Capítulo Três - A Ideia - 3
Parte 3...
— Quanto tempo seria? - Luca questionou — Eu não quero ficar preso.
— E por acaso eu quero? - mexi os ombros — Eu não tenho a menor vontade de passar mais tempo ao seu lado.
Eu sei que não deveria estar soltando a língua assim, afinal, ele é meu chefe, mas é uma loucura isso. Estou tão nervosa que meu corpo até treme um pouco.
— Ótimo - ele dá um sorriso cínico.
— Gente, eu sei que é chato ter que fazer algo que não estava no seu plano, ainda mais assim, que envolve duas pessoas tão diferentes como vocês dois são.
— É bem óbvio isso, amigo - ele anda até a porta grande de vidro e fica olhando para fora um instante, depois se vira — Mas acho que entendo o que você quer dizer - suspira fundo me olhando — Só não sei se isso pode dar certo como imagina.
— Isso só depende de vocês dois - Roberto respondeu — A ideia é simples, embora um pouco complicada - ele meneou a cabeça — Só que dá para ser feito e no final vai ser vantajoso para ambos.
Luca caminhou até nós e parou, encarando o amigo, cruzando os braços.
— Está bem, diga seu plano. Acho que tenho uma leve ideia de como seja.
Basicamente, eu ouvi abismada a ideia de Roberto. O que ele sugeria era que Luca e eu espalhássemos a ideia de que nós tínhamos um caso escondido e por isso ele me tratava com indiferença na empresa.
Que nosso caso já durava alguns meses e que Luca tinha a ideia de formar um compromisso sério comigo, sendo que após a leitura do testamento do pai, ele decidiu adiantar essa decisão e agora nós iríamos nos casar e não tinha porquê esconder mais.
Uma ideia bem louca, com certeza. Porém, vi um brilho nos olhos de meu chefe que nunca vi antes.
— Olha, Roberto... Até que essa maluquice sua pode dar certo.
— Não! - eu quase gritei — Isso é uma loucura, não tem cabimento - estremeci — Que ideia... Eu me casar com você - fiz uma careta e balancei a cabeça — Pelo amor de Deus... não dá... Você é grosseiro, me detesta.
— Não seja dramática - Luca deu uma risadinha — Não é para tanto, senhorita santinha - disse de modo irônico — Eu só não tenho paciência com seu jeito bonzinho demais. É irritante - ele gira os olhos.
— Melhor ser boazinha do que uma chata grosseira, como parece que você gosta.
Ele riu mais alto.
— Olha, até que ela tem língua afiada fora da empresa. Acho melhor assim.
Eu me calei e senti meu rosto esquentar. Com certeza fiquei vermelha. Esqueci que ele é meu chefe e que estou em sua casa.
— Eu sei que teria vantagem, mas e ela?
— Você pagaria uma boa quantia... Na verdade um valor obsceno, para que Carina fingisse ser sua esposa por um tempo determinado, afinal, ela vai doar o tempo e a imagem dela para seu benefício - ele abriu as mãos — Posso fazer em segredo um documento que deixa tudo claro sobre a relação de vocês, tempo e término e o que Carina vai ganhar por esse tempo ao seu lado - ele tocou minha mão — Você entende que isso seria um plano que tem que ficar em segredo, não entende? Eu vou colocar punições para o caso de quebra de contrato.
Eu engoli em seco. Meu Deus, o que vou fazer? Será que eu sou capaz de fazer tal coisa? E por quanto tempo, o que vou ganhar?
São tantas perguntas e medos que me vêm a cabeça agora que nem sei por onde começar a perguntar a Roberto. minha respiração fica funda. Não sei o que fazer.
— Carina...
— Eu... Eu acho que entendo sim - mordi o lábio — Mas preciso de mais detalhes, isso não me cai bem - olhei para Luca — Não sei se posso ficar ao lado... Dele... Assim como esposa - esfreguei o olho, nervosa.
— Ah, pelo amor de Deus... Se eu posso aguentar seu sangue de barata, você pode fingir por um tempo que me ama - ele gargalhou.
Juro que me passou pela cabeça dar um tapa na cara cínica dele, de tanto tempo que eu sou obrigada a engolir suas grosserias, mas me segurei, é claro. Enchi o peito de ar e soltei devagar, para me acalmar.
— Você entende também, Roberto, que eu não posso me comprometer com alguém que me trata assim o tempo todo - apontei para Luca — Ele já me humilha no trabalho, imagine se achar que pode mandar em mim por ser meu “marido” - fiz um gesto com os dedos.
— É... Ela tem razão nisso, Luca - Roberto deu um meio sorriso — Você é uma pessoa ótima, mas sabe ser irritante quando quer.
— Sério isso? - ele fez uma careta — Ah, vá... Tudo bem - rodou os olhos — Faça um contrato e se ela aceitar, talvez eu aceite também... Talvez. Não garanto nada.
— Você que sabe - eu dei de ombros.
— Bem, sendo realista... A vida dela não vai mudar se você não assinar e só vai ter que continuar a batalhar pesado, mas você vai ficar frustrado o resto da vida.
Luca soltou um suspiro longo fazendo careta torcendo a boca. Assentiu com a cabeça. Não tinha outra ideia no momento.
— Então me dê pelo menos vinte e quatro horas. Vou preparar um rascunho do contrato e dou para vocês lerem. Se ficar tudo bem, começamos o plano logo.
Dessa vez eu também assenti concordando.
— Agora preciso ir embora, Roberto.
— Claro, eu vou te levar.
— Chame um táxi - Luca disse — Eu ainda quero falar com o Roberto.
— Você paga? - cruzei os braços — Eu que não vou pagar um táxi caro. Eu moro longe, vai dar uma corrida dupla porque é noite.
— Tudo bem - abriu os braços — Roberto te leva, já que foi ele quem teve essa ideia maluca, mas depois você me liga, entendeu?
Roberto fez que sim. Me despedi e saí, andando meio lerda porque minha mente está cheia. Mas Roberto foi conversando mais sobre esse contrato e comecei a pensar que talvez pudesse mesmo ser algo que me ajudaria.
Vamos ver, ainda tenho muito o que pensar e preciso ver esse contrato antes de dar minha resposta final.