Capitulo I- Liz Albuquerque
— Filha a febre não passa por nada... — Olhei para a minha tia Cassanda apenas assenti com a mão no queixo. Mais uma vez olhei para Alice na cama dormindo. — Eu não sei mais o que fazer tia, esse remédio não faz efeito.
Lamentou me olhando, levantei após tanto tempo sentada, a noite passou diante dos meus olhos. Senti a sua mão acaricia meu ombro, lhe olhei atrás de mim tentando me tranquilizar. — Eu não sei mais o que fazer tia, estou com medo, esse doutor não me diz o que ela realmente tem, não posso continuar assim. — Concordou me olhando. — Não posso te ajudar com dinheiro Liz, você sabe que se não fosse por você eu estaria na rua. — Segurei sua mão, acariciei, apesar de morar comigo se não fosse por minha tia, eu não teria nem mesmo como ir trabalhar.
— Eu sei tia, não estou lhe cobrando, apenas é um desabafo, pior que não posso faltar ao emprego tenho apenas dois meses ainda na experiência e a senhora Ivone parece me odiar, tenta de todas as formas dificultar meu trabalho. Sei que não tenho formação na area, mas... — Continou me olhando, apenas é uma maneira de expor meu desespero, não tenho ao que recorrer.
— Mamãe... mamãe... — A voz meio sonolenta me fez olhar para a cama, observei a minha pequena na cama, me olhando, seus olhinhos negros tão quebrados. — Alice? Alice meu amor como você está? Se sente melhor? — Balançou a cabeça que sim, sorri sentando na cama cheirei sua testa ainda quente, arrumei seus cabelos atrás da orelha.
— Não vai trabalhar hoje, mamãe? — Balancei a cabeça que sim, lamentei com os lábios. — A mamãe tem que ir filha, lembra que a mamãe prometeu que quando assinar a minha carteira irei te levar naquele parque? — Sorriu fraco dizendo que sim. — Pois é, pra que assinem a carteira da mamãe, ela não pode faltar minha vida.
Olhei para minha tia de pé, suspirei sentada, ainda tenho que me arrumar ir para o ponto de ônibus. Beijei a testa de Alice, sai do quarto desejando ficar agarrada a minha filha, mas preciso tanto deste emprego. Após estar vestida para ir a empresa, entrei mais uma vez no quarto, rapidamente beijei a testa das duas deixando a marca de batom vinho em ambas as testas. — Prometo trazer um doce quando voltar, querida.
Prometi da porta antes que meu lado super materno optasse por ficar. Sai de casa tentando conter as lágrimas para não perder a maquiagem, ser recepcionista na Luxos, é algo bom pelo menos com o sala´rios que promete após o período de experiência, poderei equilibrar um pouco as contas.
Cheguei ao ponto de ônibus com um pouco de dificuldade, já pensei um milhão de vezes na possibilidade de andar de sandália até o ônibus e troca para salto somente dentro dele, mas sempre esta tão lotado. Entrei mais uma vez no ônibus, fechei os olhos me segurando na barra para ir para frente e para trás, este é um dos horários mais lotados, diria o pior para ir.
Cheguei a Luxos faltando dez minutos para o horário, agradeci mentalmente por isso, passei pela porta de vidro que abre apenas ao estar diante dela. — Que Deus me livre e guarde de todo o mal. — Vi Amanda me olhar de cima a baixo. — Deveria pedir para que te dê um carro também, sua roupa esta toda amassada amiga.
Franzi o rosto olhando a mim mesma, passei a mão tentando dessamassar. — Se fosse somente a roupa resolveria, como esta sua filha? — Neguei ainda pecorrendo a mão pelo corpo, tentando desfazer os amassos na blusa. — Nada bem, a noite inteira a frebe indo e voltando, não soube se quer o que era deitar na cama, e você saiu com o Rodolfo?
Abriu um largo sorriso, dei com uma mão. — Não precisa nem responder, pelo visto teve baladinha, motel e muito romance. — Mordeu o lábio inferior fazendo que sim, com as duas mãos dando legal. — Nossa que animação! — Apenas sorriu vindo em minha direção. — Vem deixa que eu te ajudo com esta blusa. — Suspirei relutando comigo mesma, tentando melhorar a minha aparência.
— Bom dia! — Escutei a voz forte e grave de um homem, ainda de cabeça baixa tentando tirar as lãs da minha sala. — Bom dia senhor Tyler, como esta? — Senti o movimnto na minha blusa parar, a minha amiga babando pelo presidente. — Bom dia senhor.... — Parei ao perceber que nos olhava com um olhar reprovativo.
