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Capítulo 4

Franzi a testa, não esperando tal pergunta e pensei a respeito, fazendo um relato mental da última vez que o tinha visto por acaso - acho que o vi há três dias, no treinamento - sim, acho que sim.

Como Luke era o único do nosso grupo que não ficava em nossa sala ou em salas próximas, raramente nos víamos desde que começamos a universidade. Apenas nas poucas vezes em que as sessões de treinamento coincidiam e eu me arrependia parcialmente, os três eram os amigos com quem eu mais me importava. - Por quê? - perguntei, inclinando ligeiramente a cabeça e ele me olhou nos olhos, parecia pensativo.

- Eu não sei, eu o conheço há alguns dias e ele é um homem de poucas palavras, toda essa reserva repentina não é como ele, nós o conhecemos há anos. - ele apontou enquanto comia outra uva e eu fiquei ali, avaliando suas palavras. Se Luke estava realmente se comportando daquela maneira, alguma coisa deve ter acontecido.

Ao lado de Austin, ele sempre foi aquele que sempre tinha uma piada pronta, aquele que ficava bêbado como uma esponja nas festas e fazia um espetáculo de si mesmo, obrigando-nos a carregá-lo fisicamente para casa e colocá-lo na cama como uma criança. Certamente não era como Luke, um comportamento como ele havia me descrito.

- Você está dizendo que há algo errado com ele? - murmurei, tentando imaginar qual seria o motivo de sua hipotética mudança, e a voz de Mason ecoou na sala novamente - É claro que sim, caso contrário, não consigo explicar tal atitude.

Pensei que talvez Rosmery pudesse saber algo, sendo a melhor amiga de sua namorada, porque se Delilah sabia de algo, ela já deve ter conversado com minha namorada.

- Eu me aproximo de Rosmery, tento entender se Delilah contou a ela algo sobre esse comportamento estranho - finalmente comecei, procurando meus sapatos embaixo da cama, imaginando quem era entre as duas que me fez acabar pontualmente embaixo dali.

- Boa ideia, então obviamente venha me contar - ele recomendou antes de sair e eu assenti enquanto me aproximava da porta.

- Tente não se distrair com Rosmery, hein - ele piscou para mim pouco antes que eu pudesse desaparecer atrás da porta e eu meio que ri, balançando a cabeça em divertimento.

- Mais tarde

Depois de fechar a porta, caminhei rapidamente em direção ao dormitório feminino, que não ficava longe do nosso, na esperança de encontrá-la no quarto. Pensei que talvez fosse mais seguro mandar uma mensagem de texto para ela primeiro, para evitar fazer uma viagem vazia, mas assim que coloquei a mão no bolso da calça, percebi que não tinha trazido meu celular comigo. - Droga - praguejei, eu deveria tê-lo deixado na maldita mesa de cabeceira, então parei para olhar por cima do ombro. A essa altura, eu já havia descido dois lances de escada e chegado ao andar térreo, mas não tinha vontade de voltar.

Então, depois de jurar para mim mesmo que seria a última vez, optei por me comunicar com Rosmery sem aquele maldito celular, melhor ter uma viagem perdida do que dobrar a distância. Saí para o jardim e caminhei os dois quilômetros que separavam os dois prédios e, assim que cruzei a entrada, fui até o apartamento dela.

- Que haja alguém lá - rezei antes de bater, esperando que a porta se abrisse, para que eu não ficasse aqui parado como um peixe cozido, e felizmente ela se abriu logo em seguida. Só que, na minha frente, não encontrei nem o cabelo castanho da minha bonequinha nem o cabelo louro-acinzentado de sua amiga Delilah, mas os olhos azuis de sua colega de quarto cercados por aquele cabelo preto contrastante como uma boca de lobo. Fiquei atordoado por um momento quando olhei para ela e vi que estava usando apenas uma camiseta regata minúscula, decotada e leve e um short muito curto.

- Oh, olá... Você é a Kell, não é? - perguntou ela, sorrindo calorosamente para mim, enquanto continuava a arrumar com a mão o seu já perfeito cabelo na altura dos ombros. Acenei com a cabeça.

Fiquei parcialmente surpreso por ela ainda se lembrar do meu nome, já fazia mais de um mês desde a última vez que a encontrei no quarto, uma noite, quando vim ficar com Rosmery e, para ser honesto, eu nem me lembrava se ela se lembrava dele. Eu havia dito seu nome uma vez. No entanto, seu rosto era tão familiar, como se eu já o tivesse visto inúmeras vezes antes, mas não conseguia entender onde.

- Você veio à procura de Rosmery? - ele perguntou logo em seguida e sua voz aguda me tirou dos meus pensamentos, trazendo-me imediatamente de volta à realidade, onde seus olhos estavam grudados em mim.

- Sim, mas se ela não estiver aqui, voltarei em outra ocasião, só que não a avisei... Esqueci meu celular no quarto e não pude avisá-la antes - expliquei recuando. Eu estava pronto para sair sem hesitar, pois não parecia apropriado ficar com ela tão pouco vestida; mas eu a vi balançar a cabeça com convicção.

- Mas não, entre, ela estará aqui em menos de cinco minutos, não se preocupe, você veio até aqui, seria um desperdício voltar - ela agarrou meu braço, arrastando-me para dentro e eu entrei, apoiando-me na escrivaninha.

- Enfim, eu sou Julia, prazer em conhecê-lo - ele estendeu a mão, dando-me um sorriso deslumbrante com dentes muito brancos e eu a apertei hesitante - Eu sou Kell, como você sabe - .

- Você não se lembra de mim, Kell? - ela perguntou inclinando a cabeça levemente enquanto mordia o lábio inferior entre os dentes e eu franzi a testa. Então ela já tinha me visto antes também?

- Hum, não... - Balancei a cabeça, coloquei as mãos nos bolsos da calça e me aproximei.

- Nós nos encontramos algumas vezes na casa dos meus pais, eu sou bartender no Liberty - .

Foi lá que eu o vi!

Ela trabalhava no lugar onde eu passava praticamente todas as noites com meus amigos, só não percebi que a bartender sexy com o cabelo sempre em um rabo de cavalo alto era ela.

- E, na verdade, você me pareceu familiar", eu disse, passando a mão no cabelo, e ela assentiu, ainda sorrindo para mim.

- Você não acha estranho, moramos na mesma cidade e nos encontramos aqui mesmo em Stanford - de repente, notei que o tom de voz dela mudou, tornou-se profundo, provocante e só então um pequeno detalhe me veio à mente...

- Você quer que eu pegue outro para você? - perguntou a garçonete com olhos gelados cercados por cílios longos e bastante escuros, lábios inchados pintados com batom vermelho fogo, nariz arrebitado e cabelos pretos lisos e muito longos, amarrados em um rabo de cavalo alto que balançava atrás das costas a cada movimento. Foi só quando olhei para o meu copo que percebi que ele estava vazio novamente e levantei o rosto em sua direção, ela se apoiou no balcão, inclinando-se levemente em minha direção, olhou nos meus olhos com tanta intensidade que quase me senti preso à minha alma - Se você quiser terminar logo, é a sua vez, podemos tomar um juntos - ela me informou, mordendo o lábio de forma provocante e só então notei o decote protuberante que ela estava exibindo para mim naquela posição.

Deslizei o copo vazio pelo balcão em direção a ela, sem tirar os olhos daqueles lábios entreabertos e provocantes, levantei-me da banqueta e facilmente cheguei a alguns centímetros de seu rosto satisfeito e então levantei meus olhos para os dela com um meio sorriso - obrigado pela oferta, mas tenho uma garota me esperando em casa e vou voltar para ela. Deixei o dinheiro para a conta no balcão e, sem esperar pelas poucas moedas, dei as costas para ela, deixando-a atônita e talvez até nervosa com meu comportamento.

Ah, droga.

- O que você está pensando? - perguntou ela, ainda olhando para mim com aqueles mesmos olhos que haviam literalmente ficado na minha mente, ainda enrolando uma mecha de cabelo com o dedo.

- Nada, você não disse que a Rosmery voltaria em alguns minutos? - perguntei, congelando no local ao perceber como ela estava próxima naquele momento. Meu Deus, como eu tinha conseguido me colocar em uma situação como essa sozinho? Encontrar-me sozinho no quarto da minha namorada, sem minha namorada, mas com sua bela colega de quarto, que também está seminua e parece me despir com o olhar. Eu só queria investigar a mudança de Luke, não havia malícia em minhas intenções e agora me vi diante de uma espécie de modelo de revista de beleza, porque ela era. Quase tão alta quanto eu, com todas aquelas curvas nos lugares certos.

- Sabe Kell, você nunca passou despercebida por mim, nem mesmo quando veio beber na minha boate.... - Ele confessou em um sussurro, colocando o dedo indicador no meu braço exposto, deslizando-o lentamente pela minha pele até chegar à minha mão.

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