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Capítulo 2 - Príncipe Florian

O castelo era um pouco escuro, por ser um lugar rústico feito de pedras antigas e com pouca iluminação, o que deixava o lugar com um ar muito mais sombrio e assustador, mesmo ainda sendo de manhã, a maioria dos candelabros estavam acesos.

— Princesa, esse é seu aposento — disse a criada fazendo-me voltar para realidade, pois tudo o que eu fazia era olhar atentamente de um lado para o outro, tinha a sensação de que alguém me vigiava.

— Vou guardar minhas coisas e volto para conhecer o castelo. Príncipe Florian, você me espera na porta? — perguntou Tiane olhando-me, eu continuava observando os lados que mal ouvi o que a princesa perguntou. — Florian, você está me ouvindo? Você ficou estranho de repente. — disse a princesa em um tom de voz mais alto para chamar minha atenção e na hora me recompus.

— Desculpe, princesa, o que me perguntou? — questionei muito envergonhado.

— Só perguntei se me espera na porta, vou guardar minhas coisas.

— Claro que espero! Estarei bem aqui! — respondi encostado no batente da porta, enquanto as duas entravam no quarto.

Estava apavorado, ali esperando. Cruzei os braços abaixo do tórax e fiquei olhando para todos os cantos, mas foi no fim do corredor que notei algo estranho se aproximando. Ainda assustado fixei os olhos na criatura branca e entrei em choque quando percebi que o vulto vinha em minha direção. Quando faltava pouco para me alcançar soltei um grito horripilante, na tentativa de fugir daquilo, entrei feito um louco dentro do quarto. Eu estava tão apavorado que não vi a princesa e a derrubei no chão caindo por cima dela, deixando a criada horrorizada com minha atitude. De certo pensando que eu estivesse ficando louco, ela nunca tinha me visto agir assim.

Tiane reclamou de dores ao chocar seu corpo contra o chão. Íris se aproximou rapidamente e ajudou a princesa a se levantar. Levantei-me em seguida, tentando pegar Tiane no colo e quando consegui, deitei-a na cama me desculpando pelo o ocorrido.

— Não foi nada, estou bem! Só dei um mau jeito na coluna. — Tranquilizou a princesa praticamente imóvel na cama.

— Senhor, o que está acontecendo? Quase nos matou de susto e ainda machucou a princesa. — Questionou a criada olhando confusa para mim, que mesmo preocupado com Tiane, não conseguia tirar os olhos da porta do quarto.

Comecei a tremer de medo, mas em nenhum momento permiti que elas soubessem disso. Sentia-me desorientado, não entendia o que estava vendo e tinha quase certeza que minha saúde mental não estava bem.

— Tiane, peço mil desculpas novamente, ando muito desajeitado. Iris providencie um massagista para colocar a coluna da princesa no lugar. — Pedi preocupado, Tiane mal conseguia se mexer na cama.

— Irei providenciar imediatamente! Com sua licença — afirmou a criada saindo do quarto.

— Tiane, vou à cozinha pedir que preparem um chá para você e peço para lhe trazerem. Logo estarei de volta. Você vai ficar bem? — perguntei encaminhando-me para a porta e antes de sair, coloquei a cabeça para fora e observei se havia algo no corredor.

— Vou ficar bem, Florian! O que você está procurando? — questionou, percebendo algo de errado comigo.

— Claro que não, vou lá e já volto — respondi, saindo do quarto desconfiado, mantendo meus olhos atentos em todas as direções.

Não sabia se corria ou se continuava caminhando com calma, afinal minha correria poderia chamar a atenção dos criados do castelo e do meu pai, o que menos queria era parecer um louco.

No entanto, quando finalmente cheguei à cozinha, me deparei com uma cena chocante e mesmo tentando ser forte, acabei desmaiando ao ver um vulto pouco mais escuro em volta da mãe da Iris, uma das cozinheiras do castelo.

Com o barulho do tombo, o vulto sumiu e a cozinheira quando me viu no chão, saiu correndo e gritando por ajuda. Quando voltou, eu estava sentado no chão com a mão na cabeça, que estava doendo muito.

— Vossa Alteza, você está bem? — perguntou me ajudando a levantar.

— Sim, só com um pouco de dor de cabeça. — Respondi me sentando a mesa.

— Vou lhe preparar um chá de erva-da-muda, vai melhorar essa dor logo.

Não demorou muito para que eu ouvisse a voz de meu pai soando as minhas costas.

— Filho, Terence nos disse que passou mal e desmaiou. Você tem se alimentado? — questionou o meu pai entrando com o médico da família.

— Não foi nada, estou bem. Você tem razão deve ser fraqueza. Terence me prepare um lanche, por favor. — Eu jamais contaria o que andava vendo, não queria ser visto como um louco. Mesmo assim o médico me examinou, concordando que realmente eu estava muito bem. Foi nesse momento que lembrei o porquê de estar na cozinha.

— Já estava me esquecendo, a princesa Tiane está com mau jeito nas costas, vai precisar de um chá para dor e dos seus cuidados Dr. Arthur.

— Como isso aconteceu filho? O baile de apresentação da princesa é essa noite. — Disse meu pai muito preocupado.

— Ah pai, é uma longa história, outra hora eu conto. Vamos logo para lá. Terence não se esqueça do chá. — Falei saindo apressado, empurrando meu pai e o médico para fora da cozinha.

Mesmo conversando sobre a princesa pelos corredores do castelo, eu ainda andava com certo receio, estava muito perturbado com essas visões me perseguindo.

Quando chegamos ao quarto em que a princesa estava, todos entraram pedindo licença. No entanto, ao tentar entrar, a porta se fechou instantaneamente, me dando uma pancada forte no nariz. Eu não conseguia entender como a porta se fechou de repente. Inspirei algumas vezes, e no mesmo instante tentei não inspirar mais. A dor que eu sentia por causa da pancada era muita. Tentei abrir a porta, mas estava trancada com chave.

— Pai, por favor, deixe-me entrar, quero saber como a princesa está. — Gritei da porta do quarto.

— Filho, por que trancou a porta? Abra. — Rebateu meu pai do outro lado, enquanto eu me encontrava desesperado.

— Pai, eu não tranquei a porta e também não consigo abri-la.

— Que estranho, ela não abre. Chame alguém para nos tirar daqui. — Quando ele terminou de falar, ouvi uma risada sinistra que me arrepiou dos pés à cabeça e no mesmo momento, sem explicação alguma, a porta se abriu.

Naquele momento uma coisa louca se passou por minha cabeça e mesmo sem saber se aquilo seria possível, decidi que tentaria descobrir o que estava acontecendo.

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