Capítulo 2 — Desejos reais
Freya
Quando o tal do Sete saiu da toca, Ísis o abraçou quase sufocando o cara, enquanto eu permaneci com a minha cara de paisagem e arrependida por ter aceito esta loucura.
— Esse aqui é o Sete. Sete, essa é Freya, minha colega de quarto. — O sorriso nos lábios de Ísis não era apenas felicidade em ver um “amigo”, parecia bem mais que apenas isso.
— Ísis fala bem de você, sendo amiga dela é minha parceira também. Ninguém vai mexer com você por aqui! — Assenti as suas palavras e vi o irmão de Ísis, Jamerson, revirando os olhos.
O vestido estava me apertando, o salto machucando meus pés. Queria correr dali pra casa, queria tomar um banho e assistir filme, com minhas roupas surradas e confortáveis. Meus cabelos soltos estavam me dando agonia, como não estavam lisos, estavam ao natural, crespos e volumosos.
Era ladeiras que não acabava mais, até a gente chegar entrar em um beco que não passava mais de uma pessoa por vez. Ísis entrou primeiro, Sete depois dela e era minha vez… coloquei um pé e depois o outro no degrau, quando iria subir o segundo, o salto fino entrou em um buraco pequeno e quebrou ali mesmo, antes que eu caísse, Jamerson me segurou, mas logo me soltou ali e entrou na minha frente.
— Entra logo, o bagulho é sigiloso. — Sem escolhas eu tirei os saltos e entrei, me sentindo completamente perdida no meio daquela gente toda.
(...)
Posso afirmar que estou bêbada pra caralho, mas ainda posso me sentir sendo observada. Ísis dançava, rebolava e descia até o chão, tudo isso de acordo com o ritmo das batidas de funk.
— Deixa de ser careta e vem logo. — Ela me puxou pela mão e eu fui…
— Eu não sei dançar! — Gritei no meio daquele barulho todo, olhei para o lado e percebi que o seu irmão não parava de nos olhar, preferi acreditar que ele estava protegendo sua irmã.
Confesso que Jameson ou o “Boca” não é de se jogar fora, um bendito negão, de lábios carnudos e cara de mau, deve ser uma tentação na cama. Não que eu queira dar pra ele, mas não descarto essa opção.
Tentei entrar na onda, até que fui envolvida pelas batidas do proibidão que tocava alto. Rebolando, eu descia e subia, olhando para Jamerson vez ou outra, quase sempre encontrando seu olhar ao meu.
— E aí, a novinha tá afim de ganhar um extra hoje? — Uma alma sebosa encostou em mim, tentando encostar o membro nojento em meu corpo, mesmo que por cima da roupa, não deixava de ser repugnante.
— Sai de cima. — O bonitão chegou e o cara logo desencantou, a contragosto, mas desencantou. — Se a galera te pegar assediando qualquer mina, seja ela a mais puta aqui, você vai ter o que tá pedindo, tá ligado?
Ele ainda pensa que eu sou uma vadia? Será que eu pareço com uma?
— Valeu por ter colocado o idiota pra vazar, mas será que pode me dizer aonde eu posso me ver e fazer xixi? — Ísis já não estava mais perto de mim, como era de se esperar, estava ao lado do seu boy com a maior cara de quem queria escapar da visão do seu irmão.
Como sempre muito gentil, ele não disse onde ficava, apenas me puxou pelo braço e me conduziu até o andar de cima, onde tinha alguns quartos até arrumados, um banheiro limpinho e somente nós dois ali. Essa era a hora, se alguma coisa der errado, eu posso apenas colocar a culpa na bebida e tudo bem!
— Pode ficar à vontade, só não faz hora aí dentro.
— Valeu! — O alívio veio quando a bexiga se esvaziou. Antes de sair, me olhei no espelho e vi o quão armado meu cabelo estava, então o prendi em um coque alto e solto, mas ainda sim ele continuou cheio e meio armado.
Quando sair ele estava no mesmo lugar, era agora, era pergunta idiota, mas eu tinha que fazer assim mesmo.
— Eu tenho cara de vadia? Porque assim… eu não sou e…
— Não, você não tem cara de vadia. — Sua resposta não condizem com seus pensamentos. — Seu cabelo ‘tava melhor solto.
— Ah é? Mas tá calor demais aqui dentro. Ei, pra ir embora tem que esperar a festa acabar ou o quê?
— Por que quer saber? — Meu corpo foi encostado contra a parede, ele segurou meus braços na altura do rosto e me encarou por alguns segundos, me fazendo ter medo de suas ações. — A patricinha não tá curtindo? Qual é? Foi algum olheiro que mandou tu ficar na cola da minha irmã pra ter acesso à mim?
— Cla-claro que não. — Pressionada eu gaguejei, por mais perigoso que ele possa ser, não me desperta medo. — Eu vim de um lugar podre, acha que se eu fosse patricinha estaria aqui com a sua irmã? Além disso, o que eu iria ganhar com isso? Você certamente iria me dar um chá de sumiço. — Disse encarando ele e percebendo na merda que estava me metendo.
— E como pode me fazer acreditar em você? — Agora, seu rosto estava próximo demais, me causando arrepios e medo. — Será que eu devo acreditar em você?
— Eu não tenho porque mentir. Sair de casa pelo fato de meu padrasto me assediar, nunca fui rica, nem me meti em confusões. Quais os tipos de provas que você quer pra acreditar no que eu estou dizendo agora?
Jamerson
Cometi o erro, cedi ao desejo e vontade de sentir e sugar seus lábios. Ela era quente, fogosa e não negava fogo. No meio da escada, encostada na parede ela cedeu a mim, agarrou meus cabelos e me beijava com vontade, compartilhando do mesmo desejo que eu.
Coloquei minha mão por baixo do vestido e só então, senti que ela não usava calcinha e já estava toda molhada, somente com um beijo. Ofegante me afastei do seu corpo, limpando os vestígios de batom que ficou em minha boca. Eu queria me envolver com ela, levar ela até a base e foder com ela até o dia amanhecer, mas quando me aproximei dela novamente e estava disposto a tentar ceder um pouco, mas Alice surgiu na ponta da escada, como louca veio correndo querer tirar satisfações comigo e avançar na ruiva. Coloquei ela atrás de mim e segurei Alice, descendo as escadas segurando seu braço. Geral na festa viu o escândalo que ela fez, Ísis correu quando viu a amiga dela comigo e logo tirou ela de perto de mim, ameaçando Alice, como de costume.
— Mais é uma vadia mesmo. Olha só, se eu te pegar dando sopa por aqui mais uma vez, eu vou te quebrar no pau e dessa vez você não vai sair viva da minha mão, tá me ouvindo? — Ísis deu um tapa no rosto de Alice que tentou revidar, mas teve a mão segurada pela ruiva.
— Ninguém bate em amiga minha, e eu acho melhor você lavar a sua boca quando for falar comigo. — Sete, Ísis e Will estavam se divertindo com aquilo, mas já era hora de acabar com essa porra de brincadeira sem graça.