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CAPÍTULO 7

CAPÍTULO 7

Versão Felipe Lombardi

Felipe acordou com uma dor de cabeça horrível, abriu lentamente os olhos e percebeu que estava em casa.

— Droga! — Resmungou, ao notar que acabou esquecendo de ir a boate, e agora Marco Polo ficou lá sozinho, poderia fazer um estrago, pois não confiava mais no irmão.

Ele também notou que a esposa estava acordando, mas ela não estava com uma cara muito boa. Ele começou a lembrar da noite anterior, e agora estava realmente preocupado se tinha falado alguma coisa que não deveria. Também, a culpa não era só dele, porque Marco Polo, resolveu aparecer para atormentar a sua vida? Ele achou que as coisas já estavam muito bem explicadas entre ele e o irmão, Maria Júlia era dele, e ponto final!

Por enquanto a situação estava muito boa para ele, ele estranhava algumas atitudes que ela tem agora, principalmente em querer beijá-lo, mas ele pagaria o preço para ter ela junto com ele. Ele pensa que deve estar maluco, com tanta puta na sua boate, ele foi querer justo aquela, que o odiava mais do que odeia o próprio diabo.

Felipe Lombardi tem muito receio de que Maria Júlia se lembre do seu passado, por isso ele a mantém tão bem vigiada naquele lugar. Se correr o risco dela se lembrar, as coisas precisarão voltar a ser como eram antes, e não seriam nada legais tanto para ele quanto para ela, por isso insistia em que a Aurora mantivesse os medicamentos que ele pediu, isso ajudaria para que ela não se lembrasse tão cedo. Ainda bem que a família da moça, eram pessoas tão simples, ele acredita que nem dinheiro para ir atrás da filha eles tenham.

— O que foi? — Perguntou Felipe para a então, esposa! Ao ver ela afastada dele.

— Você ainda pergunta? Nem me perguntou se eu queria, e mesmo eu não gostando, continuou me beijando. — Ela reclamou, e ele entendeu que falava da noite anterior.

— Você é minha esposa, acho que já passamos dessa fase de pedir permissão! — Falou o Lombardi, fazendo pouco caso.

— Nossa, porquê me trata assim?

— Não vou perder o meu tempo com bobagens! Preciso trabalhar e já perdi o serviço de ontem! — Falou se levantando, mas ela o segurou pelo braço.

— Quem é MP? — Perguntou, e ele arregalou os olhos.

— De onde tirou esse nome? — Respondeu com outra pergunta.

— Eu sonhei com ele, e também, você pronunciou várias vezes ontem! — Ela respondeu.

— Esqueça isso! Eu estava bêbado e devo ter falado muita merda! Agora preciso ir! — Falou.

— Eu gostaria de ir ao jardim! Será que posso tomar sol? — Perguntou a ele.

— Não é uma boa ideia, mas tudo bem! Vou isolar os guardas no período da tarde e vou pedir ao Davi que fique com você, ele parece ser de confiança! — Ele respondeu, mesmo sem querer isto, pois ele acha arriscado ficar deixando-a tão solta, mas é melhor se redimir pela noite anterior que ela reclamou, embora o Lombardi achasse aquilo tão normal!

*********

Versão Maria Júlia

Horas depois...

Maria Júlia descansou pela manhã, pois como imaginou, sentiu várias dores na perna por causa da agitação da noite anterior, então precisou repousar um pouco. Aurora como sempre muito amável, e lhe fez companhia ajudando-a com o banho, e lhe trouxe um livro para ler, ela deu uma olhada e achou interessante, então guardou para ler mais tarde, talvez depois que voltasse do jardim.

A jovem almoçou no quarto por ordem do marido, mas logo depois do almoço assim como o combinado a Aurora a levou para tomar um pouco de sol num lugar reservado no jardim, aonde o marido já tinha autorizado a funcionária a levar.

Maria Júlia achou bonito o lugar, e lhe fez bem ficar lá por um tempo. Observou que era bem cuidado, e tinha até algumas flores e passarinhos que iam para lá. Ela ficou num banco debaixo de uma árvore aonde pegava um pouquinho de sol, e um pouquinho de sombra.

Ela olhava, e olhava, e ficava imaginando se era realmente verdade o que o marido havia contado sobre aqueles barracões, mas essa seria uma coisa que levaria um bom tempo para ela descobrir.

