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Capítulo 6

– Não está um pouco cedo? – Matthew perguntou sem tirar os olhos da tela do notebook.

– Precisava sair de casa. – Vou até a parede de vidro olhando a rua lá embaixo.

– Já está no tédio?

– Não, mas estou pensando demais no projeto que vou te mostrar na quarta. – Respondo.

– Bom saber que está empolgada. – Ele ficou em silêncio por alguns segundos. – Achei que teria que pagar uma personal stylist para você.

Olho para ele sorrindo.

– Ontem provei que sei me vestir muito bem. – Me aproximo da sua mesa, sentindo seu olhar no meu corpo. – Eu preciso de uma assistente.

– Não tenho tempo para ver isso.

– Martin falou o mesmo para mim. – Eu disse e mantive a calma. Estou ficando boa nisso.

Ele mesmo me falou que se eu precisar de alguma coisa era para falar com ele ou Martin, mas quando preciso ninguém ajuda. Se negar vou fazer questão de ficar lembrando a cada segundo. Matthew suspirou.

– Fale com minha assessoria…

– Matthew, eu quero uma assistente e quero ela! – Aponto na direção da Ísis. A parede era de vidro escuro. Então ela não está vendo a gente.

Matthew olhou na direção do meu dedo. Parece que preciso ser rude para ter atenção desse homem.

– Ísis? A estagiária? Ela é muito atrapalhada. – Matthew falou fazendo uma careta.

– Eu sei e eu me vejo nela.

– Você que sabe. – Ele deu de ombros. – Minha secretária precisou faltar hoje e Ísis não está ajudando muito. – Disse irritado

– Sei que ela vai ser de grande ajuda para mim. – Insisto.

Matthew concorda com a cabeça voltando a trabalhar e me ignorando completamente. Aproveito esse momento para olhá-lo. Seu rosto sério mostra o quanto está concentrado. Matthew parece ser do tipo que odeia ser interrompido e quando é não mede esforço para ser rude com a pessoa. Não nego que é bom olhá-lo, ele é lindo sem sombras de dúvidas. Ouço batidas na porta. Se é possível ver um Matthew mais sério, eu digo que sim.

– Entra. – Ele falou, respirando fundo.

– Hum… Senhor Dawson, o seu contador está aqui. O Senhor Hill, insistiu em falar com o senhor. – Ísis disse com a voz trêmula.

– Você não sabe fazer seu serviço direito! – Matthew levantou irritado da sua mesa. Deu pena da Ísis, a menina se tremeu toda ao ouvir o Matthew.

Os dois saíram da sala. Olho na direção deles e vejo o senhor Hill, ele parece estar bem encrencado. Matthew e seu contador foram para outra sala e passaram um bom tempo lá. Levanto vendo no relógio da parede que falta alguns minutos para as 17 horas, ajeito a minha roupa e saio da sala. Matthew ainda com uma cara nada boa sai de uma das salas vindo em minha direção.

– Vamos. – Ele disse pegando na minha mão. Com a outra mão livre dou tchau para Ísis que sorrir me mandando Tchau.

Não tivemos paradas no elevador, assim chegamos rápido na garagem. Passamos pelo guarda de hoje mais cedo e eu sorri para ele, o mesmo ficou envergonhado e abaixou a cabeça. No carro Matthew informou o nome do bar para Kelvin.

– Posso saber o porquê de está com essa cara? – Matthew perguntou afrouxando a gravata.

– Eu estou normal.

– Não está.

Paro para perceber que realmente estou de cara fechada, mas é só com ele. Reviro os olhos.

– Não gostei da forma que falou com a Ísis.

– Eu avisei a ela que não queria ser interrompido.

– Mas ele insistiu. Se ele entrasse sem avisar, você brigaria com ela do mesmo jeito.

Matthew passou a mão pelo cabelo, bagunçando um pouco. Ele parecia mais jovem e descontraído agora. Às vezes até esqueço que ele é jovem. Matthew está sempre impecável. Quando nos encontramos na casa noturna foi a única vez que o vi bem informal. ele deve ter em seu closet vários tipos de ternos sob medida.

– Se dei uma ordem tem que ser comprida. – Ele pegou o celular para digitar alguma coisa e guardou novamente. – E ninguém entra na minha sala sem ser avisado.

– Então ela errou me deixando entrar?

Ísis não me pareceu nervosa ao me deixar entrar.

– Não. Quando ela me avisou que você estava lá. Eu deixei claro que não queria ser interrompido e se caso aparecesse alguém deixaria tudo para amanhã. – Explicou.

Olho para frente, ainda não aceitando o que aconteceu.

– Ainda acho desnecessário o jeito que você falou com ela.

– Não me importo. Agora coloca um sorriso nesse rosto, chegamos. – O carro foi parando aos poucos. – Não precisar sair do carro, Gill.

– Sim, senhor.

