Sete
Gaby
Eu cheguei em casa um pouco dolorida, mas feliz da vida, passei logo pra o banho e depois fui procurar o Luan, lhe dar a notícia de que a dívida estava completamente paga, mas já não o encontrei em lugar nenhum, fiquei triste pois já sei que ele foi procurar alguma maneira de se drogar, mas isso não iria ficar assim, na hora em que ele chegar nós iremos ter uma conversa bem séria.
— Amigaaa! - escuto a voz da Manu entrando em casa, e ela me vê na cozinha e já vem me abraçar. — Amiga como você está? Está machucada? Aquele idiota te tratou muito mal? - me pergunta com uma expressão preocupada.
— Amiga, não foi bem assim, ele até que foi meio grosso no início, mas depois que ele percebeu que eu nunca tinha feito sexo antes, o jeito dele mudou, ele me prometeu que seria carinhoso comigo, e ele foi amiga, nossa eu nem consigo descrever direito o que eu senti. - disse pra ela toda a verdade, não fazia nem sentido eu mentir.
— Amiga você gozou? - ela me pergunta e eu confirmo envergonhada com a cabeça.
— Nossa! Por isso é que as putas aqui do morro são tudo doida por ele, é muito difícil fazer uma mulher gozar na primeira vez dela amiga. - ela diz e eu concordo. — Amiga ele usou a boca em você?
— Nossa amiga, eu já tô ficando com vergonha dessa conversa, mas sim, ele usou muito a boca dele em mim, no corpo todo, ele me chupou toda e eu acho que isso foi um dos fatores que fez toda a diferença.
— Amiga com certeza, e saiba que esses caras que ficam com muita piranha não tem esses costumes não, elas ficam com todo tipo de homem, então eles não tem coragem de fazer essas coisas aí todas não, tipo usar a boca nelas, eles nem beijam, isso quer dizer que pra ele você foi especial. - Maju diz empolgada. — Amiga eu sei que estou sendo indiscreta, mas é que eu tô curiosa, por favor, uma última pergunta, ele chupou tua intimidade?
— Aí Maju você é demais viu! Sim amiga, ele fez oral em mim. - eu disse toda vermelha.
— Ah que tudooooo! Menina o chefe ficou doido por você. - ela fala feliz da vida como se fosse a melhor coisa do mundo, mas eu logo a descarto.
— Não amiga, assim que ele terminou tudo, me mandou embora todo grosso, e ainda disse que a dívida estava paga, e que não era pra eu nunca mais aparecer na frente dele. - eu disse dando de ombros.
— Nossa amiga, que estranho. - ela disse dando de ombros também. — E cadê o Luan? Já te pediu desculpas, ou te agradeceu por ter salvo a vida dele?
— Amiga ele não está! Tenho quase certeza que ele foi caçar droga de novo. - eu digo entristecida.
— Amiga teu irmão tá louco? Só porque a dívida dele está perdoada não quer dizer que ele pode sair por aí procurando se endividar mais, ele tá caçando a morte novamente amiga, e dessa vez você não vai poder fazer nada. - eu abaixei a cabeça triste e continuei preparando a comida, com o pouco de mantimentos que ainda tinha em casa.
Foi quando escutamos uma buzina de moto tocar freneticamente em frente de casa, e nós corremos e fomos ver o que era.
— Amiga será que já é o patrão atrás de você novamente? - Maju disse empolgada.
Mas assim que abrimos a porta, tinha três caras, dois numa moto e outro apenas em uma, ambos estavam armados com fuzis.
— Você que é a novinha irmã do Lua? - um deles me perguntou?
— Sim! - já respondi toda chorosa.
— Porra, a mina é gata mesmo, mó princesinha, o Lua vai usar a droga dos morro tudo, porque todo mundo vai querer. - o outro que estava sozinho na moto disse sorrindo asquerosamente. — Tô até achando que vou dá um tijolo de pó pra ele.
— Pra ter essa delícia como pagamento eu também dou, até dois. - o outro disse sorrindo, eles me olhavam de uma maneira que me dava arrepios.
— Do que vocês estão falando? - Maju perguntou.
— Nosso chefe mandou buscar ela, o Lua tá devendo dinheiro pra ele, e já ficamos sabendo que a mina aí paga as dívidas dele com o corpo. - foi só ele dizer isso, que eu já comecei a chorar, a minha vida estava acabada.
— Anda novinha, adianta aí, vamo vê que o chefe não gosta de esperar. - o primeiro já foi dizendo com raiva e minha pernas começaram a virar gelatina.
— Tá doido fiote! A Gaby é a fiel do Lobão, se eles souber que vocês vieram até a Morro dele só pra mexer com a mulher dele, cês tão ferrados, e o patrão de vocês não vão nem poder tirar a razão dele. - a Maju disse e eu fiquei com os olhos arregalados.
— Fiel? Que história é essa de fiel? Desenrola essa fita aí. - um deles disse, já percebi que eles mudaram a postura comigo.
— É isso mesmo o que vocês ouviram, ontem mesmo ele queimou dois que faltaram o respeito com ela, imagina o que ele vai fazer com vapor que é de outro morro até. - Maju disse e os menor começaram a tremer na base.
— Foi mal patroa, passaram pra nois uma fita errada aí, já tamo indo embora, licença. - logo eles se retiraram e eu passei direto pra dentro de casa e me joguei chorando no sofá.
— Amiga geral vai vir atrás de mim agora querendo cobrar dívida do Luan, e como é que tu inventa uma treta dessas com o nome do chefão, ele vai matar nois amiga.
— Gaby me perdoa, mas foi o que eu pensei de imediato pra te ajudar amiga, se não fosse isso a essas alturas tu tava servindo de marmita pra tudo que é traficante. - ela disse chorando também e eu a abracei.
— Amiga obrigada, na verdade eu tenho é que te agradecer, e pode deixar que teu nome não vai ser envolvido nessa fita não, eu que vou dizer pra geral que sou a fiel do patrão, isso afasta todos eles de cena. - falei tranquilizando ela.
Depois de um tempo chorando eu acho até que dormi, quando acordei vi que a Maju já tinha saído e batido a porta, minha amiga também já tinha feito a comida e ido embora, mas sinceramente, nem sinto vontade de comer com tanta preocupação na minha cabeça, e pra piorar ainda mais as coisas, o Luan ainda continua na rua, provavelmente arrumando mais dívida pra eu pagar, pois mais dois vapores vieram atrás de mim, a mando de seus chefes, e eu os despachei com a mesma desculpa de sempre, eu só não sei por quanto tempo mais, eu vou conseguir sustentar essa mentira, eu estou literalmente andando em um teto de vidro.
Estava no sofá pensando em como ia ser minha vida daqui pra frente, quando de repente a porta caiu com um forte chute dado por alguém, e quando eu observei quem era fiquei me tremendo toda, pois o próprio Lobão, o chefão do Morro estava bem ali na minha residência e me olhando de uma maneira nada boa, como se estivesse querendo me matar.
— Ohw novinha mentirosa! Que história é essa que tu anda dizendo pra Deus e as favelas que tu é minha fiel? Tu não tem amor a vida não fiona?