Capítulo 4
Eu dou a ambos um olhar de desgosto, que Nate percebe com uma careta confusa, e me viro para cumprimentar os outros.
Não somos um grupo grande, mas não tenho muito contato com ninguém, exceto com os irmãos Ponte e com a Alyssa, que é provavelmente a mais sã daqui. A maior parte do grupo é formada por jogadores de futebol e basquete que são amigos dos dois irmãos. Então, digamos que eu me encontrasse no meio disso.
Cumprimento a todos e alcanço a Alyssa, para quem reservo dois beijos nas bochechas, e depois olho para o Leo que, entendendo minhas intenções, se levanta e se posiciona com as pernas ligeiramente afastadas, esperando que eu corra e pule nele, juntando-se a ele como um coala e lhe dando beijos. Sei que ele precisa disso... estamos perto da data do dia fatídico e sei que as duas feras precisam de apoio e de não pensar naquele dia pelo maior tempo possível e também sei que tipo de tarefas ele fez. Eu o abraço com força e sussurro que o amo e ele não diz nada, apenas me abraça com mais força, fazendo-me entender que ele é completamente recíproco.
Saio de cima dele e nos sentamos em círculo na grama.
- No próximo sábado, haverá uma festa organizada pela Jenna. Todos vocês estarão lá, não é mesmo? - pergunta Hunter, um dos jogadores de basquete.
Todos respondem em coro com entusiasmo, enquanto eu, a morena e a loira congelamos no local... Sábado?
- No próximo sábado? - pergunto, engolindo o fôlego a cada palavra que digo.
Quatro olhos verde-esmeralda me olham fixamente, dizendo para eu calar a boca.
- Sim, Caterinaerine, qual é o seu problema? O sábado de setembro é um problema para você? Você não pode nem vir - responde Jenna com amargura.
Sinto a Allyssa, que entende o curso de meus pensamentos e sorri para mim com simpatia.
- Sem problemas, Jenna, com certeza estaremos lá - responde Nate, ao que Leo, Alyssa e eu nos viramos de repente com suas palavras - O quê? ! - respondemos em coro.
Leo se levanta e sussurra - foda-se - que todos nós podemos ouvir, mas ele se vira e sai. Antes que eu possa me levantar, ele se vira e ordena que eu fique onde estou porque ele precisa ficar sozinho.
Relutantemente, eu o deixei ir enquanto o observava se afastar e olhava para Nate.... - Sério, Nate? Parabéns! Você está sempre por dentro de tudo, estou te avisando, cale a boca e cuide da sua vida Caterina, eu sei o que estou fazendo. - Ele simplesmente me diz - É meu negócio também, pendejo! Não se esqueça disso!!!! - e eu lhe dou um último olhar furioso antes de não olhar de volta para ele ou dizer outra palavra.
Prevejo um dia ruim e um fim de semana ainda mais ruim....
Já se passaram minutos e segundos desde que vi Leo se afastar e desde a última vez que abri a boca... sim, já se passaram minutos e segundos em que não consigo deixar de pensar onde ele pode ter ido e ainda não consigo responder.
Às vezes, vejo a Alyssa olhando para mim com preocupação, porque ela também está pensando no que estou pensando... Leo entrou no carro, nada lúcido, e saiu dirigindo sabe-se lá para onde, sem querer ninguém ao seu lado... nem mesmo eu, a única pessoa capaz de acalmá-lo.
- Já chega! - Eu me ouço dizer enquanto me levanto completamente fora de mim - Caterina, por favor, acalme-se - Alyssa tenta me acordar, mas não consegue.