Observou um rapaz encostado na beira do portão, e ele a observava muito. Maria Júlia tinha a impressão de já ter visto aquele homem, mas isso também era normal, provavelmente ela já o conhecia mesmo, o homem não tirava os olhos dela, e ela deu uma leve risada... “Claro... o marido deveria ter dado ordens para aquele que ele fizesse isso”, pensou ela. Ele era bonito, pele bronzeada, cabelos lisos e bem penteados... ela não deveria olhar, se corrigiu por isso, pois era casada.

Ela percebeu que Felipe realmente tinha cumprido a promessa, e não estavam todos aqueles seguranças mais do lado de fora, deveriam estar em outro lugar. Ela já tinha ficado muito tempo lá e de repente ela notou o segurança se aproximando dela, ele dava umas olhadas para os lados e caminhava lentamente, então chegando perto apoiou a mão na árvore lhe perguntou:

— Está tudo bem, com a senhora?

— Ah, sim! Estou tomando um sol, preciso respirar um pouco, fora daquela casa! — Respondeu ela.

— E... você gosta dessa casa? Pelo tom que falou, não me pareceu gostar tanto! — Ele falou, e ela ficou confusa! Se ele trabalhava para o marido, porquê fazia estas perguntas?

— Porquê está me perguntando isto? Vai sair correndo contar ao Felipe, se eu falar a verdade? — Falou um tanto brincalhona.

— Talvez... ou talvez eu apenas queira te dar um conselho! — Falou deixando a jovem ainda mais curiosa.

— E, por que você me daria esse conselho? Não tem medo de Felipe Lombardi, assim como todos os outros? — Perguntou, com a sobrancelha levantada.

— Eu não tenho medo de nada, e de ninguém! Já tive... não nego! Mas, esse é um defeito que destruí de dentro de mim, hoje sou muito mais forte!

— Hum... neste caso, vou responder a sua pergunta! Eu não gosto desta casa! Acho grande demais, fechada demais, escura demais! Não me agrada em nada, e também tem aqueles barracões dos presos, e acho perigoso! — Falou ela, e o segurança mudou a expressão do rosto, para curioso.

— Então foi isso que te contaram sobre os barracões? — Perguntou ele.

— Sim! Porquê? Tem algo que eu deveria saber? Aliás, qual o seu nome? — Perguntou.

— Davi! E, a senhorita? — Devolveu a pergunta.

— Maria Júlia Lombardi! Sou casada, então acredito que eu seja uma senhora! — Falou mais sério ao entender a colocação do segurança, e achou melhor voltar para dentro, talvez a conversa estaria indo longe demais.

— Entendo...

— Vou entrar, agora! Já está tarde! — Falou e se levantou.

Mas o Davi não tinha terminado, e o principal ele ainda não tinha dito, então a pediu que esperasse.

— Espere!

— Sim...

— Você recebeu um livro da Aurora, não foi? — Ele perguntou, e ela estranhou a pergunta.

— Sim! Como sabe?

— Tem um envelope lá no meio! Um homem entregou aqui no portão, e disse que era importante ser entregue a você pessoalmente e o seu marido não poderia saber em hipótese nenhuma, parece que é sobre parte do seu passado! — Ao falar, agora ele conseguiu a total atenção da moça.

— Quem é esse homem, e porque está me ajudando? — Ela questionou.

— Ele é de confiança, só isso que posso dizer por enquanto, e eu também! Então pode contar comigo, e se depois de ler a carta quiser conversar, volte no mesmo horário amanhã! — Propôs o Davi.

— Eu não sei! Vou ler agora mesmo, e se eu voltar, terei que pedir autorização ao meu marido outra vez! — Falei.

— Não se preocupe! Ele vai me perguntar sobre o seu passeio de hoje, e eu te ajudarei para que volte! Agora espere que vou chamar a Aurora para que te ajude a voltar, pois se eu te encostar, o senhor Lombardi me arranca as mãos, não é? — Brincou, e ela sorriu.

Assim como ele falou voltou com a Aurora de lá e ela ajudou a jovem a voltar para dentro de casa, em segurança. Maria Júlia estava ansiosa demais para saber sobre o conteúdo da carta.

— Porquê não me contou sobre isso? — Perguntou, ao erguer o envelope discreto, na altura do rosto, mostrando para a Aurora.

— Aqui, eu não sei de nada, não vi nada, e se me perguntarem eu nego, filha! Com licença! — Falou ela se retirando, e a jovem já percebeu que a Aurora tinha muito medo de algo.

Ela pegou o envelope, e por fora estava escrito:

“Para a jovem que entrou no meu carro no dia do acidente!“

Ela estranhou a colocação, será que o marido sabia disso? Parece que ela havia ouvido que o acidente foi com Felipe, agora outro homem está falando outra coisa?

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