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Capítulo 6 O conflito das emoções

Meu apartamento ficava nas áreas mais afastadas da Cidade J, e quando o carro parou em frente ao prédio, a escuridão já havia tomado conta da rua.

Luiz, ainda irritado, me puxou para fora do carro, resmungando sobre como aquele lugar era miserável, enquanto me arrastava escada acima.

Eu pensei que as coisas não poderiam ficar piores. Mas ao chegar em frente à minha porta, me deparei com duas silhuetas familiares. Gilberto foi o primeiro a me notar, sorrindo com um aceno casual.

— Oi, que coincidência.

Minha expressão congelou. Coincidência? Claro que não, ele estava me esperando ali de propósito!

Raul, ao ouvir Gilberto, se virou lentamente, exibindo seu sorriso ensaiado e impecável.

— Estávamos esperando por vocês há um bom tempo.

— Prof. Raul, como você chegou tão rápido? — perguntei, confusa.

Ele não estava na igreja há pouco tempo?

— A igreja tem um jato particular. Eu estava um pouco ansioso — ele respondeu, rindo suavemente enquanto se aproximava.

— Sai daqui! — Luiz se posicionou na minha frente, com os olhos fervendo de raiva. — Tanto a procuradoria quanto a igreja recebem o dinheiro da minha família. Quem vocês acham que são para tocar no que é meu?

— Senhor Luiz, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Sentimentos não podem ser forçados — respondeu Raul calmamente.

— Cala a boca! Faz tempo que quero te xingar. Você é um promotor que nem sabe discernir o que é certo ou errado, e ainda por cima disputa Omegas com os outros? Inútil! A procuradoria te sustenta pra isso? Era melhor criarem um cachorro! — Luiz gritou.

— Senhor Luiz, não viemos aqui para confrontar você — Raul tentou dizer.

— E quem te deu permissão pra falar, Raul? Meu avô te tirou da sarjeta e te colocou onde está hoje, mas só pra você aparecer aqui com essa cara de raposa e atrapalhar minha vida? — Luiz continuou.

A agressividade de Luiz era evidente. Eu puxei levemente a manga de sua camisa, tentando apaziguar a situação.

— Luiz, por favor, calma. Vamos nos sentar e conversar com calma. — Tentei falar com ele.

— Você não vai defender eles! — Luiz gritou, seus olhos brilhando de lágrimas, embora sua boca ainda soltasse farpas. — Se você não fosse um covarde, gostando de mim mas sem coragem de dizer, eu não precisaria passar por tudo isso para te fazer casar comigo!

Eu não fazia ideia do que ele queria dizer com "passar por tudo isso", mas antes que pudesse entender, senti um cheiro forte de rosas no ar.

O feromônio de Luiz estava descontrolado. Isso não era nada bom. Imediatamente, tampei meu nariz e boca, mas era tarde demais. Senti meu corpo começar a ceder. Raul me segurou firmemente enquanto eu desabava, e Gilberto, franzindo o cenho, também parecia desconfortável com a situação.

— Senhor Luiz, você precisa se acalmar. Ou então a Katarina vai entrar no cio de novo por sua causa — Gilberto alertou, sua voz grave revelando a tensão no ar.

Mas Luiz estava completamente absorto em seu próprio mundo.

— Eu esperei tanto tempo.Você não pode fazer isso comigo — murmurou.

Gilberto, percebendo a gravidade da situação, tirou um adesivo de supressão do bolso e o aplicou na nuca de Luiz, cortando a liberação de seus feromônios. Sendo um Alpha de alta qualidade, ele rapidamente recuperou o controle da situação.

Eu, por outro lado, não tive tanta sorte. O inibidor que tomei mais cedo já não fazia efeito, e a febre começou a subir. Meu corpo parecia estar em chamas, e minha cabeça latejava.

— Se ninguém quer desistir, então vamos resolver isso de uma vez — Gilberto disse, colocando as mãos nos bolsos e se aproximando de mim. Com delicadeza, ele ergueu meu rosto, fazendo-me encará-lo.

— Resolver como? — consegui murmurar, com as palavras saindo entre dentes trincados.

— Vamos ver quem te faz se sentir melhor. Quem fizer isso, você escolhe. — Raul sussurrou com a voz rouca em meu ouvido, plantando um beijo suave em minha orelha.

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