
Resumo
Que chatice. Expressei minha frustração e minha colega de quarto riu. “Ainda tá procurando emprego?”, ela perguntou. Eu nem olhei pra ela. “Sim, e é uma droga. Tenho que pagar a mensalidade. E os programas são uma porcaria.” Fechei meu laptop e me sentei na cama, olhando pra ela. Reina balançou a cabeça e fechou o laptop ao mesmo tempo em que se sentava. Ela colocou alguns castanhas de caju na boca e cantarolou. Ela é perfeita. Não é reprovada, não fica estressada, simplesmente tira o máximo proveito das coisas. Sem falar que está sempre festejando e, mesmo assim, consegue tirar boas notas. Quem me dera ser tão coordenada como ela. —O que achas que estás a fazer de errado? —perguntou ela, colocando mais alguns na boca. —Literalmente nada. Enviei muitos currículos para muitas empresas e todas dizem que estou
Capítulo 1.
Que chatice. Expressei minha frustração e minha colega de quarto riu. —Você ainda está procurando emprego? —ela perguntou. Eu nem olhei para ela.
—Sim, e é um saco. Tenho que pagar a mensalidade. E os programas são uma porcaria. —Fechei meu laptop e me sentei na cama, olhando para ela. Reina balançou a cabeça negativamente e fechou o laptop ao mesmo tempo em que se sentava.
Colocou alguns cajus na boca e cantarolou. Ela é perfeita. Não é reprovada, não fica estressada, simplesmente tira o máximo proveito das coisas. Sem falar que está sempre festejando e, mesmo assim, consegue tirar boas notas.
Quem me dera ser tão coordenada como ela.
— O que você acha que está fazendo de errado? — ela perguntou, colocando mais alguns na boca.
— Literalmente nada. Enviei muitos currículos para várias empresas e todas dizem que sou superqualificada. — Ela riu novamente e balançou a cabeça.
— Que pena ser você. —
—Me ajude, por favor. Eu imploro. Só preciso de algo que pague meu salário. Não me importa o que seja. Por favor? —implorei. Olhei para ela com aquele olhar de cachorrinho para conquistá-la. Ela trabalha na Lululemon. Tenho certeza de que Reina não precisa trabalhar, pelo que ela me contou sobre seus pais serem literalmente ricos, mas acho que ela gosta de trabalhar.
—Mmm. —Seus olhos verdes olhavam para o teto. Segui seu olhar como se a resposta estivesse lá, por magia, para me tentar.
— Acho que posso te ajudar em alguma coisa. —
Eu tinha certeza de que os deuses responderam às minhas preces. — Sério?!
— Não se anime muito. Você terá que limpar.
Meu sorriso desapareceu um pouco, mas eu ouvi. — Hum, tudo bem? — Pareci inseguro, mas ainda curioso para saber o que ele queria dizer de repente.
— Você terá que preparar refeições, limpar e lavar roupas.
— Então, basicamente, uma empregada doméstica. —
— Mmm, mais ou menos. Pense em um cuidador.
— Um cuidador? — Acena com a cabeça, com um sorriso ainda mais largo. Eu não estava gostando do rumo que aquilo estava tomando.
— Não me olhe assim, você está procurando algo para fazer, não é? —
— Sim.
— E eu tenho algo para fazer. Você receberá quatrocentos por semana, o que você acha?
Isso parecia ótimo. Apenas uma semana e quatrocentos dólares. Eu mal teria que fazer nada. Mas...
— Sinto que há uma armadilha. —
Ela negou com a cabeça. — Não há armadilha. Basta fazer o trabalho e você receberá o pagamento.
Agora eu estava cético. Cruzei os braços e me inclinei um pouco para a frente. — Quem exatamente eu vou cuidar?
— Você se lembra quando eu contei que depois que minha mãe e meu pai ficaram muito deprimidos, eles mal faziam nada em casa e passavam o dia cortando árvores? —
Meu sorriso desapareceu completamente e eu tinha medo de pedir ajuda a ela. Eu não queria cuidar de um velho que cortava lenha o dia todo. Sem ofender Reina, e sendo seu pai, um velho?
— Sim.
— Bem, é ele. Sei que meu pai me diz que não precisa de ajuda nem de ninguém por perto, mas estou preocupada com ele. Como estou sempre ocupada com a escola e não posso visitá-lo nem ajudá-lo na maior parte do tempo, quero que você seja essa ajuda diária. — Explica.
Reina sorriu para mim e eu senti como se ela estivesse gritando para eu simplesmente aceitar. Mas um idoso?! Velho?! E se ele tiver dificuldade para respirar ao andar?
—Tudo bem, eu aceito. Mas só porque você é meu amigo e eu preciso do dinheiro.
—Ah, você não está fazendo isso porque me ama? —diz ela fingindo dor. Eu sorri revirando os olhos ao vê-la rir. Eu amo essa idiota.
—Quando eu começo? —
—Amanhã. Vou levar você para casa para conhecê-lo. Meu pai pode ser um pouco severo, então só um aviso: nada de vaporizar, nada de beber, nem fazer barulho. Ele odeia tudo isso. —Ela explica sem muito entusiasmo. Embora eu não a culpe, tudo isso soa como a vida de uma pessoa solitária.
