Capítulo 8
- Então você está me dizendo que acha que uma mulher não deve andar de moto? -
Olho para o meu rival, porque ele pode ser sexy, arrogante e convencido... mas ele definitivamente não tinha como calcular minha teimosia.
- Só estou dizendo que é mais perigoso para uma mulher andar de motocicleta. -
- Você acha que somos inferiores aos homens? -
A tensão que se pode sentir no ar é mais intensa do que a pizza de salame que estou comendo.
- É impressão minha ou esse orégano é de primeira qualidade? - Olivia tenta levar a conversa de volta a um nível normal, mas tanto o agente quanto eu não temos a menor intenção de desistir.
- Não é isso que quero dizer. - Ela levanta o copo cheio de água até os lábios e toma um gole lentamente, mantendo os olhos fixos em mim e me deixando à mercê da curiosidade por sua resposta.
Isso é uma tortura.
E então, como diabos ele torna sensual até mesmo um gesto tão simples como beber um copo de água?
Ele coloca o copo sobre a mesa e passa a língua sobre os lábios para umedecê-los.
Por favor, abra as janelas. O verão deve ter chegado mais cedo este ano, porque estou fervendo.
Engulo em resposta ao gesto dele, porque, por algum motivo estranho, minha garganta fica seca de repente.
Maldito salame apimentado.
Ele finalmente decide continuar seu discurso.
- A maioria dos acidentes acontece na estrada, e adivinhe só? Os motociclistas estão entre as vítimas mais afetadas. -
- Ok, mas o que isso tem a ver com as mulheres? -
- Pessoal, alguém quer mais pizza? - Dessa vez, é o Ian que tenta salvar a situação, mas sem sucesso.
- Não. - Trey e eu respondemos em uníssono.
- Obrigado. - acrescento, sem querer parecer rude.
Trey continua explicando sua teoria.
- As mulheres são fisicamente mais frágeis do que os homens. Elas sofrem mais lesões graves e ferimentos em acidentes, e não acho que seja sensato tentar se aproximar do perigo de propósito. -
Está brincando com fogo, agente Trey.
- Então, em sua opinião, deveríamos todos ficar em casa e fazer belas estátuas? -
Olivia está me encarando, mas acho que ela já se conformou em querer se meter entre nós.
- Eu digo que é estúpido e imprudente pular nas chamas se você sabe que vai se queimar. -
Coloco as duas mãos sobre a mesa, inclino-me para a frente e lhe dou um olhar desafiador.
-O senhor tem medo de se queimar no fogo, policial? -
- Tudo bem, é isso, a conversa acabou, precisamos ir tomar um sorvete. -
Olivia me arrastou pelo braço para longe da mesa e daquele jantar nojento, não me deixando nem mesmo terminar minha pizza.
Bem, eu não estava mais com fome.
Minha amiga fica na minha frente, colocando as mãos nos quadris e fazendo a mesma expressão que minha mãe fazia quando queria me repreender.
- O que foi isso? -
- O que foi o quê? - Eu bufo.
- Você estava claramente flertando. -
Uma risada alta escapa de meus lábios automaticamente.
- Não estávamos flertando, Olly. Estávamos simplesmente brigando um com o outro. -
Ela revira os olhos.
- Sim, claro. O quanto você gosta de um ao infinito? -
Eu franzo a testa.
- Mas o que...? Olly, eu não gosto dele. Esse cara é um fanfarrão, arrogante, presunçoso e...
- Ok, infinito. - conclui ele.
Balanço a cabeça quando um tom de discagem distante interrompe nossa conversa.
O Sr. Presunção se levanta da mesa e atende a ligação, afastando-se de nós.
Olly tira o sorvete do freezer, enquanto Ian se junta a nós para pegar alguns copos e colheres.
- Você e meu irmão têm um temperamento bem diferente, sabia? - o garoto me provoca.
- Vocês vão se dar muito bem. -
Tudo bem, uma buzina. Não estou nem perto daquele balão inflado.
Oh Deus, mas com todas as pessoas que eu poderia ter conhecido hoje, poderia ser ele a cruzar meu caminho?
Eu teria preferido qualquer outra pessoa. Todos, menos ele.
Voltamos para o quarto pouco antes de Trey nos alcançar, que, sem fôlego, pega suas coisas.
- Desculpe, tenho que correr. Emergência no trabalho. -
Muito bem, correr e prender um motociclista inocente.
- Seu trabalho deve ser difícil, não é, irmão mais velho? -
Sr. Policial - sim, eu o chamaria assim porque sei o quanto isso o irrita - ele acena com a cabeça, pega a jaqueta e se dirige à porta.
- Sim. Pense, por exemplo, que na outra noite tive de levar para casa uma garota que estava andando sozinha na rua no meio da noite, vestida apenas com um roupão de banho rosa. -
Olivia e eu trocamos um olhar conhecedor.
- Inacreditável. - Ian comenta.
- Ela deve ter parecido louca para você. -
O policial desvia o olhar para mim dessa vez e eu me sinto corada.
- Para dizer a verdade, eu a achei linda. -
Já se passaram cinco dias desde aquela noite absurda.
Cinco dias em que o policial não apareceu.
Não que eu o estivesse esperando, é claro.
No entanto, tive a oportunidade de me entreter em sua ausência, alternando um compromisso com outro: entre trabalho, treinamento com Chris, outros empregos e alguns momentos com Rick, não perdi nada.
Estar de plantão no Ruby's ajuda a me distrair dos pensamentos.... E daí, pensar em quê?
Definitivamente não é o que Trey disse sobre mim naquela noite, nem o fato de ter me chamado de linda.
Obviamente, ele estava se referindo ao roupão de banho.
Os roupões de banho sempre têm seu papel.
- Você tem notícias da Michelle? -
Há um clima de fofoca no bar hoje.
Minha colega loira, Blair, está pedindo notícias da outra Barbie sentada no balcão e, por um momento, sinto como se tivesse sido puxada para um episódio de Pretty Little Liars.
Pelo que entendi, Michelle é uma amiga dela que está se esforçando ao máximo para acabar entre os lençóis do agente Trey. E, para isso, ela cometeu vários crimes só para ser presa por ele.