- Como você pode...? - Começo me dirigindo ao imbecil do Nate - Como você pode ficar aqui, imóvel, com a sua puta nas pernas, rindo e brincando como se nada tivesse acontecido enquanto o seu irmão foi sabe-se lá para onde em uma nuvem de raiva com o carro! Como você pode ficar aí, ainda com sua puta no colo rindo e brincando como se nada tivesse acontecido enquanto seu irmão foi sabe-se lá para onde em uma nuvem de raiva com o carro! - Eu grito com ele, ficando no meio do círculo e apontando meu dedo para ele. Ele tenta falar, mas eu o impeço - não! Não diga nada! Você é tão estúpido que não percebe que, embora sejam irmãos, vocês não são iguais! Vocês não reagem da mesma forma! Ele tem sentimentos! Sentimentos que precisam ser respeitados!!! Ele é o único irmão que você tem e você pisa nele como se ele fosse um mosquito, um mosquito que precisa ser eliminado! Que tipo de cara de puta você tem a coragem de decidir por todos?! - Mas Nate interrompe meus pensamentos ao se levantar furiosamente, vindo em minha direção e agarrando meu braço e se apoiando levemente em suas pernas para me olhar de frente - não ouse se dirigir a mim dessa forma. nunca mais. Você. me. entendeu. direito? - Ele. diz. com. raiva. Eu. puxo. meu. braço. para. longe. de. seu. aperto. - Você. não. é. ninguém. para. me. dizer. como. me. dirigir. a. você. você. é. patético,. Nate. - Essa é a última coisa que digo antes de me virar e caminhar na mesma direção que meu melhor amigo caminhou pouco antes - aonde você pensa que está indo, panquecas! - eu o ouço gritar atrás de mim - para longe de você, para longe de todos vocês, procurando a pessoa mais importante da minha vida que, aparentemente, não vale nada para você! - Eu grito de volta.
Continuo andando até que sinto dois braços grandes me agarrarem e me colocarem como um saco de batatas sobre os ombros dele - Você não presta! Você é um idiota insensível! Maldita festa, maldita Jenna e maldito Nate Ponte das minhas bolas! - grito, ainda me contorcendo, enquanto ele, imperturbável, continua comigo em seu ombro até o carro - ah, e a porra da Freemont! - termino antes de soltar um grito quando ele me joga no banco, mas não antes de me fazer bater a cabeça contra o teto do carro - maldito teto! - Continuo gritando - Você é uma caminhoneira desbocada, Caterinaerine Donovan - ele me diz, afivelando o cinto de segurança - É melhor uma caminhoneira do que uma puta como alguém que eu conheço - respondo, cruzando os braços e não olhando para ele. Ele ri, mas depois volta a ficar sério - embora ela foda bem - ele me diz levantando um canto da boca - ela me dá nojo, eu já lhe disse isso? Só para o caso de eu repetir, nunca dói - como dizem os latinos? Repita iuvante! - digo a ele antes de fechar minha porta para passar para o outro lado. Mas, surpreendentemente, ele não liga o motor, coloca as mãos no volante e descansa a cabeça sobre elas, suspirando - Por que você tem que ser tão frustrante, Caterina, por que você não pode ser dócil, calma e dócil como todo mundo? - pergunta ela, virando a cabeça em minha direção - Porque eu não sou a Jenna.... Não sou um tapete, não sou um enfeite. Sou direta, desbocada e não dou a mínima para o que as pessoas possam pensar de mim, o que conta é o que levo para casa à noite, o que conta é o que aprendi e o que fiz. outros aprendem nessas horas do dia... o resto é poeira para mim, se dissolve no ar e nenhum vestígio permanece - digo a ela abaixando meu olhar - é meu melhor amigo Nate.... - Eu continuo - Eu preciso saber que ele está bem porque eu não acho que posso sobreviver nessa toca de lobo sem ele... - Nós dois precisamos dele. - Nós dois precisamos dele - Por que você acha que eu não tenho sentimentos, hein? Só porque eu não reclamo de manhã até a noite como ele, não significa que eu seja um monstro sem coração! Foda-se Kat, você usa dois pesos e duas medidas conosco!!! Estou cansado de ser o merda o tempo todo só porque eu não falo!!! - Ele diz, batendo as mãos no volante.
Ele não diz mais nada, liga o motor, engata a marcha e dá partida - para onde estamos indo? - Eu pergunto - para levá-lo... Eu sei onde encontrá-lo - ele apenas me diz e eu não me atrevo a dizer nada, apenas olho para a estrada.
