagar uma dose? — Indaga, mantendo a seriedade em seu olhar. — No máximo, você poderia me devolver a bebida que acabou de tomar. — Declara, encarando-a com uma expressão indecifrável. — Não tenho interesse, posso pagar pelas minhas bebidas, ao contrário de você. Se afaste de mim. — Ordena, desviando o olhar para o copo vazio com uma assertividade fria.
— Você é um tanto grosseiro. De qualquer forma, peço desculpas por beber o seu uísque. — Expressa, observando o sorriso sarcástico dele.
— Grosseiro? Para mim, ser grosseiro é se comportar como você, invasiva e sem educação. Portanto, se não deseja nenhum problema, afaste-se de mim. — Ordena novamente, visivelmente irritado. — Por favor, me sirva outra dose de uísque. — Pede ao barman, mantendo o olhar firme.
— Me desculpe. — Murmura, distanciando-se do homem. — Que homem idiota. — Sussurra, abaixando a cabeça. — Por favor, sirva-me uma dose de Cabernet Sauvignon. — Pede ao barman, enquanto escuta o celular do homem tocar. Observa-o suspirar enquanto encara o aparelho.
— O que você quer agora? — Pergunta, irritado ao atender a ligação.
— Alex, só quero saber se você está bem. Eu esperava que você aparecesse ontem na festa. Afinal, você também é parte importante da empresa. — Afirma Christian Ramsey, mantendo uma calma contrastante com a irritação evidente de Alex.
— Você está brincando, certo? — Questiona, erguendo o copo de uísque aos lábios com um toque de incredulidade. — Quantas vezes precisaremos ter essa conversa? Eu não tenho o menor interesse nessa empresa. Na verdade, a considero irrelevante. Só me causaria mais problemas. — Responde, com uma pitada de deboche na voz.
— O que você está dizendo? A empresa é excelente e está bem administrada por nós. Seu irmão está fazendo um ótimo trabalho. Não confunda os nossos problemas pessoais com as questões profissionais.
— Não estou fazendo confusão, estou sempre acompanhando todas as transações, e afirmo, não irá demorar muito até que vocês precisem de empréstimos para tirá-la do buraco em que se encontra. Não tenho interesse em compartilhar nada com essa família. Por que vocês simplesmente não podem me deixar em paz? — Indaga, levantando a mão, indicando ao barman que sirva outra dose para ele.
— Não seja um jovem arrogante. Seu desprezo por mim está levando-o a inventar situações que simplesmente não existem. Meus negócios estão prosperando. Sou seu pai, preocupado com o seu bem-estar, e desejo que estejamos mais presentes na vida um do outro. Consegue compreender? Por quantas vezes devo suplicar por perdão?
— Você bem sabe que suas palavras são vazias. Não demonstra interesse real em construir uma relação familiar. Para mim, você é apenas o meu genitor, não um pai. Sua aproximação é motivada pelo interesse, por perceber o quão lucrativo é ter-me ao seu lado. — Declara, obtendo como resposta um silêncio constrangedor. — Por favor, não me contate mais. — Finaliza, encerrando a ligação, enquanto o barman lhe serve mais uma dose.
— Idiota, arrogante. — Resmunga Rebecca, recebendo um olhar incisivo dele. — Perdeu alguma coisa aqui? — Questiona, exibindo irritação diante do comportamento dele.
Alex a ignora por completo, direcionando sua atenção para a bebida. Ao longo da noite, ambos persistem na bebida ocultando suas frustrações, ocasionalmente trocando olhares que denotam a irritação mútua.
— Posso fazer-lhe companhia? — Indaga um homem ao se posicionar ao lado de Rebecca.
— Não, obrigada. — Responde, sem paciência, uma vez que dedicou boa parte da noite recusando investidas masculinas. — Homens não resistem à tentação de se aproximar de uma mulher sozinha, como se fôssemos presas fáceis. — Resmunga, observando o homem se afastar.
Alex esboça um leve sorriso à observação dela e mergulha novamente em suas próprias lamentações silenciosas. Ao longo de várias doses de bebida e trocas de olhares, Rebecca se vê incapaz de desviar sua atenção do desconhecido ao seu lado.
— Devo estar bêbada demais. — Resmunga, admitindo a atração que começa a sentir por ele.
Envolvida pelo álcool, ela continua encarando-o, meticulosamente analisando cada detalhe: os cabelos escuros que contrastam com a pele clara, os olhos azuis, semelhantes ao oceano que decora a paisagem lá fora, e uma postura impecável que sugere um físico atraente por baixo do terno. Ao notar o olhar dela, Alex guarda o celular no bolso, ergue-se e se aproxima dela.
