Uma tarde no Clã Nakamura
No dia seguinte, Kumiko teria levado Midori para o seu clã. Tabi teria que trabalhar no hospital, por isso não fora com eles.
O clã, como mencionado antes, era estilo o Japão na Era Meiji e isso impressionava o nosso garoto. O vilarejo era bem limpo e tinham as casas bonitas e simples. As pessoas eram carismáticas e a maioria usava quimono, como naquele período.
- Oi, Kumiko.- Algumas pessoas a cumprimentavam e outras se impressionavam ao ver que ela estava acompanhada de Midori.
- Kumiko, este é Midori?
- Nossa, é o Midori!
- Midori, você é o melhor!
O garoto acenava para eles e ocasionalmente abraçava um e outro, porque estavam tão emocionados em vê-lo, que queriam contato físico.
- Então, Midori, eu moro logo ali com os meus pais.- disse Kumiko.- Vamos lá.
- Certo.- disse o garoto.- Quantos anos você tem?
- 17. Mas a minha maturidade é bem maior do que você imagina.- disse Kumiko.
- Reparei. Você é bem séria.
- Seriedade não significa maturidade. Sim, eu sou séria, mas madura em simultâneo. São duas coisas diferentes.
Eles iam caminhando até a casa de Kumiko. A garota entrava e dizia:
- Pai, mãe, eu trouxe visita.
- Kumiko? Nossa, que bom que veio.- Aparecia a mãe da garota.- Quem é seu amigo? Seu namorado?
Kumiko fica vermelha e fala:
- Mãe! Este é meu amigo! Midori!
- Midori?- Grita o pai de Kumiko, que estava em outro cômodo.- Você é amiga de Midori Watanabi?
- Sim.- A garota estava impressionada com a fama de seu novo amigo. Ele era famoso até mesmo em seu clã.
- Midori, muito prazer em conhecê-lo. Sou Ichiro Nakamura, pai de Kumiko Nakamura.
- Prazer em conhecê-lo também, Midori. Sou Mikasi Nakamura, a mãe de Kumiko.
O garoto sorri e fala:
- Não precisam ser formais comigo. Também é um prazer conhecê-los.
Kumiko sorri e Mikasi fala:
- Então, vocês chegaram bem na hora do jantar. Irei colocar mais um prato na mesa. Midori é o nosso convidado.
O garoto sorri e assim, posteriormente, os garotos iam se lavar e se arrumar para o jantar.
- Você vai gostar da comida da minha mãe. Ela cozinha de uma forma intuitiva a fazer se apaixonar pelo prato.- disse Kumiko.- Ela me fez gostar de várias comidas que antes não gostava, como enguia.
- Sério? Eu adoro enguia.- disse Midori.
- Torça para que seja hoje o jantar. Eu vi meu pai trazendo um saco só com enguias.
O garoto já estava com "água na boca". Kumiko colocava sua espada perto da porta de entrada e todos se sentavam à mesa. A cadeira eram almofadas e a mesa ficava próxima ao chão. Bem no estilo do Japão da Era Meiji.
O jantar era enguia e Midori, saboreando seu prato favorito, fala:
- Senhora Nakamura, a senhora conseguiu adivinhar meu prato favorito.
- Mesmo? Fico feliz que tenha acertado sem querer a sua iguaria.- Mikasi ri.
- Pois é. Eu trouxe um saco grande só com enguias. Essa semana é isso que comeremos.- Ichiro ri.- Então, Midori, há quanto tempo está nas lutas?
- Faz três anos.- disse o garoto.- O motivo deu seguir esse caminho, digamos ser obscuro para falar para vocês, mas posso dizer que foi devido a derramamento de sangue.
- Alguém morreu?- indaga Mikasi.
Kumiko apenas escutava a conversa. Não gostava de ficar falando, enquanto fazia suas refeições.
- Sim. Mas não quero falar sobre isso.
- Não tem problema, Midori. Não vamos forçá-lo a isso. Fale quando estiver mais confortável.- disse Ichiro, que bebia um pouco de chá.
Midori olhava para a espada de Kumiko e dizia:
- Posso lhe perguntar algo, Kumiko?
- Hmm?- A garota olhava para seu novo amigo, curiosa e terminava de mastigar e engolir para falar.- Que quer perguntar?
- Como ganhou a Espada Yatagarasu?
- Bem, Midori... Eu não posso te falar isso, porque é a regra do Clã Nakamura.
- Entendi.- O garoto comia um pedaço de enguia.
Kumiko estaria em seus pensamentos.
— "Yatagarasu, também chamada de O Corvo das Três Asas. A Espada Yatagarasu é um artefato muito poderoso que o Clã Nakamura tem. Diferente dos Kimura, que se especializam com armas à distância, os Nakamura se especializam com armas cortantes, como espada, adaga e faca. Ganhei a Yatagarasu, quando meu pai se aposentou das lutas. Ele teve um ferimento grave em seu estômago e isso o obrigou a se afastar. Ele não queria, mas acabou me passando a vez de dominar a Espada Yatagarasu. Foi difícil e ainda é, mas comparado a antes, hoje domino 50% da espada. Ela é pesada e às vezes espeta meu braço direito, quando este toca na bainha, já que ela tem espinhos, que lembram asas de um corvo. Não posso falar para ninguém sobre a Espada, nem mesmo a origem. Segundo meu pai, foram os deuses xintoístas que deram a nós a Espada Yatagarasu, enquanto os Kimura têm um artefato que não lembro o nome agora."
Todos comiam em silêncio e em seguida, Midori fala:
- Vou ficar ali na janela. Acho bonita a paisagem do vilarejo.
- Claro.- disse Ichiro.- Sinta-se em casa.
Midori então ia até à janela. Ele ficava pensando no seu passado. Pensava principalmente no momento em que Chang, seu irmão adotivo, matara Yoko, sua namorada.
-"Chang. Eu não o perdoarei".- pensava o garoto.
- Midori.- Kumiko aparecia.- Você está bem?
- Sim. Só estou pensando no torneio mesmo.- disse o garoto.
Kumiko sorri e fala:
- É no que Midori Watanabi pensaria. Ele adora lutar.
- Exato.- O garoto ria.- Mas o motivo deu estar lutando é o seguinte: Quero ficar forte o suficiente para vingar a morte de minha namorada.
- Você namorava?
- Sim.
- Mas e a Tabi? Vocês formam um belo casal.
O garoto ficava um pouco sem graça e dizia:
- Ela é só uma amiga e eu quero realizar o sonho dela de levá-la para Madrid.
- Entendi.- Kumiko ria.- Bem, temos uma semana para treinar. Quer treinar aqui no meu clã mesmo? Temos uma arena de batalha, onde treinaremos à vontade.
- Claro. Será melhor do que nos subúrbios de Tóquio.- disse Midori.
- Certo. - Kumiko olhava para o céu.- As estrelas são bonitas, não é?
- Sim.
- Eu quero ganhar o prêmio para ajudar meu clã, que está ficando cada vez mais pobre.
- Sério?
- Sim. No momento estamos fartos de comida, mas ainda assim, a pobreza bate. Quero ajudá-los.
Midori sorri e fala:
- Caso você perca, realizarei seu sonho também.
- Sério?
- Sim.
Kumiko sorri.
- Pois eu irei ganhar.
- Mesmo? Terá que passar por mim.
Os dois riam e assim, eles se divertem à noite, olhando para as estrelas e falando sobre qualquer outro assunto, que não tenha sido debatido no jantar.
Uma semana para o torneio. O que será que irá rolar?