Capítulo 2
- Agente Trey Weston. - Repito, cada vez mais inseguro sobre essa conversa, enquanto um lampejo de clareza se acende em minha mente: é "aquele" Trey? O Trey Weston de que todos estão falando?
O uniforme está lá, o visual de serial killer também... sim, considerando tudo, acho que realmente cruzei o caminho do novo policial de Newport Beach.
E, pelos rumores que ouvi sobre ele, isso não é bom.
- Por que está repetindo tudo o que eu digo? - seu tom gélido interrompe minhas reflexões, pois ele gosta de zombar de mim com uma expressão dura.
Bem, um babaca é um babaca, não há dúvida quanto a isso.
Entretanto, a escuridão da noite lhe dá um charme tão sombrio e encantador...
Ficamos nos encarando por um momento em silêncio, ele esperando minha resposta, eu fantasiando sobre como posso usar suas algemas em outros contextos.
Joshe, pare com isso, você já está noivo.
- Você esteve bebendo? - sua pergunta me traz de volta à realidade.
- Não, eu não bebo. -
- Você não bebe? - ele pergunta seriamente, levantando uma sobrancelha e me examinando atentamente, como se pudesse me enganar com suas próprias mãos.
E, de fato, pela inexplicável vermelhidão das minhas bochechas e pela minha falta de atenção, eu poderia muito bem passar por um alcoólatra.
- Bem, sim, geralmente água ou chá verde.... Sou louco por chá verde. -
Nem sei por que estou balbuciando bobagens, mas esse cara, o Sr. Policial Trey Algo, me perturba.
- E por que você cheira a álcool? -
Cada pergunta que ele me faz soa mais como um tipo de ordem. Esse cara não conhece a gentileza.
Oh, merda. Agora como eu explico isso a ele?
A verdade, Joshe. A verdade.
- Hum, bem... o barril explodiu em mim. -
Ele me dá um olhar questionador, talvez para ter certeza de que o que estou dizendo não é uma grande mentira.
Mas, ei, não é fácil tornar a situação crível, do jeito que eu sou!
- Interessante. - ele comenta, cruzando os braços sobre o peito e destacando ainda mais seus bíceps.
Meu Deus, como é que de repente eu não sinto mais frio?
- Não, você precisa acreditar em mim, Sr. Policial. -
- Policial. - ele me corrige novamente.
Mas o que diabos mudou para você?
- Policial, eu estava trabalhando, depois aquela coisa explodiu e minhas roupas ficaram bêbadas de cerveja, mas se quiser podemos fazer o teste do balão, ou você pode me revistar.... -
Imediatamente tapo a boca, depois de perceber que, aos olhos dele, devo parecer um lunático perturbado tentando não ser pego em flagrante.
Ele dá um passo em minha direção e se vira para a porta.
- É melhor entrar no carro, senhorita? -
-Joshe . - Respondo prontamente.
- Joshe Frego. -
Seus olhos deslizam por todo o meu corpo e, embora meu roupão de banho me cubra, agora sinto que não tenho nada vestido.
- Senhorita Frego, vou levá-la para casa e, desta vez, farei vista grossa. -
Balanço a cabeça com orgulho e recuso sua oferta.
- Obrigada, Sr. Oficial - estou aprendendo - mas posso ir sozinha. Como eu lhe disse, não estou bêbada. -
Ao ouvir minhas palavras, ele franze os olhos e cerra a mandíbula.
-Joshe . Entre no carro. - ele fala com a atitude de um comandante.
Talvez paremos para tomar um chá de camomila no caminho?
Decido não dar voz aos meus pensamentos e, de cabeça baixa, vou em direção ao carro da polícia, onde meu sequestrador me convida a entrar com a porta aberta.
- Eu mesmo faço isso, obrigado. - Sento-me no banco sem sequer olhar para ele e o ouço bufar quando a porta se fecha.
Mas será que ele só sabe bufar?
Ele se senta no lado do motorista, fecha a porta e, antes de ligar o carro, seus olhos se encontram com os meus.
- Não é seguro sair sozinho a essa hora da noite. -
***
Nunca estive em um carro de polícia antes.
E isso me aterroriza.
Meu motorista é extremamente calado e me sinto muito constrangida. Além de perguntar meu endereço, ele não disse uma palavra.
De vez em quando, dou uma olhada para eles, porque... bem, talvez porque eu esperasse que os policiais fossem velhos rabugentos com barrigas grandes e QI semelhante aos descritos em piadas.
Em vez disso, este parece ter saído diretamente de uma das séries da Netflix.
- Vocês, policiais, são sempre tão sérios? - eu disse, mordendo minha língua logo em seguida.
Ele mantém os olhos na estrada, mas tenho certeza de que gostaria de me matar com um olhar fixo agora mesmo.
- É mais profissional quem leva o trabalho a sério, senhorita Frego. - Ele ainda está tentando parecer educado.
- Então você é muito profissional, agente Trey. - Eu brinco, sem conectar o cérebro com a língua.
Joshe, desde quando você tem permissão para se familiarizar tanto com membros da força policial?
No canto de sua boca, vejo uma espécie de sorriso aparecer.
Isso é um sorriso, policial Trey? Não quer me dizer que, além de bufar, às vezes você também pode rir?
Olho pela janela e deixo as luzes da cidade fluírem diante de meus olhos.
Mesmo que esse silêncio esteja me matando.
É por isso que tento seguir o caminho da conversa.
- Quantas multas você recebeu hoje? -
Sério Joshe, você vai falar sobre isso?
O policial ao meu lado, no entanto, não parece nem um pouco incomodado com meu questionamento.
- Geralmente é meu colega que lida com isso. Eu patrulho a área e prendo alguns criminosos que tentam se safar. -
Ao ouvir sua explicação, percebo que estou em um carro onde os criminosos estão na ordem do dia.
- E quantos criminosos já houve em meu lugar? - pergunto, enrijecendo-me em meu assento e estremecendo ao pensar nisso.
Meu companheiro me mantém suspenso no ar por alguns instantes, como se gostasse de me ver à mercê da agitação.
- Nem mesmo um. - Então, ele a solta de repente.
- Oh, graças a Deus. - Soltei um suspiro de alívio.
- Nunca sentamos lixo na frente. Mas nos bancos de trás deve haver mais de cem. -
Abro bem os olhos, incrédulo com sua confissão.
Para todos os gatos de Tutankhamun!