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Dário Albertini

15 anos depois

Viver na escuridão as vezes é ruim, a solidão, a falta de qualquer sentimento bom ou o eterno desejo em causar dor e sofrimento aos outros causam um certo vazio interno mas sou assim, nada poderá mudar isso. Depois do que fiz, não consigo dizer que amo minha mãe ou qualquer outra pessoa da minha família, vivo apenas e somente para servir a máfia Albertini. Nada pra mim importa mais do que a máfia, poderia viver a vida inteira assim mas no auge dos meus 35 anos chegando aos 40 vejo que mesmo querendo, não poderei viver assim até o dia da minha morte.

Preciso de herdeiros, o mais rápido possível. Primeiro para poder assumir o cargo do meu pai como Don e segundo para perpetuar o sangue Albertini na Terra, como sendo o mais velho tenho obrigações com minha família que são irrevogáveis, não posso mudar isso mesmo querendo muito. Sou incapaz de amar qualquer ser depois do que fiz e imagino que jamais vou amar  novamente, como poderei casar com uma mulher e ter filhos com ela sendo que jamais vou conseguir dar à ela amor e carinho ao invés disso trarei dor e sofrimento em sua vida consequentemente meus filhos também irão sofrer?

Olhando mais uma vez o corpo em cima da minha cama vejo como não posso trazer uma boa mulher da família pra dentro do inferno que será viver comigo. Os soldados entram no quarto depois que os chamo, estou sujo de sangue e com meu diabólico sorriso no rosto, estou usando apenas uma cueca mas meus soldados não ligam, eles já sabem o que devem fazer, limpar a sujeira e bagunça que fiz tirando o corpo sem vida do meu quarto. Dizem que o demônio não é tão cruel como eu mas imagino que não nem acredito que ele exista realmente, as pessoas que são muito exageradas. Posso até ser ruim mas demônio não, talvez uma versão mais evoluída da crueldade humana.

Todas as mulheres que se deitam comigo sabem do seu fim, mas algumas raras exceções deixou que continuem vivendo suas vidas medíocres. Essa de hoje apenas morreu pois estou de péssimo humor, é aniversário da minha doce irmã e odeio celebrações de aniversário, ela é uma típica princesa da máfia sempre teve tudo em suas mãos com pouquíssimo esforço apenas uma vez vi ela não conseguir algo, foi quando a filha de um soldado não quis mais ser sua amiguinha.

Isso já faz muitos anos mas até hoje Mariana fala sobre a pequena Lídia que de uma hora para outra não à quis como amiga. Essa infeliz já não é problema nosso, há alguns anos o pai era um dos nossos soldados que morreu para proteger o meu pai cumprindo com sua obrigação, homem honrado e fiel a nossa causa depois da morte dele a menina foi entregue a uma tia que vivi no Brasil, nunca mais soubemos notícias dela.

Mas em todos os aniversários, minha irmã acende uma vela para infeliz órfã, já ouvi ela rezando e pedindo para Nossa Senhora trazer sua amiga de volta. Como minha irmã é tola! Deus e os Santos não existem é apenas histórias para nós fazer temer um Deus que não existe e se existisse nos abandonou à muito tempo.

Enquanto o corpo sem vida da mulher é retirado de cima da cama, olhou minhas mãos sujas do sangue dela sentindo um alívio e prazer imenso. Gosto de torturar e matar homens mas com as mulheres com certeza é diferente, causar dor em uma mulher pra mim traz uma sensação de grandiosidade e prazer único, ver um belo corpo perdendo a vida, para mim, não há visão mais linda e prazerosa. Sou conhecido pela forma que mato meus inimigos com elegância e crueldade mas minha fama com certeza vem do fato de como consigo deixar um corpo feminino antes de tirar sua vida.

– Você matou outra prostituta, irmão? Sua sorte é que ninguém se importa com essas coitadas!

Saulo não é como eu mas jamais pensei que fosse melhor, ele apenas disfarça o que é diferente de mim. Dizem que a maldade está no sangue dos Albertini mas ao contrário do meu irmão que é um enganador nato com essa personalidade de bad boy sei muito bem quem é realmente.

– Está me julgando, Saulo? Espero de verdade que não, nosso pai não se importa com isso portanto você também não deveria se importar!

Todos na máfia sem exceção carregam a maldade e crueldade no sangue. Até minha doce irmã que mesmo sabendo que a órfã infeliz não faz mais parte do que somos reza pra tê-la perto dela. Somos egoístas, possessivos, obsessivos e sem nenhum senso de moralidade.

– Não tenho intenção de julgá-lo, não sou Deus para fazer isso. Vim buscá-lo pela ordem do grande poderoso Albertini, hoje é aniversário da nossa irmã mas disso sei que sabe caso contrário não estaria com essa cara. Dessa celebração você não poderá fugir, irmão!