— Acompanhe-me. — Ordena, afastando-se antes que ela tenha chance de responder, dirigindo-se a uma mesa discreta no canto do bar. Rebecca lança um olhar na direção dele, observando-o sentar-se com elegância, seus olhos fixos nela. Ela o contempla por alguns minutos, travando uma batalha interna sobre se deve ou não se aproximar.
— Não tenho nada a perder. — Murmura para si mesma, levanta-se com determinação e caminha na direção dele.
Alex observa meticulosamente sua aproximação, detalhando cada aspecto. Seus cabelos negros, longos e lisos, emolduram um rosto de pele branca com um rubor sutil nas bochechas. Os olhos verdes expressivos destacam-se, complementando uma estatura mediana e um corpo atraente, marcado por traços delicados. O caminhar hesitante denota uma sofisticação inegável. Ao sentar-se à mesa, ela encara seu olhar em silêncio.
— Por favor, traga uma garrafa de The Macallan Sherry Oak. — Pede ao garçom, enquanto seus olhos permanecem fixos nela. — E a senhorita, o que gostaria? — Indaga, dedicando uma atenção especial à mulher.
— Uma garrafa de Cabernet Sauvignon, por favor. — Responde diretamente ao garçom, mantendo-se firme.
Um silêncio significativo paira entre eles, os olhares se entrelaçando enquanto aguardam pelas bebidas. O garçom retorna com discrição, serve-os com habilidade e se retira, deixando-os sozinhos.
— Então, por que está aqui? — Questiona Alex, rompendo o silêncio com uma curiosidade inquisitiva.
— Não preciso de um motivo específico para estar aqui. Só busco diversão e um momento para esquecer. — Responde, sua voz mantendo um tom deprimido.
— Então, seu motivo é esquecer. Se quisesse diversão, estaria com suas amigas. Dificilmente mulheres frequentam bares sozinhas.
— Ah, peço desculpas. Eu não sabia que você havia estabelecido essa regra.
— Não é uma regra, é uma observação óbvia. Nenhuma mulher deseja estar sozinha num bar, sendo alvo constante de investidas incessantes de homens que a veem como presas fáceis! — Afirma, repetindo as palavras dela com uma pitada de ironia.
— E qual é o seu motivo para estar aqui? — Rebate, desviando o foco da conversa.
— Estou entediado, apenas isso. — Responde, levando o copo aos lábios.
— Entediado? Então, desconta sua raiva em estranhos porque está chateado com o papai? — Provoca, arrancando um sorriso sarcástico dele.
— Você é notavelmente invasiva. Nunca me deparei com uma mulher tão intrometida quanto você. E o que se passa contigo, falta de autoestima? Por que está aqui comigo, tolerando minha raiva numa sexta-feira à noite? Sua vida deve ser incrivelmente monótona.
— Você é sempre tão desagradável? Ou está colocando a culpa na bebida? — Indaga, a raiva a consumindo. — Você estava no bar falando ao telefone. Da próxima vez, talvez eu deva usar tampões nos ouvidos.
— Sou sempre assim, senhorita. Especialmente quando lido com jovens idiotas como você. Aposto que você é ainda mais patética quando está sóbria e não consegue se esconder atrás do álcool, interpretando a mulher confiante, ou melhor, a garota confiante. Porque, francamente, você está longe de ser uma mulher.
— Você é um cretino, não é mesmo? Sentado aqui sozinho neste bar de hotel, agindo como se fosse bom demais para qualquer pessoa se aproximar. Sabe o que dizem sobre homens assim?
— Não faço ideia, senhorita. Por que você não me conta?
— Ter um ego inflado é apenas uma maneira de encobrir outras partes que são, digamos, menos impressionantes, se é que você me entende. — Provoca, tentando manter a calma. — De nada adianta ter um rosto bonito se o que você tem para oferecer é bem pequeno, não é mesmo? — Indaga com seriedade, arrancando uma risada dele, que parece estar se divertindo com a situação.
— Sua ousadia é notável, senhorita. Eu até poderia deixar você descobrir se os rumores são verdadeiros, se você não estivesse claramente embriagada. — Declara maliciosamente, observando-a corar.
— Você é um perfeito idiota. Boa noite, senhor. — Expressa, levantando-se com determinação e retornando ao bar. — Que homem detestável. — Resmunga, reassumindo seu lugar. Ao olhar para trás, nota que ele a encara com um sorriso debochado nos lábios.