1. Esbarrando no Destino
Valentina Carvalho
A estrada se estendia à minha frente, um caminho sem fim que eu não sabia para onde levava. As últimas horas tinham virado minha vida de cabeça para baixo, tudo o que eu acreditava ter vivido durante tantos anos era uma mentira. Uma mentira que me deixou sem rumo, sem direção.
Dirigi por mais de uma hora, sem destino, sem propósito. Apenas seguindo a estrada, deixando para trás a vida que eu conhecia. As lágrimas molhavam meu rosto, uma mistura de tristeza, raiva e confusão. Não sabia como havia chegado tão longe, como havia permitido que minha vida se transformasse nessa bagunça.
O painel do carro piscava, alertando que a gasolina estava acabando. Parei em uma cidade desconhecida, sem saber onde estava. A única coisa que sabia era que precisava sair do carro, respirar, tentar entender o que estava acontecendo.
Foi quando vi o aeroporto. O avião pousando na pista, as luzes brilhando na escuridão. Não abasteci o carro, não voltei para a estrada. Em vez disso, segui para o aeroporto.
Caminhei pelo aeroporto, observando as pessoas andando de um lado para o outro. Foi então que percebi que não tinha dirigido por uma hora, mas sim por várias. O meu celular começou a tocar, mas eu não queria falar com ninguém. Olhei para o nome da companhia aérea e decidi que era hora de fugir de tudo aquilo.
De repente, eu esbarrei em um homem que parecia uma parede de músculos, meu corpo foi jogado para trás com o impacto, mas ele me segurou para que eu não me esborrachar no chão.
— Nereye bakarak yürüyorsun? (Não olha para onde anda)" ele disse. Eu não fazia ideia do que ele estava dizendo.
— Me desculpe, senhor - respondi, sem saber o que mais dizer. Ele estava com vários outros homens, todos pareciam ser seguranças. Eu tinha entrado na frente dele sem querer. Seus olhos claros me observavam atentamente, mas eu segui meu caminho até o guichê, deixando o cara bonito para trás.
— Eu quero uma passagem, para o próximo avião que for decolar - disse a atendente.
— Como assim, senhora? - ela perguntou, parecendo confusa.
— O próximo avião que for sair deste aeroporto, eu quero uma passagem - repeti.
Ela me informou que havia um avião que iria decolar em meia hora e que os passageiros já estavam embarcando. Eu concordei, querendo apenas sair dali o mais rápido possível.
Quando ela me disse o valor da passagem, quase caí para trás. Era muito mais do que eu esperava, mas eu paguei. Passei o cartão, torcendo para que minhas economias fossem suficientes para cobrir a despesa. O meu telefone continuava a tocar, mas eu só queria fugir.
— Vai despachar alguma mala, senhora? - a atendente perguntou.
— Não - respondi. Eu não ia dizer a ela que nem mesmo malas eu tinha. Eu só queria fugir.
Estava com meu passaporte? Sim, estava, eu tinha uma lua de mel que não iria. Mas não fazia ideia de para onde estava indo.
— Moça, para onde o avião vai? Preciso de passaporte? - perguntei, enquanto a atendente me ajudava a embarcar.
— Istambul - ela respondeu e eu me apavorei.
— Istambul? Aquela lá na Turquia?
— Sim, aquela mesmo.
Nós duas conversávamos enquanto ela me guiava até o avião. Tudo que eu tinha era minha bolsa. E por pura sorte, meu passaporte estava ali, dentro dela. Senti uma vontade imensa de chorar ao lembrar por que ele estava ali. Meus olhos se encheram de lágrimas.
— Tenha uma boa viagem e aproveite, espero que as coisas melhorem para você.
— Seja bem-vinda - disse uma das aeromoças, me encontrando e me direcionando ao meu assento. Enquanto ela falava, eu só conseguia pensar em como tinha vindo parar na primeira classe.
O avião decolou e eu pude aproveitar tudo que a primeira classe tinha a oferecer. Eu estava triste, e sabia que a maioria das pessoas não iria se empanturrar de comida como eu estava prestes a fazer. Mas eu pedi tantas coisas e comi tudo que ela trouxe. Chorei até soluçar, mas eu não queria mais sofrer. Essa viagem seria para me libertar.
Sabia que se ficasse, as outras pessoas me fariam ver que quem estava errada era eu. Jogariam a culpa em mim. Levantei-me e fui até o banheiro. Olhei no espelho e prometi a mim mesma que ninguém mais tomaria conta da minha vida. Eu era a dona da minha própria vida. Eu não sou uma modelo internacional, mas não sou um monstro. E decidi que nunca mais me apaixonaria por ninguém. Nunca mais.