Saulo possui um dom especial de me irritar, só não o mato por ser meu irmão e também por ser o próximo conselheiro, o segundo no poder depois de mim mas ele sabe que apenas por esse motivo ainda está vivo.

– Sei bem dessa merda de aniversário, quando nosso pai vai contar para princesinha que ela vivi no mundo real e não em um palácio de contos de fadas?

– O velho gosta daquela garota imagino que na mesma proporção que gosta da nossa mãe, portanto imagino que nunca vai contar sobre o casamento!

Meu pai só tem uma fraqueza na realidade duas, minha mãe e Mariana. Está velho, e todo velho tem esse tipo de afeto por mulheres como minha mãe e irmã por isso irei assumir o cargo de Don, quando um homem começa a ficar fraco tem que ser rapidamente substituído antes que sua fraqueza destrua tudo.

– Pode desfazer essa expressão de diabo do rosto, não vai contar nada para ela. Ela só é uma garota, só poderá se casar quando estiver com 18 portanto deixe ela sonhar, não tivemos a mesma oportunidade apesar de você sempre mostrar que à odeia, Mariana ama você!

Não odeio Mariana mas sim a ingenuidade dela por está razão procuro manter distância dela, sobre amá-la penso que não amo. Não sei o que é o amor à muito tempo, mas não odeio minha irmã mas não poderia não pensar em como seria ver a expressão dela em saber do casamento e quem seria seu noivo, seria bastante prazeroso.

– Recebeu o convite do leilão? Pela sua cara não viu ou não recebeu.

Meu irmão mexia no seu celular colocando ele na minha frente mostrando a mensagem de divulgação do leilão. Odeio celular, maldito aparelho eletrônico que torna as pessoas viciadas e sem vida própria, tudo nesse mundo gira em torno do celular até as reuniões da máfia são marcadas por mensagens de aplicativos de conversas. Pego o aparelho vendo o convite do leilão, Nicolas Ferraz é o tipo mais sujo do nosso meio, traficante de pessoas. Não posso deixar de dizer que é um ramo vantajoso e muito lucrativo mas não é do meu interesse, nosso ramo sempre foi o tráfico de drogas e armas não atuaria no segmento tráfico de pessoas mesmo porque apesar de ser lucrativo, é bem complicado por vários motivos.

– O que será o item do leilão dessa vez? O último leilão foi bem estranho para o meu gosto.

– Só porque ele leiloou duas meninas de 12 anos? Não se esqueça que muitos no nosso meio possuem esse gosto meio que peculiar com meninas.

Particularmente não gosto disso, crianças são crianças mesmo não tendo a sorte que muitos como eu tiveram de nascer em famílias como a minha mas não posso mudar o mundo. O mais forte sempre prevalecerá, e vai subjugar o mais fraco, não fui eu que criei essa regra, ela existe bem antes de mim e vai continuar existindo depois de mim.

– Dessa vez o leilão é algo que Nicolas vem preparando por muitos anos, só não sabemos o que é. Você vai?

– Sabe como odeio Nicolas, aquele infeliz serve a quem encher mais sua tigela de cão dos infernos apesar disso seria interesse dar lances absurdos em um item que com certeza não será do meu interesse.

Fiz isso uma vez, e foi muito divertido! Nicolas leiloava um colar de pérolas negras muito raro e com certeza roubado, ver todos loucos pelo artigo raro mas apenas eu consegui tê-lo foi realmente fantástico. Gastar 500 milhões naquela joia pra mim foi uma besteira, já que poderia gastar muito mais se quisesse, a joia está  guardada em meu cofre pessoal, não daria algo que me trouxe tanto prazer para qualquer pessoa.

– Já sei que vou gostar muito de ir nesse leilão com você, irmão, agora vamos para festa de aniversário da nossa irmã, nosso pai não suporta atrasos!

Tem alguns anos que não moro na mansão por motivos pessoais, minha mãe e irmã esperam por amor e afeto coisas que não posso dar à elas, meu pai cobra de mim uma família e herdeiros e o mais importante se estivesse lá não poderia ser á besta fera que sou.

– Soldados, joguem esse corpo em qualquer beco sujo, já sabem do procedimento.

Prostitutas. Ninguém liga se estiverem vivas ou mortas, normalmente pago muito bem para polícia acobertar esses corpos e os soldados já sabem disso, acabou se tornando um procedimento padrão. Termino de me arrumar olhando no espelho meu reflexo sentindo falta do sangue em minhas mãos e braços, a sensação de prazer inegável que é ferir e machucar. Mas essa noite preciso guardar o que sou para ser o que esperam de mim mesmo odiando isso, vou no aniversário da minha irmã fingindo ser o que não sou.

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