Continua Capítulo Dois
Parte 4
_ E por acaso você acha que meu irmão iria aceitar outra coisa que não fosse um compromisso sério? - meneou a cabeça torcendo a boca de lado.
_ Ah, merda - disse exasperado _ Então vamos ter que nos casar.
_ Que bobagem - fez uma careta _ É claro que não.
Se fosse um flerte normal, ele jamais teria chance com ela. Se tivesse, com certeza não passaria disso. Juliana não iria querer mesmo se ligar a ele. Só que agora a confusão tinha duplicado de tamanho e se ele a deixasse estaria em uma situação muito ruim, ainda que ela não percebesse isso.
_ Vamos casar - afirmou.
_ Não vamos, não!
_ Não seja teimosa, Juliana - disse olhando-a sério e se aproximando _ Nós vamos sim!
_ Não! - ela balançou a cabeça de modo irônico _ Não vou me ligar à você. Não gostamos um do outro para casar.
_ Mas gostamos o suficiente para irmos para a cama. Esqueceu?
_ Isso foi ontem - fez um bico _ E foi só sexo e porque estávamos bêbados - o desafiou _ Não caso!
_ Não foi só sexo, amorzinho - ironizou _ Faz muito tempo que eu não tenho uma noite como a de ontem. Foi melhor do que muitas, há muito tempo.
Ela ficou um pouco corada e paralisou no lugar. Então ela tinha conseguido deixá-lo surpreso? Sua curiosidade pelo que disse a cutucou e quase perguntou há quanto tempo ele não fazia amor e se ela tinha sido mesmo boa de cama. Mas, segurou a língua.
_ Foi sem querer... Aconteceu e...
_ Sem querer? - ele estreitou os olhos _ Então você quer jogar a culpa do acontecido só em cima da bebida? Quer dizer que não houve algo a mais?
Ele esperou e ela não respondeu. Isso o deixou ressentido. Ele sabia que mesmo sem beber poderia acabar com ela ali na cama, não precisava desse estímulo.
_ Então, se eu a tocar agora, você não vai sentir nada?
_ Não é bem isso que eu...
_ Não vamos de novo acabar na cama e fazer amor quente, gostoso e demorado?
_ Não tem importância se a bebida foi a culpada ou não - apertou o lençol, um pouco trêmula e sem jeito.
_ Ah, não tem? - ergueu uma sobrancelha _ Então a noite passada foi sem querer mesmo? Quando me beijou e me pediu para tomar seu corpo, para tocar em você, foi tudo sem querer? É isso?
Ela ficou calada. Já não se sentia tão ousada para dar respostas ao argumento dele.
_ Quando eu estava dentro de você e gemia, me abraçava e pedia mais, era tudo efeito da bebida?
_ Pare com isso, Vitor - ficou bem vermelha.
_ Só estou querendo provar seu ponto - deu um risinho _ Se foi a bebida, então agora você não vai sentir nada se eu a tocar de novo, vai?
_ O que? - deu um passo atrás.
_ É... Prove isso para mim... E para você - a desafiou.
_ Não tem nada a ver que...
_ Está com medo, Juliana? Medo de que seja uma mentira? Ou medo de repetir e gostar mais ainda?
Ela o olhou fazendo um bico irritada.
_ Você está enganado.
Ela se irritou. Como ela permitia que ele a colocasse nessa posição? Não podia, era errado. Não queria que homem nenhum a deixasse em desvantagem.
Já bastava seus irmãos exagerados em tudo, que de certa forma atrapalhavam sua vida. Amava demais os dois, mas estava cansada de ser a irmã caçula que tinha que fazer o que queriam, seguir a cartilha deles.
Estava cansada disso. Cresceu embaixo da sombra dos dois e eles decidiam o que queriam para ela. Isso já não lhe servia mais. Queria provar a eles e mais a ela mesma, que era capaz de ter a vida que queria.
Tinha feito dinheiro, estava organizada, era só uma questão de tempo. Seu sonho era ter um sítio ou uma chácara e cuidar dela sem a proteção exagerada dos irmãos. Sabia que eles faziam isso por amor, mas precisava andar com as próprias pernas.
E ela era capaz disso. Tinha suas ideias.
Queria criar um local onde pudesse plantar, um lugar voltado para a natureza que fosse ecológico, que fosse sustentável. Adorava animais, mas não queria criar gado para abate, nem mesmo gostava de comer carne.
Tinha muitos planos e só poderia realizá-los se tivesse seu cantinho separado. Se perdesse tempo querendo ficar com Vitor ou qualquer outro, isso iria atrapalhar.
_ Então me prove.
_ Provar o que? - fez careta.
Ele a olhou por inteira e sorriu. Queria provar que não tinha sido sem querer. Isso o deixou aborrecido. Havia atração sim e era forte.
_ Venha até aqui e me beije. Vamos vamos ver o que acontece, agora que não estamos mais bêbados.
_ Não tenho que provar nada - se empertigou.
_ Tem sim. Venha aqui! - comandou.
Ela apenas negou com a cabeça.
_ Juliana, vem aqui - chamou com a mão.
Como ela não se moveu, ele foi até ela. Segurou seu rosto entre as mãos e a sentiu estremecer. Deu um sorriso pequeno. Ela o queria sim.
_ Você quer que eu a beije agora?
Ela engoliu em seco. Queria, mas não admitiria.
Se libertou de suas mãos e andou para o lado, mas ficou travada quando suas pernas bateram na cama. Ficou encurralada e não tinha para onde ir. Ele se aproximou.
_ Vou beijar você - anunciou.
_ Não!
Ele riu. A resposta dela não tinha força, não demonstrava que realmente era contra o beijo. Se fosse ele não iria insistir. Ele sentiu algo diferente, como se o ar em volta tivesse ficado mais pesado.
Como ela não podia recuar mais, ele esticou a mão e tocou seu ombro, subindo devagar para sua nuca e fazendo uma carícia com os dedos. Viu que ela prendeu a respiração.
_ Eu quero te beijar, querida.
Ela ia repetir que não queria ser beijada, mas seu protesto morreu quando ele colou a boca na dela e sentiu seu calor que irradiou por seu corpo também.
Como uma mosca atraída pela luz, ela se sentiu atraída por ele e colou o corpo ao dele, querendo o beijo. Sentiu a ponta da língua dele roçar seu lábio e isso atiçou fogo em seu corpo e seu coração palpitou forte.
Vitor a envolveu pela cintura e se esfregou de leve nela, respirando fundo, sentindo os mamilos duros embaixo do lençol fino. Segurou sua nuca com a outra mão e aumentou o beijo, sem pressa.
A língua dele invadiu sua boca e ela não escondeu o gemido baixo. Por um instante desistiu de raciocinar para sentir o gosto dele. Começou devagar, mas foi aprofundando. Ela passou os braços pelo pescoço dele e o lençol escorregou.