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Capítulo 5 — Minha salvação

Ísis

— Eu não consigo mais manter relação com Caio. Não consigo transar com ele, sempre que estamos quase lá eu desisto. Não consigo pensar em alguém que não seja Sete. — Suspirei forte, tentando encontrar um jeito de montar esse quebra-cabeça.

— Caio é um insuportável do caramba, acho que você já deveria ter terminado faz tempo. Ontem vi que ele olha pra você com um jeito especial, parecia tá enfeitiçado. — O comentário dela me fez rir, seria que eu estava mesmo enfeitiçando ele?

— Nós dois conversamos, ele disse que vem aqui hoje, quero fazer isso pessoalmente. — Me afastei dos seus braços, olhando que sua maquiagem estava borrada. Limpei com o dedo o borrado abaixo dos seus olhos, olhei pra ela que estava com o olhar completamente perdida. — Vamos sair, aproveitar a noite. A gente mal comeu hoje, precisamos nos alimentar. Liga para o meu irmão e avisa a ele que faça a transferência agora, dê o número da sua conta, por favor.

Antes que ela dissesse que não aceitaria, meu celular tocou e eu atendi rápido, ao ver que se tratava de Caio. Ele estava lá embaixo, abrir a porta e Freya foi tomar outro banho enquanto a gente conversava. Ele foi para o banheiro de fora e entrou, trocando alguns olhares de ódio com ela.

— Achei que iria vir mais tarde. — Me arrependi quando percebi que ele estava completamente fora de si, bêbado e muito drogado.

— Qual é a sua, em vadia? Tá achando que vai ficar me enganando até quando? Me disseram que namora um marginal. Tá dando a buceta pra bandido agora?

— Olha, eu não faço ideia do que você esteja falando. Eu nunca… — A mão que veio em minha direção me fez pensar rápido e me abaixar, mas não foi o suficiente pra ele parar por ali.

Estava nítido que ele estava com ódio em seu ser e, sem dúvidas, eu iria ser a vítima se não agisse rápido.

Freya

Ouvi o grito de Ísis assim que ela fechou a porta, a voz alterada do idiota soava alto de lá de dentro. Todos da pensão tinham ido a um evento promovido pela dona do estabelecimento — Meu Deus, me dê uma luz! — supliquei em voz baixa, após tentar abrir a porta e perceber que estava trancada por dentro. Tinha em mãos o número do seu irmão, isso vai dar merda, mas é a única opção de salvar ela.

“Se for cobrança tá ligando errado.”

“O namorado da sua irmã tá aqui e se você não vir logo ele vai matar ela.” — Fui direta, enquanto permanecia do lado de fora.

“Que merda.” — Essas formas suas últimas antes da ligação cair.

Desesperadamente, eu bati na porta, gritando por Ísis, até que lembrei que a fechadura era também aberta por algum metal fino. Retirei o grampo que prende os fios do meu cabelo atrás, encaixei com calma na fechadura e plim… abriu.

A cena era de puro caos, mas o que me moveu naquele momento foi o ódio. Vi Ísis jogada no chão, com o rosto ensanguentado enquanto mantinha o braço em seu rosto. Sem pensar em mais nada além de salvar sua vida, peguei o jarro de flor, cheio de terra e arremessei na cabeça do idiota, tendo um folpe certeiro que o fez cair no chão. Não lembro em que momento me tornei tão rápida, mas já estava com uma faca na mão, parada na frente dele enquanto o desgraçado abria os olhos.

— Você escolhe como vai querer morrer, com uma facada no pescoço ou no coração? — Perguntei friamente, vendo seu olhar de medo enquanto me viu rir sem controle.

— Vem, Freya. Não vai valer a pena você ir presa por causa dessa merda aí. Vamos… — Mas para onde Ísis iria, já que nós morávamos aqui?

— Eu não vou sair daqui até ouvir um grito de desespero desse verme. Além disso, ele quem tem que ir embora. — Cravei o metal em sua coxa e seu grito me fez feliz, me senti bem por ele está sentindo dor.

Ísis me olhava horrorizada com a cena, com a mão na boca sem acreditar no que seus olhos viam.

— Tá vendo como é fácil se aproveitar de uma mulher quando ela está indefesa? Podemos não ter a mesma força, mas eu garanto que se a gente souber se proteger, gente como você não passa muito tempo vivo. Não olha com essa cara, eu não tenho pena de você. — Apoiei bem o pé em sua cabeça e pisei com força, estava quase me deixando levar pelo calor do momento, mas Ísis tinha razão.

Mas, como nem tudo são flores, ele me puxou pelo pé, me derrubou no chão e conseguiu acertar meu rosto com um soco. Senti o do sangue na boca e levantei rápido, pisando em sua cabeça depois de ter ferido sua mão com outro golpe, não era o meu fim, estava mais provável ser o dele.

Jamerson

Sete que ouviu a conversa, subiu na garupa da moto e, como duas balas indo em direção ao alvo, assim era não dois na pista escorregadia. Caio já passou da hora de viver a sete palmos, mas somente por Ísis pedir que deixasse o canalha em paz, eu a obedecia.

Sete nem mesmo falava, seus pensamentos não eram diferentes dos meus. Não quero imaginar o tamanho da merda que isso vai ser.

O silêncio me fez ter medo ao entrar ali, esperava que alguém tivesse pelo menos falando ou que tivesse alguém por ali, mas a pensão estava vazia, como cemitério em dia de chuva.

— Que porra foi essa? — Perguntei olhando a desgraça que ali estava, enquanto Sete entrou furioso e procurando pelo canalha.

Freya estava ensanguentada, com o pé na cabeça do desgraçado e uma faca em punhos.

— Faz uns dez minutos que ela tá segurando ele, faz alguma coisa. — Ísis segurava meu corpo, mas ela se recusava a sair daquela posição.

Segurei seu corpo e tirei ela de cima dele, vendo Sete querendo colocar seu ódio pra fora, soltei ela pra tentar intervir aquilo.

— Senta aí. — Soltei ela na cama, percebendo que ela estava em estado de transe. — Ei mina, reagi aí porra. — Pedi, deixando ela ali e voltando a atenção ao verdadeiro problema.

Ísis contou com detalhes o que havia acontecido. Não imaginei que a ruivinha gostosa fosse inteligente a esse ponto. Não esperava que ela estivesse disposta a dar a vida para salvar minha irmã, mas confesso que isso me deixou surpreso.

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