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Fazendo um contrato amoroso

–O QUE? – Jessica gritou espantada cuspindo o café que tinha acabado de colocar na boca – o que disse?

–Você precisa melhorar os seus modos. – falou pegando o guardanapo e limpava o rosto – você aceita sair comigo?

–Eu não vou sair com algum lunático como você.

–Lunático? E você acha que eu iria querer sair com uma alcoólatra em potencial? Eu não espero que saia comigo, quero apenas fingir que estou saindo com alguém para a minha mãe.

–Isso é ridículo.

–Talvez, mas me parece ridículo procurar um noivo por medo de falar à mãe que estava sendo traída e que não haverá mais casamento.

–Eu não aceito. – falou se levantando e indo em direção a porta – obrigada por tudo – falou abrindo a porta e indo embora.

–Ela nem me deixou terminar de falar. – falou sozinho no meio da sala.

Jessica entrou no banco para depositar um dinheiro que havia ganhado quando se deparou com o seu saldo negativo ao perguntar o gerente soube que alguém tinha sacado seu dinheiro, todo o seu dinheiro. Lembrou de Fernando e que ele havia pegado o seu cartão, ligou para ele desesperadamente e a chamada caia na caixa postal, ao chegar ao apartamento dele soube que ele tinha ido embora há poucos dias e não havia deixado nenhum endereço. Percebeu que havia sido roubada, traída e enganada. Lembrou-se que há poucas semanas havia emprestado o seu cartão para ele depositar o dinheiro do casamento e ingenuamente e sem motivos deu a senha a ele quando o mesmo havia perguntado. Ficou parada em frente ao apartamento dele sem saber o que fazer e sem saber como pagar as dívidas que tinha feito em nome de um casamento que não iria ocorrer. No dia seguinte ao chegar à empresa foi recebida por olhares indiscretos e comentários maldosos. Ao falar com uma secretaria descobriu o motivo: tinham a visto com Jared no hotel. Começou a trabalhar frustrada e com raiva. À hora do almoço chegou rapidamente Jessica apenas pediu um sanduíche por telefone, não demorou muito e escutou umas batidas na porta, acreditando ser o entregador pediu para entrar, mas ao olhar para a porta se deparou com Jared.

–O que o senhor deseja? – Jessica perguntou tentando se controlar.

–Pode me tratar por Jared afinal vamos começar a sair não é mesmo?

–Não vamos, a minha resposta continua a mesma.

–Você não esperou para escutar a minha proposta – disse sério – quero que finja ser minha namorada apenas para a minha família e em troca posso pagar pelos seus serviços.

–Isso me soa mais como prostituição – disse baixinho.

–Nisso esta enganada – falou frio a encarando – você não faz o meu tipo. – disse olhando-a de cima a baixo. – e eu posso ter a mulher que eu quiser sem precisar pagar por isso.

–Que convencido – disse séria e logo mudou para um tom irônico. - Você escutou? – perguntou pasma – Uau, não sabia que possuía algum tipo de audição canina, mas não poderia esperar menos de sua raça não é? – falou irônica.

–Você acabou de me chamar de cachorro? – perguntou incrédulo – qual o seu problema? Uma hora me bate e em outra me chama de cachorro. Não sei por que eu fiz essa proposta a você – falou saindo da sala.

–Estou sendo sincera – sorriu cinicamente – e não é nenhum pouco educado sair sem se despedir. – disse antes de continuar com o seu trabalho.

Jared saiu da sala de Jessica transtornado, nunca havia sido chamado de cachorro antes. Andou pelo corredor em direção ao elevador e percebeu alguns olhares, estranhou, mas ao chegar a sua sala soube o motivo pela sua secretaria.

–Então estão achando que estou tendo algo com ela? – perguntou a secretaria sorrindo.

–Sim senhor.

–Isso é ótimo. Pode ir e termine de digitar a petição que te pedi sobre o caso Morgan.

–Sim senhor Hunt – falou saindo da sala deixando Jared sorrindo com a situação. Tudo estava se tornando bem mais fácil do que ele havia imaginado.

Assim que abriu a porta de casa Jessica foi recebida pela mãe com cinco cartas de cobranças. Suspirou tristemente ao abrir e ver a quantia totalizada de duas mil libras esterlinas.

–Como posso pagar isso se não tenho nem quinhentas libras no banco? – falou baixo olhando para as cartas com desespero – Mãe, a senhora viu o valor?

–Vi sim querida e não posso ajudá-la – disse natural – pegue o dinheiro em sua conta bancaria depois você poderá repor.

–O da conta bancaria? Claro, farei isso mesmo – falou tentando esconder a verdade – farei isso essa semana ainda.