— Ninguém mais vai me fazer de boba. Eu tomo as rédeas da minha vida de agora em diante - ergui minha cabeça e seria uma nova mulher.
Ao abrir a porta do banheiro, quase morri de susto. Havia um homem parado ali, bem na minha frente, o mesmo cara do aeroporto. Ele era alto e forte, com vários centímetros a mais que eu. Quando olhei para cima, me deparei com seus olhos claros. Ajeitei meus óculos, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele me empurrou para dentro do banheiro.
O beijo que ele me deu foi tão rápido e intenso que mal tive tempo de processar o que estava acontecendo. Meu coração batia acelerado, minha mente girava. Aquele homem lindo estava ali, na minha frente, me beijando com tanta paixão.
Foi um turbilhão de emoções. Eu não sabia quem ele era, porque estava ali ou porque havia me beijado. Mas naquele instante, nada disso importava. Eu estava ali, vivendo aquele momento intensamente.
Ele me levantou e me sentou na pia, minhas mãos imediatamente correram até os seus cabelos e meus dedos se entrelaçaram ali. Ele puxava o meu corpo para perto do dele, era tão diferente de tudo que eu já tinha vivido.
As mãos dele passeavam pelo meu corpo, explorando cada centímetro da minha pele. Sua boca deixou a minha e desceu pelo meu pescoço, me fazendo soltar gemidos involuntários. Mesmo por cima do tecido, ele abocanhou meu mamilo, me fazendo arfar de surpresa e prazer.
Tantas sensações... Eu nunca tinha sentido algo assim antes. Nunca tinha experimentado esse tipo de intimidade com um desconhecido, muito menos em um banheiro de avião. Eu sabia que não deveria estar ali com ele, mas estava gostando. Era algo passageiro, casual. E eu, estava tão chateada com tudo que havia acontecido...
Eu estava cansada de me sentir triste, de me sentir culpada. Eu queria algo diferente, algo que me fizesse esquecer, mesmo que por um momento, de tudo que estava acontecendo. E aquele homem, aquele desconhecido, estava me proporcionando isso.
Eu me entreguei àquele momento, àquelas sensações. Deixei que ele me explorasse, que me fizesse sentir coisas que eu nunca tinha sentido antes. Eu sabia que era errado, que eu não deveria estar fazendo aquilo. Mas naquele momento, eu não me importava.
Eu estava vivendo algo novo, algo excitante. E por mais que eu soubesse que aquilo era passageiro, que não passava de um momento de loucura, eu não me importava. Eu estava gostando, estava me sentindo viva. E naquele momento, era tudo que eu precisava.
Enquanto estávamos perdidos naquele momento de desejo, um som alto e insistente ecoou pela porta do banheiro, nos tirando abruptamente da nuvem de prazer em que nos encontrávamos. Alguém estava batendo na porta, interrompendo aquele momento intenso. Um brutamontes apareceu na porta e disse com uma voz firme:
— Chefe, conseguimos as informações - o homem me olhou e ficou com os olhos arregalados.
— Agora não, seu idiota - respondeu o homem com quem eu estava. Eles começaram a discutir, aproveitei a oportunidade para passar entre os dois com uma rapidez impressionante. Graças a Deus eu era pequena. Minha roupa estava amassada e um pouco aberta, eu me sentei rapidamente no meu assento, tentando me isolar e fugir daquele homem.
— Onde eu estava com a cabeça, de quase me entregar a um homem no banheiro de um avião? - coloquei as mãos na cabeça.
Doze horas depois, finalmente cheguei ao aeroporto de Istambul. Era um lugar grande e bonito, mas eu estava cansada e precisava encontrar um hotel. Já havia pesquisado alguns e sabia que eram caros, mas consegui fazer uma reserva. Agora, só precisava encontrar um táxi.
Segui para fora do aeroporto e avistei um carro com um homem segurando uma placa com meu nome. Estranhei, mas entrei no carro mesmo assim.
— O hotel te enviou? - perguntei, mas o homem não respondeu. Em vez disso, ele trancou todas as portas do carro, deixando-me em pânico — Para onde estamos indo? - gritei, desesperada e comecei a beber nele com a minha bolsa. Mas o homem apenas pegou um spray e jogou no meu rosto. Senti meu corpo enfraquecer, a consciência se dissipando lentamente. Tentei abrir a porta, lutar contra o sono que me dominava, mas logo caí em um sono profundo.
O que estava acontecendo? Quem eram essas pessoas? Minha mente estava cheia de perguntas sem respostas, enquanto meu corpo se entregava ao sono profundo, levando-me para um destino desconhecido.