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Capítulo VI

Segurei a garrafa que Bruno tinha deixado no balcão e estendi para ela, que segurou agradecidamente pelo gargalo, pronta para me acompanhar.

Então fiz meu caminho por entre as mesas até o fundo do bar, saindo pelo pátio onde algumas pessoas fumavam, outros se agarravam aproveitando a pouca luz do lugar. Estendi minha mão para a garota que segurou firmemente com a mão livre e adentramos o alojamento no fim do caminho.

O lugar tinha uma sala com tv, sofás, bar e uma mesa de bilhar. Era onde nos distraímos sem nos preocupar com aventureiros, só pessoal autorizado entrava ali. Ainda tinha a sala de reuniões e os quartos dos membros, claro que a maioria preferia sua própria casa, mas Brutos, por exemplo, passava a maior parte do tempo ali.

Vi por cima do ombro os olhos dela vagando pelo lugar, como se quisesse ter certeza de onde estava, ela piscou duas vezes como se para garantir que estava gravando cada detalhe, seria um prato cheio para contar as amigas patricinhas no fim da noite.

— Você vem? — perguntei quando abri a porta do meu quarto.

Stephanie se virou sorrindo e a passos largos ela me alcançou, sua palma deslizou por cima da minha camisa, tocando meu peito e subindo até se enroscar em minha nuca. As unhas afiadas deslizaram por minha pele e ela me puxou para dentro do quarto já atacando minha boca.

Os lábios finos desceram sobre os meus, ávidos por contato e eu não me fiz de rogado. Agarrei a bunda empinada impulsionando seu corpo magro para cima, até que ela colocasse as pernas em volta da minha cintura.

Minha língua circulou a sua buscando mais dela. O sabor era uma mistura de vodka e alguma coisa gordurosa que ela tinha comido, aquilo pareceu estranho, de alguma forma não era o que eu esperava reparar justo agora, mas tratei de empurrar esse pensamento.

Encostei seu corpo contra a parede, usando o meu para simular as arremetidas de um vai e vem, o que faria logo logo sem nenhuma daquelas peças nos atrapalhando. Se o maldito vestido fosse um pouco mais solto eu já estaria sentindo sua quentura contra mim, mas aquela coisa apertada contra as coxas impedia até mesmo que a mulher afastasse as pernas direito.

Determinado a resolver isso embrenhei minhas mãos por dentro do tecido, o puxando para cima até que ele virasse um amontoado a cima do quadril. Senti a pele quente e macia em meus dedos quando apliquei mais força em suas coxas as abrindo e me encaixando até sentir seu centro.

Ela gemeu e tombou a cabeça para trás quando friccionei minha pélvis mais ainda contra a dela. Minha ereção criou vida e aquilo pareceu enlouquecer a mulher, que gemeu e as unhas se fincaram em meus ombros, enquanto ela tentava manter o equilíbrio e antes que percebesse eu senti seus dedos relaxarem e algo escorregar por minhas costas.

A garrafa com o Whisky!

Até eu me surpreendi com a rapidez com que tirei minhas mãos dela e agarrei o Whisky contra minha lombar. Stephanie arfou em surpresa e deu um sorriso culpado.

Ela ia quebrar a garrafa. A. Porra. Da. Garrafa. Porque diabos não tinha colocado em outro lugar? O Whisky estava quase intacto ainda, isso era um pecado!

— Você é rápido como o Edward. — ela disse e eu não entendi a referência, mas me afastei para depositar o vidro na mesa de cabeceira antes que outro acidente acontecesse.

Quando me virei a danada já tinha se livrado do vestido, me surpreendendo com a visão do seu corpo, a calcinha de renda preta cobria pouca coisa e o sutiã de aro empinava os seios fartos me dando vontade de vê-los livres de uma vez, aquelas belezinhas tinham sido feitas para viver livres, bem a vontade e de preferência na minha boca.

— Acho que estou em desvantagem. — murmurei erguendo os braços e puxando a camisa por cima da cabeça.

— Uau, quanta tatuagem motoqueiro. — a boca aberta dizia muito sobre sua apreciação. — Assim que eu alcancei o botão da calça ela se apressou pelo quarto me alcançando. — Deixa que eu faço isso.

Ela desceu devagar, se apoiando nos saltos para fazer o caminho lentamente com a boca, até alcançar o cós da minha calça. Aquilo ia ser bom, ia ser ótimo! Assim que ela sentiu minha ereção por cima do jeans a tocou com os dedos esfregando as longas unhas sobre o jeans fazendo um som nada sedutor. Mas suspirei tentando afastar o pensamento de perigo por aquelas garras estarem tão perto do meu amigo ali, perigosamente perto.

Deixei que minha cabeça tombasse para trás quando ela beijou meu abdômen, traçando o caminho da felicidade e esgueirou a mão por dentro da calça, enquanto descia o zíper. Então o inimaginável aconteceu.

— AAAAAAAAA! — gritei com a dor que me atingiu assim que ela conseguiu a proeza de prender o zíper na porra do meu pau. — Caralho! Caralho! Caralho! — eu gritava e pulava no lugar, me afastando das mãos que abanavam o ar sem fazer nada.

— Me desculpa. — a ouvi gritar com a voz fina, mas o cassete preso aqui era o meu, eu que deveria estar com a voz fina.

— Tigre? — Bruno soou do outro lado da porta enquanto eu lutava para soltar meu amigo do aperto ferrenho do zíper. — Miguel, preciso de você aqui fora! — gritou agoniado.

Mas era uma bela hora, não podia ter nem um minuto de paz, um segundinho de sossego para pedir desculpas ao meu amigo por ter deixado uma maluca tão perto dele e poder conferir o estrago feito a ele.

— Merda, eu estou ocupado aqui! — resmunguei vendo a marca no meu pobre pau murchinho.

— É a Laura cara, ela arrumou confusão no bar, está querendo brigar.

Bufei irritado com toda a soma da situação, talvez eu devesse ter ficado em casa hoje. Praga de mãe pega afinal!

Encarei a mulher do outro lado do quarto já vestida e com o rosto tão vermelho como seu cabelo, quis consolá-la e dizer que isso acontecia, mas só pela ideia meu pau se contorceu e de uma forma dolorida.

— Eu vou ter que resolver isso. — teria que agradecer a Laura por essa intromissão bem-vinda, porque nossa situação aqui tinha ido de fogueira de São João a inverno em Gramado.

— Sua irmã? — ela perguntou incerta de como continuar a entrosação.

— É. — de certa forma era isso que ela era pra mim e eu precisava resolver a merda em que ela tinha se metido. — Aqui, é sua para aproveitar. — murmurei entregando a garrafa.

Ela sorriu me acompanhando para fora e ficou tocando por tempo de mais a garrafa sem realmente segurá-la.

— Você é bem legal, sabia? Se fosse o meu marido aqui, teria surtado com o que fiz.

Então suas palavras bateram contra mim rapidamente me fazendo arregalar os olhos e virar a cabeça como o exorcista. Marido? A filha da mãe era casada? Procurei uma aliança em seu dedo, mas não havia nenhuma.

Qual era o problema com as pessoas em serem fieis? Porque ficar em um relacionamento se não era o que queriam?

— Não me leva a mal, mas se você é casada deveria estar com seu marido e não enfiada em um quarto com um desconhecido. — repreendi tentando não ser grosso, mas falhando.

Não era do meu feitio ficar dando sermões por ai, mas não engolia essa merda.

— Babaca. — retrucou passando por mim e fazendo questão de esbarrar em meu corpo, claramente irritada com a minha fala.

Mas não teve a chance de ir muito longe já que a briga se estendia no pátio. Laura gritava com um homem que parecia não se intimidar, ele claramente não sabia com quem estava mexendo. E nem falo isso por ela ser irmã de quem é, mas sim por ela ser muito boa de briga, quanto qualquer um do bando.

— Posso saber o que está acontecendo aqui? — questionei com minha voz no meu tom habitual chamando a atenção de todos em volta.

— Cara ainda bem que você aparece, porque ninguém consegue segurá-la.

— E porque eu deveria ser segurada? Quando o filha da puta aqui, não sabe manter suas mãos para si mesmo e acha que pode tocar em tudo o que vê pela frente. — Laura gritou exasperada com tudo.

— Eu não sabia quem você era, ou não teria mexido. Juro. — terminou a frase olhando pra mim, como se fosse eu quem precisasse de explicações.

— Foda-se quem eu sou, não me interessa se meu irmão é presidente do clube ou um zé ninguém, você tem que aprender a respeitar as mulheres, independente de quem ela seja, seu merda!

— Ótimo, então você vai ensinar isso a ele. — falei antes que ele tivesse a oportunidade de falar mais merda — Vamos lá Laura, uma luta limpa, quem cair primeiro perde. — não me passou despercebido o sorriso do homem e seus amigos, acreditando que tinham tirado a sorte grande.

— Vai me deixar fazer mesmo isso? — ela duvidou já com um sorriso maldoso brotando no rosto.

— Vou. — vi seu peito inflar em confiança. — Mas com a condição de que se você perder vai voltar para a faculdade.

Rapidamente seu olhar mudou para raiva, ela detestava nossa insistência e eu duvidava que ela cumprisse mesmo que perdesse a luta, mas não podia deixar de tentar.

Ela deu de ombros depois me fulminar com o olhar, voltando sua atenção para o espécime de merda que praticamente pulava em animação. Qual é cara, animação em bater em mulher? Era o novo nível de loucura, só podia.

— Vamos acabar com isso, babaca! — Laura provocou se aproximando e tomando posição de defesa.

Ele tentou a sorte primeiro, voando para cima dela com o punho em riste, mas ela desviou do primeiro e do segundo, o deixando mais irritado, especialmente quando a plateia em volta começou a vaiar.

Então, em seu momento de desespero ele se lançou para frente e ela o acertou na lateral. Seu rosto girou com o impacto, os olhos arregalados com a surpresa de ter sido atingido. Mas antes que ele tivesse oportunidade de revidar Laura deu um cruzado de direita, acertando em cheio seu nariz, seguido de uma rasteira.

Mas não pensem que ela se deu por satisfeita, assim que o corpo do pavão caiu, ela se debruçou em cima dele distribuindo socos e tapas.

— Isso é pra você aprender a nunca mais passar a mão em uma mulher! — gritava enquanto finalizava o homem.

— Tá bom mini Godzilla, você já mostrou pra ele quem é que manda! — me prostrei a tirando de cima dele.

Por mais que eu estivesse adorando o show, a última coisa que precisávamos era de mais uma queixa de briga no bar e algum processo. Brutos ia adorar saber que a irmã estava chutando a bunda de alguém em plena segunda.

Depois de fazer o homem ir embora junto com os amigos, com um belo aviso no rosto para não voltarem mais ali, me voltei para o salão encarando a briguenta que parecia comemorar sua vitória cantando e bebendo.

Minha noite tinha sido um belo desastre, não tinha conseguido uma transa, mas sim um pênis machucado; não bebi o suficiente para cair por ali mesmo e ficar; o ponto alto da noite tinha sido ver Laura arrebentar um idiota, o que não era grande já que eu e Brutos é quem tínhamos lhe ensinado a lutar.

Saldo final: dor, cansaço e tesão acumulado.

Na próxima vez que minha mãe me falasse para ficar eu ia ficar, não queria arriscar, poderia perder meu pinto na próxima e prefiro nem tentar a sorte.

Enquanto subia em minha moto vendo o capacete reserva ali me peguei pensando nos cabelos cacheados se sacudindo ao tirá-lo, o sorriso fácil, a loucura em todo um metro e cinquenta, as roupas coloridas e o beijo. O beijo com gosto de Whisky e chocolate que eu não conseguia esquecer.

Peguei a estrada de volta pra casa com todos os detalhes que formavam Maria e de certa forma eu sabia que tinha mais, muito mais a ser desvendado sobre o furacão que era aquela mulher.

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