–Isso é ótimo, querida. Porque o prazo para o pagamento acaba semana que vem – sorriu – agora Chris disse que horas chegaria?

–Não, apenas comentou sobre um ensaio e uma festa depois. Mas não se preocupe, ela vai chegar bem em casa – falou antes de sair da sala com o coração na mão, sem saber como pagar aquelas contas.

–Ainda tenho uma chance – falou sozinha ao se lembrar da proposta de Jared.

Assim que chegou à empresa dirigiu-se a sala de Jared, mas descobriu que ele chegaria mais tarde. O tempo passava lentamente ate escutar o barulho do telefone e ao atender foi avisada que Jared tinha chegado e que esperava por ela em sua sala. Respirou fundo ao sair de sua sala, não demorou muito e logo se encontrava de frente para porta da sala dele.

–Muito bem senhorita Belinazzo – Jared falou ao vê-la entrar – o que posso fazer pela senhorita?

–A... Aquela proposta... – disse sem jeito – ainda esta de pé?

–Então mudou de idéia?

–Tecnicamente.

–De quanto você precisa? – Jared falou a encarando. – Seu olhar esta suplicando por dinheiro.

–Não é assim, estou apenas com alguns problemas. – ao vê-lo sem paciência – preciso de aproximadamente – começou a fazer uns cálculos mentais – cinco mil.

–Me de o numero da sua conta – ele disse colocando um bloco de papel com caneta em cima da mesa, logo depois que Jessica anotou, ele começou a digitar no computador e minutos depois a encarou sorrindo – Acabei de depositar em sua conta os cinco mil e mais um bônus. Agora estamos saindo oficialmente.

–Por que o bônus? – olhou para ele na defensiva- Eu não vou ter nada com você.

–E nem eu quero isso, apenas quero ter certeza que você ira se empenhar em seu papel.

–Certo. – falou sem vontade.

–Quando eu estiver indo embora eu passo em sua sala para te pegar.

–Como assim? A farsa não era apenas para a sua família?

–Minha mãe possui muitos conhecidos aqui e possivelmente iriam estranhar a minha falta de comunicação com minha namorada, não acha?

–Não, quero dizer, poderíamos apenas ser reservados.

–Eu passarei em sua sala pontualmente as 19 h, esteja pronta – falou rudemente – e agora se não falta falar mais nada eu tenho que trabalhar.

–Ok. – uma hora aparenta compreensão e em outra me põem pra fora de sua sala pensou enquanto caminhava em direção ao elevador. Porque fui fazer isso? Por desespero. – respondeu a si mesma.

Jared sorriu vitorioso ao ver Jessica saindo de sua sala. Ele não esperava que ela fosse ceder tão cedo, mas tudo estava caminhando perfeitamente bem.

As 19 h em ponto Jared se dirigia para o vigésimo andar em direção a sala de Jessica ao perceber que ela ainda encontrava-se trabalhando, ele mostrou irritação e apenas colocou um papel em frente a ela.

–O que é isso? – Jessica perguntou enquanto lia o papel – isso é um contrato?

–Exatamente. É bom deixarmos as coisas claras – pegou o papel da mão dela e começou a ler –

1- Não será permitida a divulgação de informações em relação ao contrato para terceiros.

2- Não será permitido encontros com outras pessoas e se isso acontecer o contrato será anulado e o dinheiro terá que ser devolvido para mim, Jared Hunt, na quantia de cinco mil euros.

3- Se em algum momento você, Jessica Belinazzo, desenvolver sentimentos por mim, Jared Hunt, o contrato será anulado imediatamente.

–Isso nunca vai acontecer – falou o interrompendo – pode ficar tranqüilo. - ao perceber o olhar de indignação por ela ter o interrompido - Continue.

4- Não será permitida a intervenção na vida particular um do outro.

5-Se eu, Jared Hunt, descumprir alguma clausula o contrato será anulado e o dinheiro não precisará ser devolvido.

6- Apesar de agir como se estivéssemos saindo, não estamos e nunca vamos.

7- O contrato será valido ate a determinação de Jared Hunt.

–Esse numero dois você colocou por qual motivo? – Jessica perguntou o encarando.

–Mesmo sendo um namoro falso, não quero minha mulher saindo com outros homens.

–Você tem problemas – falou baixo.

–E então Jessica assine aqui e aqui – disse mostrando os locais no contrato – assim que assinar isto, vamos estar namorando.

–Você é um lunático mesmo – falou enquanto assinava. Ao entregar o contrato olhou para ele pensando se seria possível alguém se apaixonar por uma pessoa como ele.

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