Depois de alguns minutos, chegamos à quadra de basquete e eu o vejo determinado a arremessar a bola na cesta. Começo a soltar o cinto de segurança, mas percebo que o loiro ao meu lado nem desligou o carro. Viro-me para olhá-lo e junto as sobrancelhas para formar um olhar confuso - Você não vai sair? - pergunto a ele. Ele se vira para me olhar e me dá um meio sorriso triste e então balança a cabeça - Eu não vou, porque isso só alimentaria sua raiva - Eu balanço minha cabeça e quando coloco minha mão na porta para abri-la eu o ouço falar - Eu gostaria.... Eu sempre quis que você olhasse para mim da mesma forma que olha para o Leo e como olha para o Aaron, mas para você eu sempre fui um babaca, e devo continuar assim, mas você deve saber que o Leo não é o único que sofre... há aqueles que sofrem em silêncio e tentam curar suas feridas por conta própria... Posso, posso lhe pedir um favor? - ele me pergunta, limpando a garganta na última parte da frase - é claro que pode... - mas tudo o que ouço é um sussurro sufocado pelas lágrimas que tento conter ao ver seu rosto sofrido - Eu gostaria - eu gostaria que você viesse comigo na sexta-feira... eu preciso de algo de alguém, só estou pedindo isso - eu olho para ele confusa - mas... você normalmente faz isso com - - com o Erick, eu sei... mas este ano eu gostaria que você estivesse lá, por favor - ele me implora - está tudo bem, eu estarei lá sempre que você quiser - eu respondo, ele sorri e se inclina sobre o meu assento para deixar um beijo na minha testa acariciando meu cabelo - obrigado, panqueca - ele diz antes de voltar ao seu olhar frio de sempre, tensionando a mandíbula e olhando para a estrada à sua frente.
Observo o carro de Nate se afastar e começo a me aproximar do meu melhor amigo, que ainda não me notou, e paro para olhar para ele... ele está sentindo uma dor terrível, sua cabeça provavelmente está lhe dizendo muitas coisas e eu não sei como pará-las.
De repente, vejo que ele perde a paciência, joga a bola violentamente contra a parede e cai de joelhos no chão, encolhendo-se sobre si mesmo. Chegou a hora de me aproximar dele. Também me ajoelho, cobrindo-o o melhor que posso com meu corpo, ouvindo-o soluçar - shhh, amor suficiente, estou aqui... shhh, conte comigo, ok? Como sempre fazemos quando algo dá errado, contamos juntos, somos só eu e você - eu digo a ele, indo para a sua frente e levantando o seu rosto com as minhas mãos para então encostar a minha testa na dele - shhhh - eu continuo, olhando para ele por baixo dos meus cílios, limpando as suas lágrimas com os meus polegares - eu não consigo mais fazer isso, garotinho, eu me sinto sufocada por essa situação! - Ele diz - Eu sei, querido, eu sei, mas nós vamos superar isso juntos, você entende? Eu não vou deixar você! - Eu respondo - Já se passaram dois anos... Dois anos e ninguém consegue seguir em frente como nós?! Nate impassível, minha mãe sofrendo e não dizendo nada.... - Nate sofre como você Leo, ele só não expressa isso... todos nós perdemos algo naquela noite e todos nós compartilhamos a dor, juntos - eu o paro. Ele olha para mim com as nossas testas ainda se tocando e agarra os meus quadris para me fazer ficar de frente para ele e me abraçar com força. Eu o abraço de volta e o aperto o máximo que posso - eu estaria perdido sem você, preciso de você como você precisa de oxigênio - ele diz antes de beijar a ponta do meu nariz. Ele se afasta apenas o suficiente para me ver olhando para os meus lábios com um olhar, no mínimo, claro... Eu o vejo se aproximar cada vez mais enquanto alterna seu olhar dos meus olhos para os meus lábios, umedecendo os seus com a língua...
O toque de um telefone interrompe o clima, graças a Deus... mas não é o meu, é o do Leo, que parece quase irritado e atende com o mesmo humor. - O que está acontecendo? - Eu o ouço dizer - O quê?! Você está brincando? - Então ele pergunta novamente - ok, estarei lá, sim, sim, ok, tchau - e ele começa a me olhar mortificado - querida, temos que ir para casa - ele diz antes de se levantar para limpar os joelhos e pegar minha mão. Entramos no carro e chegamos em frente à casa dele, saímos e ele me cumprimentou apressadamente, eu me afastei do carro e fui para casa.