CAPITULO 6
Lis olhou incrédula para o modo como todos sorriam ao encará-la, pois pareciam aliviados ao verem Michael ao seu lado.
O que está acontecendo aqui?
Questionou-se ao olhar em sua volta e se deparar com Philipe a olhando fixamente. Segurou a taça de champanhe em sua mão com força ao sorrir falsamente e andar em direção ao terceiro príncipe, o qual estava próximo a uma parede, solitário.
— O que acha de uma companhia? – Lis perguntou assim que parou em frente a Philipe. Ela sorriu no momento em que seu vestido esvoaçante fez um ligeiro movimento, assemelhando-se a uma nuvem. Lis parecia estar flutuando sempre que caminhava pelo salão.
— O que espera? – Philipe perguntou sem hesitar ou esboçar qualquer reação. – Não gosto de jogos doentios como Michael.
— Eu estou jogando com você?
— E não pretende? Não tem outro motivo para vir até mim, sorrindo tão falsamente quanto Michael. Acredito que o seu é ainda pior, já que meu irmão adora iludir as pessoas, alimentar seus devaneios.
— Acredito que deve estar enganado. A última coisa que pretendo fazer é jogar com você, ou deveria chama-lo de realeza?
— Pode me chamar como desejar. Não me importo com títulos vazios. – Lis assentiu diante do que ele dissera. – Agora vamos a verdade, pode falar.
Ela percebera o quão difícil seria enganar o terceiro príncipe.
— Você dança bem – Lis elogiou imaginando que isso poderia derrubar alguma barreira, entretanto, Philipe permaneceu com a mesma expressão de tédio. – É um pouco difícil conversar quando na verdade estou tendo um monologo.
— Se isso a incomoda, poderia retornar para o seu lugar, ao lado de Michael.
— Seu irmão é um doente – Deixou escapar alto demais, dando de ombros no momento seguinte – E não estou disposta a sorrir ao lado de um homem que tentou me matar.
Philipe a olhou demoradamente, antes de desviar os olhos ao levar a taça aos lábios. Os olhos da jovem permaneceram no terceiro príncipe.
— Continuará me encarando por quanto tempo? Isso é incomodo.
— Até conversar como alguém normal – Respondeu. – Mas parece que meu pesadelo vai continuar – Se viu falando ao olhar para atrás e ver Michael andando elegante em sua direção. Se ela não tivesse visto a sua verdadeira face, poderia cair de amores por ele. Para muitos, Michael poderia representar todo o charme de um príncipe, mas para ela, o segundo príncipe era apenas um demônio. Um ser humano detestável e odioso.
E sem aparentar culpa ou demonstrar desconforto, Michael segurou Lis pela cintura, trazendo-a para perto de seu corpo.
— Seja um bom cachorro – Sussurrou em seu ouvido, divertindo-se como o corpo dela enrijeceu. – Se for um bom cachorrinho, ganhará uma recompensa.
— Nem em seus sonhos – Respondeu ao pisar no pé de Michael e em seguida derrubar o champanhe na roupa dele, discretamente. Seus olhos mantinham uma força de vontade e desafio que fez Philipe sorrir largamente atraindo a atenção de Lis. A jovem encarou Philipe incrédula. Ela ainda não conseguia compreender como todos no palácio conseguiam ser tornar ainda mais bonitos sorrindo. – Você realmente deveria sorrir mais – Elogiou o terceiro príncipe, ignorando Michael. Todavia, Lis não demorou para sentir a mão de Michael em seu braço, puxando-a para longe do outro príncipe – O que está fazendo? – Indagou ao tentar manter a calma ao mesmo tempo em que era arrastada pelo salão em meio aos olhares de compreensão e compaixão.
Esse doente já deve ter matado alguém.
Se viu constatando. Na mente da jovem, ninguém temeria outro ser humano daquela forma, se ele não tivesse matado alguém a sangue frio.
— Me largue – Disse ao tentar parar, puxando o seu próprio braço, mas viu ser impossível. Seus passos tentavam acompanhar Michael, temendo cair. – Pare com isso! – Gritou sufocada pela situação. Ela estava prestes a fazer um escândalo quando o viu parar, e curiosa sorriu ao ver o rei o encarando com fúria.
— Deveria se comportar – O rei se limitou a dizer ao olhar para o filho com frieza – Estamos em seu noivado, e como já sabe em situações assim devo lhe dar um presente, e por isso irei lhe dar um título – Pigarreou antes de aumentar o tom de voz – Agradeço a todos pela presença. O meu filho finalmente está se casando e para celebrar, a partir desta noite, o segundo príncipe Michael August Stone, será o Visconde de Lagros. – Todos aplaudiram em seguida, com exceção de Philipe e o herdeiro do trono Augusto. Michael virou-se para Lis ao puxá-la de encontro ao seu corpo antes de colar seus lábios, em um beijo infantil. Contudo, a jovem empurrou o príncipe lhe dando as costas. Ela não se importava com nada.
Lagros era uma das cidades mais prosperas do país, e entregar esse título ao príncipe sádico era o mesmo que admitir que ele o tinha em alta estima.
— Deveria tomar cuidado – Philipe disse próximo a Augusto – Se não, seu trono será tomado. – Augusto assentiu a contra gosto enquanto sorria falsamente.
***
A raiva era visível na face de Lis ao subir as escadas segurando o seu vestido o mais alto que conseguia. Ela não conseguia acreditar no atrevimento de Michael ao tentar beijá-la daquela forma. A cada degrau que subia, um impropério escapava de seus lábios.
Ela se sentia ultrajada pelo comportamento de Michael e mais ainda pelo seu, pois por um segundo. Um milésimo de segundo. Havia permitido aquele beijo.
— Eu deveria mata-lo- Grunhiu assim que parou em frente a porta do quarto onde estava. Hesitou ao abrir a porta, contudo assim que girou a maçaneta sentiu o seu corpo ser puxado com violência na direção oposta. Seu corpo foi jogado em direção a parede. O impacto a fez gemer levemente tanto de dor como pela surpresa. – O que você quer? – Perguntou ao encarar a pessoa que a surpreendera. Michael. O segundo príncipe a olhava com rancor. – Se acha que serei seu cachorro, está enganado. Eu não sou um animal, seu desgraçado – Gritou embalada pela frustração, mas ainda assim com medo. A mão de Michael segurava o seu pulso com força e não demorou para a jovem sentir dor. – Me solte.
— Para continuar me humilhando? – A sua voz estava preenchida pela fúria – Eu disse para ser um cachorro. Obedeça ou eu a matarei – Avisou sem demonstrar piedade ou compaixão ao apertar o seu pulso com uma mão e com outra segurar em seu pescoço – Acha que eu não faria? Eu já matei pessoas, