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Capítulo 5 - Retribuição

A porta do carro foi aberta de repente por Alex. Ele e Vanessa entraram animados. Vanessa era o total oposto de Bianca, tanto fisicamente quanto em personalidade. Vanessa era extrovertida e falante, loira, corpo magro como uma modelo de roupas íntimas, porém, com curvas proporcionais e bem distribuídas em sua baixa estatura. Tinha também incríveis olhos azuis, cílios negros compridos, parecendo uma boneca de porcelana.

Enquanto Bianca era tímida e muitas vezes insegura; alta, corpo de violão e seios fartos, longos cabelos negros e pele morena.

Alex fez a devida apresentação entre Vanessa e Bianca, e durante o resto do caminho eles conversaram descontraidamente, rindo com as piadas de Alex e a verborragia de Vanessa.

Eduardo estacionou o carro ao lado do clube. Os quatro saíram do carro ao mesmo tempo e pararam em frente a entrada. Bianca ficou impressionada com o lugar, imenso, imponente e luxuoso. Vários homens, muito altos e musculosos, vestidos de ternos impecáveis e da mesma cor, faziam a segurança do local. Na calçada, um moderno chafariz exibia, orgulhoso, diferentes cores e tons refletidos na água.

Val mandou uma mensagem para Eduardo dizendo em qual mesa eles estavam. Ao entrar os olhos de Bianca brilharam como os de uma criança em uma loja de doces.

— O que acha? — Perguntou Eduardo ao ver a expressão no rosto de Bianca.

— É incrível!

Bianca nunca tinha entrado em um clube de dança ou boate em sua vida. Sempre foi a menina dos olhos dos pais, sossegada, caseira, sonhadora, estudiosa, o oposto de sua rebelde irmã Luíza. Secretamente desejava muito conhecer lugares diferentes dos que frequentava, mas sempre exigiu de si mesma ser a filha que daria orgulho aos pais. O único namorado que teve costumava levá-la a festas da escola, cinema e outros lugares públicos. Ela sempre teve hora certa para voltar para casa. Era a filha perfeita, estudante perfeita, com namorado perfeito... Mas nada é perfeito. No dia em que Bianca o viu com outra garota da escola onde estudava, todo o seu mundo de contos de fadas foi destruído.

O pior de tudo o que aconteceu foi ele dizer que a culpa era dela por ser "boazinha demais". Naquele noite Bianca se sentia livre. Livre dos tabus e limitações que sempre impusera a si mesma. Ela não precisava carregar sobre os ombros as expectativas de ninguém, nem mesmo dos pais.

Sentiu o coração bater acelerado...

Finalmente sua nova vida se iniciaria, poderia ser ela mesma, novos amigos, liberdade...

— Lá estão eles! — Alex apontou para a mesa de onde Val, Renato e Rafael acenavam.

Os garçons juntaram algumas mesas formando uma grande mesa retangular em um dos cantos do salão próximo ao bar. O clube estava cheio, mas de uma maneira confortável. Do lado esquerdo da mesa, de frente para a pista de dança, estavam Rafael, Val e Renato. De frente para eles e de costas para a pista, sentaram Eduardo, Bianca, Vanessa e Alex.

A música estava alta o suficiente para que a pista de dança estivesse cheia e animada, no entanto, as pessoas sentadas podiam manter uma conversa sem precisar elevar demais o tom de voz.

— O que querem beber? — Perguntou Val, exibindo sua caneca de chope.

— Cerveja! —Alex respondeu.

— Quero uma caipirinha de morango. — Disse Vanessa.

— Um refrigerante para mim, por favor. — Respondeu Bianca.

— Oh, BB! Você veio até aqui para comemorar comigo o meu aniversário e vai ser a única a beber refri?—Comentou Val, com a mão no peito, interpretando uma decepção ao estilo novela mexicana.

— Ela não var ser a única, não vou beber cerveja hoje, só refrigerante. — Disse Eduardo.

Os rapazes olharam para ele com espanto evidente em suas feições.

— Desde quando você bebe refri, Edu? — Perguntou Vanessa, indiscretamente.

— Desde hoje, quando acordei com ressaca. Ainda não estou me sentindo muito bem... Além do mais, estou de carro e terei que dirigir de volta para casa.

— Desde quando isso te impediu? — Perguntou Val, ainda espantado.

— OK, minha vez de buscar as bebidas. — Disse Rafael ao se levantar, sem dar tempo para Eduardo responder a pergunta de Val. — Vou trazer um balde de cerveja, uma caipirinha e duas sodas.

Rafael se dirigiu ao bar para buscar as bebidas.

— Você costumava frequentar lugares como este onde você morava? — Perguntou Vanessa à Bianca.

— Na verdade, não. Eu não saía muito de casa... É a primeira vez que estou em um lugar como esse, só tinha visto pela televisão.

— Bianca é uma good girl, percebi isso desde a primeira vez que a vi. — Comentou Val sorrindo antes de beber um gole de seu chope.

— Engraçado, para mim não pareceu ser do tipo caseiro, parece ser uma garota bastante animada. — Comentou Vanessa.

— Eu acho que no fundo não sou tão caseira quanto meus pais pensavam. — Bianca olhou sorrindo para Val. — Não sei nada sobre isso de ser "boazinha"!

— Eu concordo com Val, você parece ser do tipo que sempre se comportou bem, não quebra regras, nunca ficou de castigo na escola, que vai se casar virgem... — Comentou Eduardo, provocando Bianca.

Val olhou para Eduardo com uma expressão divertida no rosto, que deixou Eduardo confuso.

— Em qual curso se matriculou?— Perguntou Vanessa mudando de assunto rapidamente ao ver como Bianca havia corado encabulada, por causa do comentário de Eduardo.

— Medicina. Meus pais são médicos. Não tenho a menor vontade de ser médica, mas eles dizem precisar de um herdeiro para a clínica além de minha mãe afirmar que sabe o que é melhor para mim...E você?

— Cinema. Um dia ainda vou dirigir meu próprio filme... Conhece alguém aqui além dos rapazes?

— Não...

— Hum, pode deixar que te deixarei a par de todos os detalhes importantes. Claro que hoje não teremos muitos alunos da U.C.C aqui, por causa das férias. Mas quando as aulas finalmente começarem, vou te mostrar os maiores gatos, os mais populares, os mais ricos...

— Seu refrigerante. — Rafael interrompeu Vanessa, entregando a Bianca uma lata de refrigerante e um copo ao se sentar ao lado dela.

— Quer que eu abra a latinha para a princesa não quebrar as unhas? — Eduardo sorriu debochado ao perguntar.

— Obrigada, mas não precisa.

— Eduardo toca aqui no clube de vez em quando. — Comentou Rafael que estava de frente para Eduardo e Bianca.

— Sério? — Perguntou Bianca olhando para Eduardo.

— Hum-hum — Foi tudo o que Eduardo respondeu, visivelmente incomodado por estarem falando dele.

— Que tipo de música?— Perguntou Bianca.

— Rock anos 90, balada estilo Bom Jovi, Guns e Skid Row... Um pouco de tudo, depende do público. — Respondeu Val quando viu que Eduardo não tinha intenção de continuar a conversa.

— Escutaaaaaaaaa! É a minha música! — Gritou Vanessa segurando o braço e Bianca. — Adoro essa música, vem, vamos dançar!

Bianca não teve tempo de responder se queria ou não dançar, pois, Vanessa a puxou pelo braço e a levou para o meio do salão. No entanto, ela estava ansiosa para dançar e se entregar ao som da música. Os rapazes continuaram sentados conversando, enquanto elas dançavam. Diferentes estilos de música animavam a pista e as duas jovens logo começaram a chamar a atenção dos olhares masculinos. Vários jovens bem vestidos dançavam na pista, deixando seus corpos livres, acompanhando o ritmo da música.

Dois rapazes, que estavam observando Bianca e Vanessa dançarem, finalmente tomaram coragem e se aproximaram delas, ficando cada um de frete para uma delas. Eram jovens aparentando a mesma idade que elas, bem vestidos e de boa aparência.

Não demorou muito para que Rafael, sentado de frente para onde elas estavam, percebesse o interesse dos rapazes e alertasse Alex, apontando para onde elas estavam com um aceno de cabeça. Os outros olharam instantaneamente na mesma direção.

— Vai perder a namorada, Alex... — Disse Val, provocando o amigo.

— Ela não é minha namorada!

— Mas ela está com você hoje, vai deixar furarem teu olho? — Perguntou Rafael, prendendo o riso.

— Merda! — Alex bufou. — Vamos lá comigo, Eduardo. — Disse Alex, dando dois tapinhas de leve no ombro de Eduardo ao se levantar.

Os dois seguiram na direção delas. Alex encarou o jovem que estava de frente para Vanessa de modo ameaçador. No mesmo instante o jovem cutucou o amigo que dançava flertando com Bianca e juntos os desconhecidos pretendentes deixaram a pista de dança.

Alex, sem esconder o ciúme, segurou a mão de Vanessa e a levou de volta para a mesa, deixando Bianca sozinha e encabulada no meio da pista. Mas isso durou apenas alguns instantes, apenas o tempo de Eduardo chegar por trás e passar seus braços em torno da cintura dela.

Bianca foi pega de surpresa e virou imediatamente a cabeça para trás, para ver quem era. Ela se surpreendeu ainda mais ao se deparar com o rosto de Eduardo, que, mais uma vez, exibia um seu típico sorriso cínico e um brilho diferente no olhar.

— O que esta fazendo? — Perguntou Bianca.

—Dançando com você. — Respondeu Eduardo virando-a de frente para si.

— E por acaso você sabe dançar?

— Diz você. — Sussurrou Eduardo na orelha de Bianca.

Eduardo puxou o corpo de Bianca para junto de seu corpo. A despeito do ritmo da música que estava tocando, os dois dançavam lentamente. Eduardo deslizou as mãos pelos braços de Bianca até que alcançasse as mãos dela, segurou-as e as levou ao pescoço. Sem tirar os olhos dos olhos dela, ele pousou suas mãos na cintura de Bianca e puxou-a ainda mais para junto de si, seus corpos se tocando. Encostou a testa na testa de Bianca. Podia sentir o calor do hálito dela, cheiro de menta e limão.

A respiração dela se acelerou, assim como as batidas do coração quando Eduardo abaixou a cabeça, deslizando os lábios pela pele do pescoço dela. Ele percebeu o efeito que causava nela e sorriu. Bianca pôde sentir o sorriso se formar nos lábios dele sobre sua pele. Mais rápido do que ela gostaria, a música acabou. Eduardo se afastou dela e a encarou, os olhos brilhavam e o típico sorriso cínico se formou nos lábios dele.

O rosto dela exibia uma expressão de surpresa e frustração. Por alguma razão, ela estava decepcionada, esperando por algo que ela nem mesmo sabia o que era. Eduardo aproximou os lábios da orelha de Bianca e sussurrou:

"Só queria te provocar."

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