Capítulo Cinco
Em meus braços...
Ela está em meus braços...
Por que isso parece tão certo?
Parece que ela foi feita exatamente para estar aqui entre eles.
Suas lágrimas molham minha camisa e eu simplesmente não me importo.
Ela está tão vulnerável, tão pequena, tão minha.
Minha.
Será que eu mereço a chamar de minha?
__Me desculpe- pede sem afastando e tentando controlar as lágrimas.
Ela baixa o rosto tentando esconder a vergonha.
__O que aconteceu?- pergunto a observando ir se sentar na cama.
__Eu estou com medo- confessa me surpreendendo__Sabe, faz tempo que não sinto medo e agora parece que voltei para a minha infância ou adolescência onde sentia medo de tudo.
Me aproximo sentando de frente para ela na cama.
__Medo é algo que todos têm que sentir, pelo menos uma vez na vida. Mais são nesses momentos em que sentimos medo que devemos usar a ignorância. Fazer o máximo para o ignorar até encontrar meios de o destruir- digo e mais lágrimas descem pelo seu rosto.
__Eu já ignoro sentimentos demais Lúcifer, acho que se esconder outro irei explodir- fico sem saber o que falar e me aproximo dela.
__Você precisa desabafar com alguém Alice, não é bom guardar para só pra ti- digo e ela me encara com aqueles olhos azuis que parecem enxergar a minha alma.
__Eu fiz isso, você não vai querer saber o que tive em troca- responde amarga.
Alice sofreu, ela sofreu tanto.
A sua aura está cheia de sentimentos confusos, mais é a dor que mais se sobressai nela.
As feridas de sua alma sangram, implorando para serem curadas.
__Talvez você expôs a pessoa errada- digo e ela sorri, um sorriso seco e cheio de ironia.
__Quem você acha que seria a pessoa certa?, você?- pergunta e a vontade de dizer sim é imensa.
__Eu não te conheço ainda- digo e ela me encara em espectativa__ Deve ser alguém que te acompanha desde sempre, alguém que sente a sua dor mesmo sem saber o que causou ela- digo e sinto orgulho de mim.
Porra, eu não sabia que podia dizer coisas tão lindas.
É como se eu estivesse voltando a ser o Lúcifer de antes, a estrela do amanhã.
__Obrigado- agradece simplesmente e uma lágrima desce pelo seu rosto.
Me aproximo capturando sua lágrima antes percorra o mesmo caminho que as outras.
Meu rosto fica próximo do seu, posso notar o desejo em seu olhar.
Observo sua boca vermelha entre aberta.
__Faça Alice, não ignore o teu desejo- digo em um sussuro e posso ver a luta interna que ela está enfrentando.
Então ela o faz.
Em um movimento rápido a sua mão vai de encontro com o meu rosto.
Foi tão forte que o meu rosto virou, mesmo sentindo uma fisgada, aquilo me deixou imensamente irritado.
__Você me bateu?- pergunto sem acreditar e ela sai da cama.
Me levanto a encarando incrédulo.
__O que você queria?, que eu te beijasse, assim, derrepente- eleva a voz me fazendo a encarar confuso.
__Alice é só um beijo, não é como se fosses ficar grávida- digo irritado
__É o meu primeiro beijo seu idiota- grita irritada e fico sem ação.
Caralho!
Primeiro beijo?
Isso quer dizer que ela nunca beijou?
Nenhum outro tocou aqueles lábios, ninguém encostou neles.
__Nunca beijaste?- pergunto para ter a certeza.
Suas bochechas ficam coradas e quase sorrio vendo alguma inocência ali.
__Nunca é daí?, não é como se a minha vida dependesse disso- da de ombros tentando não parecer afetada.
Se ela nunca beijou, significa que ela ainda é...
__Caralho!, você é virgem?- elevo o tom de voz surpreso.
__Vai embora Lúcifer- ordena virando de costas.
Porra, ela é virgem.
Onde você foi me meter pai?
Ela é a perdição em forma de mulher.
Virgem.
__Eu não sei o que dizer Alice- digo me aproximando.
__Vai Lúcifer, obrigada por vir- Agradece e pelo seu tom de voz ela não está zangada.
Ela parece esgotada.
Alice é a mulher mais complicada que existe.
Alice Winchester
Ele se foi...
Eu não devia estar me sentido mal por ele ter ido, já que fui eu quem pediu.
O facto é que Lúcifer me surpreendeu.