— Mais alguma coisa que eu precise saber? — Ela balançou a cabeça negativamente.
Isso é tudo. Se houver algo que você queira saber mais tarde, você terá que perguntar a ele mesmo.
Parecia bastante fácil.
— Tudo bem, mal posso esperar. —
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— Não acredito! — sussurrei e gritei. — Minha querida amiga me deixou para ficar com o namorado, então tive que vir para casa sozinha.
— Sinto muito. Vou compensar você, prometo. Mas não desligue até chegar, está bem?
Eu zombei dela, o que a fez bufar antes de ficar séria novamente. — A que distância você está da casa? —
Cinco minutos. Tive que chamar um Uber, sabe? Eu também estava começando a me sentir desconfortável, mas não disse nada a ela. A casa ficava praticamente no meio do nada, cercada por árvores e uma longa rua deserta.
Virei-me e finalmente vi a colina, com a casa no topo. Apesar da distância, era absolutamente linda. Havia uma porta preta e pude ver uma mansão. Havia duas fontes em ambos os lados do pátio e uma estátua de uma árvore no centro.
— Puta merda. —
Ah, então é você.
Continuei andando até chegar à porta. Não espere que eu limpe a casa toda. Melhor ainda, quem tem uma mansão e não tem empregada? A menos que haja empregadas e eu seja apenas uma nova.
— Sei que você disse que estava bem, mas isso é mais do que bem. —
Ela riu. — Não vejo assim. O código da porta é... — Olhei para a fechadura e era uma porta com senha. Digitei os números e as portas se abriram lentamente, com um leve rangido.
Passei para o outro lado, subitamente nervoso. Houve silêncio por um tempo, mas fiquei maravilhado, observando cada detalhe. Vi algumas borboletas e ouvi grilos matinais. Respira-se paz aqui em cima.
Finalmente cheguei à porta principal e respirei fundo. — Como se chama? —
— Vou deixar que eles se apresentem. Além disso, já avisei sobre a sua chegada, então já devem estar bem.
— Espere, não desligue. — Olhei para o telefone com raiva. Como ele ousa? Respirei fundo e toquei a campainha. Ninguém respondeu. Toquei novamente. E mais uma vez. Estava ficando impaciente.
Olhei ao redor e não vi ninguém. Toquei a campainha mais duas vezes antes que finalmente abrissem. Do outro lado estava um homem enrolado em uma toalha, com água escorrendo pelo peito.
Notei tatuagens e um rosto cinzento. O irmão dele, talvez? É atraente, isso sim. —Bom dia, mmm, sou Melanie Hugo. Vim porque a minha amiga Reina me disse que o seu pai precisava de ajuda em casa. Não sei se o Sr. Williams está aqui, mas pode dizer-lhe que é uma tal Melanie Hugo? —Parecia um pouco tonto.
O homem cruzou os braços, olhando para mim atentamente. Suas grossas sobrancelhas cinzentas franziram-se em sinal de desaprovação.
—Diga à Reina que não preciso de ajuda. Não sou velha. —
Espere, é o pai dela! Nossa! Ele é lindo! Reina, por que você não me disse que seu pai é...? Espere, Melanie, não. Este é o pai dela. Você está aqui para trabalhar, não para ficar olhando boquiaberta para o pai da sua amiga.
—Sim, mas... —Ela fechou a porta com força. Fiquei surpresa com a ação, mas fiquei com raiva. Como ele ousa? Ele não é apenas velho, mas também rabugento e miserável. Será porque você tem muito dinheiro, Sr. Idiota?
Toquei a campainha cerca de quatro vezes antes que a porta se abrisse novamente.
—Ouça, senhor, estou aqui por causa do trabalho. Eu realmente preciso deste emprego para pagar a mensalidade. Infelizmente, não tenho um pai rico como a Reina para pagar minha mensalidade a cada semestre. —Sim, eu estava furiosa. Furiosa. —Só estou aqui para cozinhar, limpar e garantir que você tome seus remédios.
Ele arqueou a sobrancelha direita. —Remédios? —Ele zombou. Cruzou os braços e sorriu. —Por que eu deveria contratá-la? Você já está desrespeitando a mim e à minha filha com esse comentário ambíguo.
Merda.
— Olha, desculpe, eu só... —
Desculpa? Agora você sente? Acho que você faz isso em todos os empregos.
Senti-me envergonhada. Muito bem, Melanie! Lá se foi o único emprego que você tinha ao seu alcance. — Não. — Pareço patética.
— Hmp... só porque você é amiga da minha filha, vou deixar você entrar. Sei que ela ficaria brava se eu não aceitasse esse joguinho que ela quer jogar comigo. —
Ela se afastou e me fez sinal para entrar. Murmurei um obrigada e entrei. Tive vontade de me dar um tapa, mas esse pensamento desapareceu assim que vi o interior. É maior do que parece por fora.
E eu devo limpar este lugar?
Tudo era enorme. A escada dupla, a sala, a sala de jantar, a cozinha, que era separada da sala de jantar. Havia sete quartos, quatro banheiros, um escritório, uma academia, uma piscina interna e outra externa. E, por último... a biblioteca.
