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2

Sila

— Do que você está falando? Quer mesmo que aceite fazer toda essa loucura?! — ralho exasperada. Ela engole em seco.

— Eu… trouxe esse vestido a pedido de sua mãe. — Ela ergue um saco branco pendurado em uma ombreira que eu sequer havia percebido. — Ela me pediu para falar com você e tentar convencê-la... — Atordoada, uno as sobrancelhas.

— Que tipo de amiga é você? — rosno indignada e me afasto no mesmo instante.

— Do tipo que aguentou horas de sermões dos seus irmãos por ter escondido um relacionamento seu com um americano. Eu te disse para ter cuidado, Sila. O que eu posso fazer contra eles?

Puxo uma respiração alta e vou para perto de uma janela. Observo o lado de fora. Tudo parece agitado lá. Os empregados, os meus irmãos, o entre e sai de pessoas. Meneio a cabeça fazendo um não enquanto sinto um nó sufocar a minha garganta.

— Isso não é justo! — sibilo fraco e desanimada. — Eu me apaixonei pela primeira vez e eles nem se deram conta de disso. Fizeram descaso dos meus sentimentos.

— Eu sinto muito, amiga! — Marli sibila, tocando nos meus ombros.

— Me deixe sozinha! — peço com sussurro.

— Sila, eu realmente gostaria...

— Por favor, Marli, eu quero ficar sozinha! — insisto. Ela suspira alto e se afasta. No entanto, leva um tempo até eu escutar porta se fechar e novamente me entrego a um choro dolorido.

***

À noite...

Uma batida suave na porta me desperta dos meus sonhos acordados. Os três dias com Taylor em breve serão apagados dos meus pensamentos e eu serei obrigada a conviver com um estranho que pelo pouco que vi em seu olhar vive de mal com a vida.

— Ah, você está linda, filha! — Mamãe cantarola feliz ao me encontrar pronta para o meu martírio. Entretanto, respiro fundo e me viro para ela. O seu sorriso feliz se desfaz no mesmo instante que ela encontra o meu olhar frio e uma feição séria demais.

— Vamos acabar de vez com isso! — rosno, saindo do quarto sem esperá-la.

Na ampla sala de visitas tenho o vislumbre dos homens acomodados nos sofás. Deniz, Hakan e Sinan estão de frente para o tal Murat, que tem uma feição carrancuda o tempo todo. Contudo, assim que eles percebem a minha presença ficam de pé como se me reverenciasse. Sibilo um boa noite para eles e me acomodo em uma poltrona de onde tenho a visão de todos eles.

O silêncio é quase sepulcral, porém, me sinto queimar por dentro.

— Bom, Senhores e Senhora eu não sou um homem de enrolar com conversas passageiras. Portanto, gostaria de ir direto ao assunto. — Murat fala assim que a minha mãe adentra a sala e se senta ao lado de Sinan. — Eu gostaria de pedir permissão para me casar com a sua irmã, Deniz e se concordar comigo gostaria de informar que o casamento acontecerá em três dias.

Ergo repentinamente o meu olhar.

Três... dias?! Por que tanta pressa?!

— Nós concordamos, Senhor Arslan. — Encaro duramente o Deniz quando ele dá uma resposta sem pensar duas vezes.

É isso, ele não vai perguntar os motivos desse homem? Simplesmente vai me entregar para um estranho e ponto final?

— Nesse caso, gostaria de colocar o anel de compromisso no dedo da minha noiva. — Essa informação faz seus sorrisos se abrirem em seus lábios.

Não acredito que eles estão felizes com essa droga toda! Ralho mentalmente. Contudo, Murat se levanta e mexe no bolso do seu terno. Ele tira uma caixa aveludada e a abre em seguida, se aproximando de mim.

— Pode me dá a sua mão, Sila? — Ele pede mantendo um olhar firme no meu. Ergo as sobrancelhas de uma forma petulante, porém, ergo a minha mão para ele e após retirar o anel de brilhantes da caixa, ele o desliza pelo meu anelar. — Você não sabe o prazer que estou sentindo agora, Senhorita Yilmaz. — Murat sussurra, deixando um beijo cálido nas costas da minha mão e após isso, ele ergue o seu olhar para mim.

— Pena que eu não posso dizer o mesmo, Senhor Arslan! — rebato no mesmo tom, porém, insolente. Entretanto, um sorriso brinca no canto da sua boca com essa minha petulância. É como se isso não o atingisse, sequer o arranhasse e saber disso me faz estremecer de raiva por dentro. Portanto, puxo a minha mão de volta.

— Meus parabéns, Murat! — Deniz fala lhe estendendo a sua mão para um aperto firme como se assim fechassem um maldito acordo e atrevidamente me ponho de pé.

— Bom, espero que fique para o jantar, Senhor Arslan, a final, o Senhor já é praticamente da família, certo? — Mamãe cantarola e ele apenas sorrir para ela.

— É claro, Senhora Yilmaz!

Respiro fundo e decido encerrar essa noite... pelo menos para mim.

— Se essa palhaçada já terminou eu gostaria de voltar para o meu quarto — anuncio secamente. As minhas palavras fazem com que todos me encarem surpresos. Portanto tento sair da sala. No entanto, Deniz segura firme no meu braço e eu fito o seu olhar irritado.

— Não se atreva, Sila! — Ele rosna baixo e entre dentes. Fecho as minhas mãos em punho.

— Eu já fiz o que você queria, não fiz? Portanto, não sou obrigada a comemorar essa loucura com vocês! — rebato baixo, porém, firme, livrando-me do seu agarre e caminho apressada para as escadas, me trancando no quarto em seguida.

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