Não só por aparecer no momento que eu precisava, mas também por ter me ouvido e ter dando alguns conselhos.
Lúcifer é um ser vivido, ele já viu e já fez muita coisa. Lúcifer é um homem experiente e isso notasse a distância.
Ele é um homem inteligente e leva a vida de um modo prático.
Lúcifer é como Kayvrel, diante de outros tenta não mostrar o seu pior lado, mais de frente aos seus inimigos eles se transformam em algo cruel, algo mil vezes pior do qualquer um de nós imagina.
Bom, nessa parte não sou diferente.
Alice por que não o beijaste logo?, eu quero dar pra ele- reclama Mia me fazendo revirar os olhos.
Eu amei o tapa, e segura esse fogo Mia, ainda nem estas no cio- Zira se pronúncia.
Não preciso de estar no cio para querer dar pra ele sua vaca.
Quem tem quatro patas não sou eu- zomba e um rosnado sai da minha boca.
Não se irrite demais, vais acabar tomando conta- digo e Mia pede desculpas__Quando é o cio?
Na próxima semana- responde me fazendo arregalar os olhos.
Irei pensar nisso depois, vamos visitar alguém- digo e elas não falam nada.
Eu estava seguindo o conselho de Lúcifer.
Ignorar o medo que cresce a cada segundo.
Penso em vestir algo, mas será mais fácil se Mia assumir até lá.
Vou de robe mesmo...
Desço as escadas com pressa.
Espero estar fazendo a escolha certa.
Deve ser alguém que te acompanha desde sempre, alguém que sente a sua dor mesmo sem saber o que causou ela.
Eu as vezes me pergunto o por que.
Será que eu estava pagando pelos erros de outras pessoas?
Será que eu estava pagando pelos meus futuros erros?
Passo do meu escritório e levo o meu celular.
Disco o número que chama três vezes antes de atenderem.
Chamada on
__Onde estão?- pergunto direta
__Estou me despedindo de Kayvrel- responde me fazendo revirar os olhos.
__Não perguntei o que estás a fazer, eu perguntei onde estão?- digo rude e posso sentir sua respiração acelerada.
__Quer saber de uma coisa Mana, Vai se foder.
Chamada off
__Menino atrevido- resmungo e um pequeno sorriso escapa.
Essa é a minha forma de saber que ele está bem.
Talvez um dia ele entenda porque sou assim.
Disco o outro número que atendem logo no primeiro toque.
Chamada on
__Traga ela amanhã- Ordeno e antes que ele diga algo desligo.
Chamada off
Deixo meu celular na bancada da cozinha e caminho até a entrada de casa.
Você assume Mia- digo e posso sentir sua felicidade.
Retiro o Robe e não demora muito até que Mia assuma a sua forma de lobisomem.
Mia é toda branca com mais de três metros e os olhos continuam os mesmos, mais é um azul intenso, posso dizer que brilha.
Mia demostra poder e dominação, fazendo com que qualquer um se curve diante dela.
Sem esperar corremos até à floresta a caminho do nosso destino.
Corremos como se a nossa vida dependesse disso e na verdade depende.
Eu preciso tirar tudo de dentro, preciso desabafar, preciso falar sobre o que aconteceu comigo.
Talvez eu me sinto mais a vontade.
Avisto a mansão que por anos foi o meu lar, e é estranho o sentimento de saudade inflamar o meu peito.
Salto directo para a varanda doeu antigo quarto e volto ao normal.
Levo um robe e coloco. Amarrando bem firme.
Desço as escadas sabendo que nenhum deles sentiu a minha presença.
Eu posso fazer isso, posso retirar o meu cheiro quando quiser, isso é algo que somente eu posso.
Ser híbrida tem as suas vantagens.
Sinto as suas presenças na cozinha e posso imaginar mamãe observando papai enquanto ele cozinha.
Papai é um ótimo cozinheiro.
E assim que paro no batente da porta a minha visão confirma a minha imaginação.
Papai está sem camisa de costas cortando algo e mamãe está sentanda em um dos bancos da bancada observando cada movimento de papai.
Meus olhos enchem de lágrimas, por que eu os afastei tanto?
Solto um soluço sem conseguir controlar e eles me se viram e seus rostos ficam surpresos ao me ver ali parada chorando.
Mamãe se levanta preocupada e caminha em minha direção.
__O que aconteceu querida?- pergunta preocupada e eu simplesmente me jogo nos seus braços.
Querendo todo o amor que ela pode me dar.