— Esta tudo bem senhoritas? — Olhei para Amanda de pé atrás de mim, afirmando, voltei a olha-lo. — Sim senhor Tyler, deseja algo? — Ela lhe perguntou, até que seus olhos verdes pararam na minha saia, também olhei para a mesma. — Meu Deus! — Virei rapidamente ao notar que a fenda aberta estava revelando as minhas pernas. — Desculpe senhor tivemos...
Não me deixou explicar seguindo para o elevador. — Liz sua safadinha, deixou o senhor Tyler paralisado. — Neguei, continuei fazendo o mesmo, mal descansei a noite anterior, como teria cabeça para pensar em seduzir alguém. — Amanda acha mesmo que eu lá tenho cabeça para pensar em homem depois de tudo que eu acabei de te dizer? — Negou rindo.
— Eu sei que não, estava apenas tentando te descontrair, desfaz esta cara Lizandra, parece que não dormiu por dez noites seguidas, bebe um café que o inferno apenas acabou de abrir as portas, você já viu que o presidente não esta com um ótimo humor hoje, isso significa que daqui a pou... daqui a pouco não agora, aí meu Deus, que não venha para mim.
Suspirei tentando pedi que a nossa superior simplesmente passasse direto. — Senhora Ivone tudo bem? — Seus olhos foram de um lado a outro na recepção, olhando de mim para Amanda indo e vindo, atrás do óculos vinho bordõ, sorri sem graça após o cumprimento de Amanda. — Bom dia! — Veio seco e sem sorriso algum de volta. — Bom dia senhora. — Respondi tentando me tranquilizar. — Você conhece as normas da empresa não conhece novata? — Assenti de pé atrás do balcão.
— Perdeu a noite na balada, sua cara esta horrível! — Neguei de pé, senti a mão de Amanda na minha. — Não senhora. — Tentei me explicar para aquela que não houve explicações. — Melhor ficar quieta Liz, nem ele, tampouco ela hoje estão de bom humor. —Engoli a saliva em minha garganta, este já é o sexto emprego apenas este ano, e ainda estamos em agosto.
— Espero que melhore a sua aparêcia até o fim do dia, nosso convidados e visitantes não são obrigados a ver algo tão... tão desengoçado na recepção da empresa. — Afirmei sendo grata, pelo menos não veio uma demissão. Saiu a passos longos olhando em volta, até passar a mão na bancada, olhou para a palma da mão, observei seus aneis dourados nos dedos, saiu com uma expressão desagradável no rosto.
— Aí que alívio por um momento eu pensei que iria me demitir. — Sentei na cadeira vendo Amanda levantar. — Você diz isso, por que ainda não sabe o que nos esperar durante o dia, café, bastante café. — Lhe olhei indo a cafeteira enchendo dois copos. — Deveria ser agua, preciso de água para me hidratar, café nos deixa estressada, por que esta tão pessimista hoje?
Perguntei ainda lhe vendo saquear a cafeteira. — Ainda pergunta? Não ler os sites de fofoca Liz? Sua vida, seu mundo gira em torno apenas de Alice e o país das maravilhas, nosso chefe esse bonitão, esse delicio que acabou de passar aqui com uma cara de quem foi ao oscar ontem... — Gargalhei pegando o copo descartavel da sua mão. — Obrigado.
— Pera ainda não terminei, esta sendo alvo de uma fofoca daquelas..... — Me curvei sobre a bancada para que não falasse alto. — .... foi visto saindo de uma cobertura horas antes que a senhorita Olga Swton, as duas famílias já não se dão bem, esse encontro acontecer dias antes do casamento dela fica muito pior pra a imagem da empresa, será que houve uma recaída?
Dei de ombros bebendo o café. — Talvez tenha indo ao mesmo lugar ver pessoas diferentes, não sei? — Tentei explicar ao pensar nessa possibilidade, mas Amanda bateu no balcão revirando os olhos, você não tem noção do que é uma cobertura tem Liz? — Neguei voltando a beber o café. — O lugar em cima de um prédio, o último apartamento do lugar. —Afirmou me olhando. — é isso, poderia até ser se esta cobertura não pertencesse ao Luccas, eu li na matéria que ela foi o primeiro amor dele, acredita?
Ri a sua frente, mas arqueei as sobrancelhas ao ver que uma mulher loira, alta, com um vestido rosa elegante, segurando uma bolsa de marca, óculos marrons no rosto passou pela porta. — Vem, vem visitante. — Avisei para que a minha amiga mudasse de lado e parasse de fofocar, ao sentar-se a meu lado, a olhou disfarçadamente. — Meu Deus quem será esta?