Prólogo
Madame Lavoisier
Oito anos atrás...
-Bom dia Madame, que bom que respondeu meu chamado.
-Fiquei surpresa! Não costumo receber muitos chamados da senhora.
Falo isso porque estou num internato de freiras.
Elas costumam dizer que meu internato, é um prostíbulo com outros nomes, mais não me importo. Me orgulho do meu Internato, graças a ele tirei várias meninas das ruas, as protegendo e dando um futuro a elas.
Fiquei surpresa com o chamada da freira Dalva. Ela me disse que tinha uma menina aqui que eu poderia ajudar. Vamos ver...
-Esta menina não tem um perfil para seguir uma vida religiosa. E eu realmente, gostaria de não jogar ela nas ruas daqui a um mês. É uma menina prendada, que merece ser feliz e realizar seu sonho de ter uma família.
-É isso que ela quer? Um marido, filhos?
-Sim, não e isso que seu internato as propõe? Um curso para que elas aprendam a ser uma boa esposa, uma boa dona de casa e uma boa esposa obediente?
Se ela soubesse...
-Mas ou menos isso Senhora. Mas não posso levar, se ela não quiser ir. Não obrigo nenhuma das minhas meninas a fazerem o curso. Preciso vê -la e conversar com ela.
Ela toca um sino e logo depois, uma outra freira entra no recinto.
-Sim senhora!
-Traga Sabrina Becker aqui...
-Becker? Não é aquele empresário que morreu com a esposa, num acidente de avião?
-Ele mesmo, a três anos atrás. A menina é filha deles... desde então tem sido mantida neste internato, até completar 18 anos e ficar por conta própria.
-Mas e os familiares dela?
-Ninguém se interessou a assumir a guarda da menina. Um tio distante que a botou aqui, e paga todas as despesas. Ao completar dezoito anos, ela receberá a parte dela na fortuna da família, e irá sair daqui.
-Então porque eu fui chamada? Geralmente órfãos, sem eira e nem beira é que costumam se interessar pelo internato, senhora.
-A menina, apesar de estar completando dezoito anos, é muito bobinha, madame... e bonita. Não tenho coragem de solta-la neste mundo. Apesar de não concordar com seu Internato, eu confio na madame, sei que as meninas são treinadas para a vida lá. Eu peço encarecidamente que a receba lá, até conseguir se virar sozinha e cuidar de sua própria vida.
Hum! Interessante!
Minha primeira integrante que não é uma pobre coitada. Quero ver se vai se adaptar.
Escuto a porta abrir e vejo a freira entrar acompanhada da menina. Alta, magra, cabelos castanhos claros lisos, rosto fino, olhos verdes. Daria uma modelo, de tão bonita que é. E tem a elegância de uma bailarina. Linda!
Ela me olha com os olhos assustados, e abaixa a cabeça.
Hummm. Uma submissa em formação.
-Sabrina, está é Madame Lavoisier. Já te falei dela, a senhora que quer te ajudar, quando sair daqui.
Ela me olha ainda com a cabeça baixa.
-Olá Sabrina, prazer...
Eu estendo minha mão para ela, e ela a aperta sem muita firmeza.
-Prazer madame!
-E aí? Vai querer estudar no meu internato? Não sei se a Senhora Dalva te explicou. Mas é um internato de meninas, aonde ensinamos a elas a serem boas esposas e mulheres, para homens poderosos. É importante dizer que tudo sempre será sua escolha, nada é decidido sem a sua permissão. Eu só encaminho vocês da melhor forma possível, para que não se percam no meio do caminho. O curso dura dois anos, e depois que terminar, você escolhe o que fazer. Se continua conosco, ou se desvencilha do internato. Mas até lá, você terá armas para escolher o melhor para ti. Eu vou te dar essas armas.
-Sim Madame. Não tenho muitas opções. Ou vou com a Senhora ou me viro sozinha. Não estou preparada para enfrentar este mundo gigantesco. Preciso de ajuda.
Sorrio para ela, afinal, não é muito diferente das outras meninas órfãos. É só mais uma menina que não foi preparada pelos seus pais para enfrentar o mundo. Só que dessa vez não é uma plebéia.
É um princesa que foi destituída de seu cargo...
Coitada!
-Entao eu vou te ajudar querida! Pode ter certeza disso. Arrume suas coisas e vamos embora.
-Sim Senhora!
Eu sorrio e ela sai da sala feliz.
Só espero que não a decepcione.