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Capítulo 1

- Você está falando sério? -

Logan Foxworth quase engasgou com aquela palavra que não existia em seu vocabulário até aquela conversa.

- Não, você deve estar louco. -

Kevin Gates lançou um olhar compreensivo para seu cliente.

- Imagino que, para o seu pai, era uma forma de tentar exercer o controle, mesmo do túmulo... -

Logan franziu a testa com irritação.

- Você quer dizer que não há saída? -

O advogado balançou a cabeça.

- Receio que não, Logan. Se você quiser tomar posse de Riversdale, terá de convencer Maribel Rudin a se tornar sua esposa e morar com você por um mês, caso contrário, tudo acabará nas mãos de seu irmão Wayne. -

Logan, irritado como sempre, deu um pulo e começou a andar pela sala com passos nervosos.

- Você não sabe o que está acontecendo com o seu irmão Wayne, que é um padre, o que ele pode fazer com um lugar como Riversdale? -

Ele revirou os olhos.

- Kevin, eu não sou do tipo casado. E mesmo que eu fosse, Maribel é praticamente a última mulher que eu consideraria para um relacionamento como esse... mesmo que seja temporário. Além disso, ela também não me suporta. -

"Se eu fosse você, pensaria seriamente no assunto", respondeu Kevin. - Essa propriedade é o sonho de qualquer incorporador imobiliário. O terreno vale uma fortuna em termos de renovação urbana. E, de qualquer forma, com certeza valerá a pena o esforço de um casamento de curto prazo, certo? -

Logan se inclinou para trás e soltou um suspiro profundo. Ele tinha suas razões para querer Riversdale, e estava disposto a fazer o que fosse preciso para obtê-la? Mas casar com Maribel...?

Ele bagunçou os cabelos negros com uma das mãos antes de fixar o olhar no documento sobre a mesa, como se fosse venenoso.

- E como devo convencê-la a se casar comigo? -

Kevin deu uma risadinha.

- Bem... Por que você não tenta usar um pouco desse charme pelo qual você é tão famoso? - Logan bufou.

- Quero dizer... isso pode ser bom para outras mulheres, mas você vai precisar de muito mais do que um pouco de charme para convencer uma mulher como Maribel. O que ela conseguiria, afinal? Tive a impressão de que ela estava tentando bajular o velho para que ele desistisse de tudo. -

- O testamento anterior de Gerald era bastante simples, mas ele me fez escrever um novo alguns dias antes de morrer. -

Os olhos de Kevin se voltaram para os documentos legais à sua frente.

- Nesse caso, ela receberá uma quantia do patrimônio dele, mas somente se ela se casar com você e morar com você por um mês, conforme combinado. -

- Quanto é essa quantia? -

O advogado citou um valor que fez suas sobrancelhas se arquearem.

- Sério? Muito? O que o velho tinha em mente? -

- Sinceramente, eu não sei. Mas seu pai insistiu que não deveria haver troca de dinheiro entre vocês. Você não pode pagar a Maribel para ser sua esposa. E você não pode nem mesmo fazer um acordo pré-nupcial. -

Logan se endireitou na cadeira.

- O quê? Mas isso é suicídio financeiro, Kevin! - ele explodiu. - É realmente uma loucura, especialmente quando você considera o que aconteceu com meu pai quando aquela prostituta da Angelique, a mãe da Maribel, o despojou de metade de sua fortuna. Vamos lá, meu amigo, com certeza você tem uma maneira de contornar essas cláusulas. -

Kevin olhou para ele com tristeza e balançou a cabeça.

- Sinto muito, Logan. Seu pai amarrou suas mãos tão bem que você teria de ser mais habilidoso do que Houdini para se libertar. Você realmente não tem escolha a não ser fazer o que ele manda. Convença Maribel Rudin a ser sua esposa, depois torça e reze para que, no final do mês, ela ainda não o odeie e deixe você só de cueca. -

Logan esfregou a mandíbula por alguns instantes.

- Você conhece as cláusulas do testamento? -

- Nós nos encontramos ontem... -

- ¿Y? - Kevin perguntou e lhe deu um olhar sério.

- Vou apenas dizer que... bem... você tem um grande problema em suas mãos, Logan. Porque ela não apenas odeia você de todo o coração, como também está noiva de outro homem agora. -

Ele o olhou intrigado... Logan sentiu como se alguém tivesse lhe dado um soco no estômago.

- Namorada? -

Querida Lynne, você está noiva? Como isso pode ter acontecido sem que ele soubesse de nada? Não que isso fosse da conta dele, é claro, e ainda assim.... Ele havia pedido a ela que se afastasse dele e ela o fez.

- Ele me disse que você não foi ao funeral? - acrescentou Kevin, interrompendo a linha de pensamento dela.