Matthew saiu do carro, eu não saí porque sabia que ele abriria a porta para mim. Na viagem para cá Matthew me preparou para algumas coisas. É bem estranho alguém abrir a porta do carro para mim, mas não iria reclamar.

– Evite perguntas de como nos conhecemos. – Matthew começou a falar conforme entramos no bar. – Claro que vão fazer, mas seja breve. Vão querer te conhecer, então foca no seu futuro e projeta no presente.

Eu concordo com a cabeça sutilmente. Quando percebo a mesa que vamos sentar, eu quase surto.

– Por que não me avisou que seu amigo era Ian Mendes? Eu teria me arrumado melhor!

Ian Mendes, vinte e seis anos, olhos castanhos e 1,80 de altura. Cabelo em um perfeito topete loiro, que ao contrário do Matthew, ele deixa o topete certinho no lugar. Ian não é loiro natural, mas a cor fica perfeita nele. Atualmente é ator e modelo. Seu último filme fez tanto sucesso que é impossível ninguém conhecer esse pedaço de mal caminho.

– Não sei porque tanta animação. – Matthew cochichou no meu ouvido antes de chegarmos na mesa.

– Cara, essa é a mulher certa. Tenho certeza! – Ian levantou da cadeira junto com sua namorada. – Ela é linda.

Ai meu Deus, ele me elogiou! Matthew beliscou minha cintura antes de ir falar com o amigo. Me recompus e sorri.

– Eu te falei. – Eles se abraçaram. – E você achando que eu estava exagerando. – Matthew cumprimentou Lauren. – Como está, Lauren? Essa é Aria Barnes, minha namorada.

– Estou bem, obrigada. – Ela sorriu para ele e veio até a mim me abraçando. – É um prazer te conhecer.

Lauren Collins só é uma das modelos mais bem pagas do mundo. Essa mulher é linda! Tem impacto nas passarelas e fora. Além de tudo é gentil e um amor de pessoa. Já vi ela uma vez em uma cidade próxima da minha.

– O prazer é todo meu. Gente estou abraçando, Lauren Collins. – Eu disse fazendo os três rirem.

– É porque você ainda não me abraçou. – Ian falou vindo me abraçar.

– E nem precisa! – Matthew falou. Colocou a mão na testa do amigo, empurrando ele para trás e puxou a cadeira para eu sentar.

Matthew, eu vou te MATAR!

– Você é muito chato, Matthew, muito chato. – Ian falou sentando-se.

– Muito chato! – Eu falo de modo que só Matthew pode-se ouvir. Ele me ignorou.

– Então, Aria. De onde você é? – Lauren perguntou, enquanto os meninos faziam o pedido.

– Sou de Salamanca, bem interior. – Eu sorri.

– Menos de seis mil habitantes, não é? – Ela perguntou bem interessada. – Estive uma vez perto de lá, mas não tive a chance de conhecer a cidade.

Sim, eu te vi! Você parece que não envelhece, mulher.

– É uma cidade calma de se viver. – Respondo.

O garçom trouxe umas cervejas e uns aperitivos. Matthew descansou o braço na minha cadeira fazendo leves carícias no meu ombro. Não fujo seu toque. É a primeira vez que estamos fingindo para alguém e mesmo assim não estou nervosa com isso.

– Como anda a vida nos cinemas, Ian? – Matthew perguntou ao amigo.

– Cara, ganhei minhas férias. – Ian tomou um gole da sua cerveja. – Amo atuar, mas já estava em pedaços.

– Vamos finalmente poder viajar e descansar. – Lauren falou beijando a bochecha do seu namorado.

Eles são tão fofos.

– Vocês deveriam ir com a gente! Vamos para Ibiza. O iate já está pronto. - Ian diz animado.

Ver Ian Mendes de sunga bem na minha frente? Não consegui esconder o sorriso. Levei mais um beliscão.

– Talvez na próxima.

– Para com isso, Matthew. – Ian bufou. – Aria, como você deve saber que esse daí só sabe trabalhar. Dorme pensando em trabalho e acorda pensando em trabalho. Nem parece que tem vinte e cinco anos de idade.

– Não foi fácil chegar onde cheguei…

– Mas você já chegou e até superou. – Ian olhou para o amigo sério. – Quando vai aproveitar a vida?

Matthew bebeu um gole da sua cerveja. Dá para ver que essa conversa sempre vem à tona quando eles se encontram. Ambos não estão com uma cara muito boa. Acho melhor me colocar em cena.

– Podemos pensar na possibilidade. – Eu disse chamando a atenção de todos na mesa. Coloco minha mão sobre a do Matthew que está em cima da mesa e olho para nossos amigos. – Eu confesso que serei o motivo dele trabalhar muito nos próximos dias. Estou com uns projetos em mente e ele tem me dado muita força. – Olho para Matthew e dou um selinho nele.

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