Os olhos de Logan deixaram o rosto do advogado para percorrer a fileira de certificados pendurados na parede.

- Sim, é verdade... Eu não pude voltar no tempo", respondeu ele em um tom de voz plano e sem emoção que ele esperava que escondesse o que realmente estava sentindo. - Eu estava no exterior a negócios. -

- Então, quando foi a última vez que você viu a Maribel? - Kevin perguntou novamente.

"Alguns anos atrás... Se bem me lembro, foi durante uma das festas de arrecadação de fundos do meu pai para a paróquia de Wayne", respondeu Logan. - Eu fiz um comentário sobre a roupa dele e ele jogou a bebida na minha cara. -

- Uau... Fascinante! -

- Sim, a Maribel é assim... - Logan murmurou com uma careta. - Pena que meu pai não conseguiu ver que tipo de gata selvagem ela é. A experiência com sua mãe deveria ter lhe ensinado algo.... Mas não! Eu estava convencido de que Maribel era diferente. Eu adorava aqueles olhos azuis esverdeados dela. Droga! A maneira como ela sempre foi gentil com ele me dava náuseas. -

- Quem sabe... Talvez ela tenha mudado nesse meio tempo... pelo menos um pouco? - sugeriu Kevin. - Quando eu a vi ontem, achei que ela era uma pessoa muito doce e educada. -

- Doce e educada? Mas, por favor! - exclamou Logan, bufando. - Você só passou uma hora com ela. Você só passou uma hora com ela, não um mês como eu sou obrigado a fazer. -

- Só se você conseguir convencê-la a se casar com você, e não com ela", lembrou Kevin.

- Ralph Nelson, hein? -

Logan esfregou o queixo pensativamente.

- Você conhece esse Nelson? -Kevin perguntou.

- Sim... Nós nos encontramos algumas vezes. -

- Bem, conhecido ou não, eu ainda acho que você tem muitos problemas em suas mãos", objetou Kevin.

Logan se levantou e olhou para o advogado com determinação. Em seguida, dirigiu-se à porta.

- Se necessário, estou disposto a arrastar Maribel pelo corredor, mesmo que seja preciso. Veja! -

- Querido, seu próximo cliente chegou. -

A cabeça de Kim espreitou pela porta da cabine onde os tratamentos faciais estavam sendo realizados.

"Obrigada, Kimmy", respondeu Maribel enquanto alisava a capa protetora da cama. - Só um momento e eu estarei com você. -

- Hum... - acrescentou Kim, limpando a garganta, - não é uma ela... é um ele. Um homem bastante charmoso, se você puder acrescentar. -

Maribel se virou com o cenho franzido.

- Um homem? Você não pode aceitar clientes de entrada.... Kim, você terá de pedir a eles que façam uma reserva... -

- Você já fez a reserva... -

- Mas você sabe que a Sra. Scottsdale sempre vem nesse horário para pintar as sobrancelhas. Você cancelou a consulta no último minuto? -

"Parece que sim, minha querida", respondeu Kim. - No entanto, tenho certeza de que a substituta dela não vai decepcionar você... -

- O que você veio fazer? -

Kim encolheu os ombros.

- Não sei. Não olhei o registro. Ele só disse que tinha um encontro com você às três. -

Bastante irritada com essa mudança de planos, Maribel vestiu seu elegante uniforme rosa e branco e se dirigiu à recepção do Mirror, Mirror Salon, seu pequeno salão de beleza, com um sorriso de boas-vindas no rosto.

Mas ela parou quando viu a figura alta se levantando de uma das cadeiras estofadas de couro.

- Não posso acreditar... VOCÊ! - exclamou ele.

"Prazer em ver você de novo, Maribel", Logan a cumprimentou. -Como vai o negócio de vocês? -

Ele cerrou os dentes e bateu o pé no chão.

- Sujo... feio... arrogante! Saia da minha sala de estar... Agora! -

Logan se balançou sobre os calcanhares enquanto olhava ao redor.

- Sua sala de estar, hein? -

Ele soltou um assobio por entre os dentes e voltou a olhar para os olhos cor de chocolate ardentes dela.

- É uma pena que você não possa ficar com ela, filha... -

Maribel o encarou com as pálpebras cerradas.

- O que diabos você quer dizer com isso? -

Ele lhe deu um daqueles sorrisos preguiçosos capazes de derreter as calcinhas de todas as mulheres em um raio de trinta quilômetros.

- Acabei de comprar uma propriedade neste bairro. Uma verdadeira pechincha, se você me permite dizer.... Praticamente uma pechincha. -

Ele sentiu um súbito estalo no peito, como se seu coração estivesse tentando decidir se acelerava ou parava completamente.

- E então? -

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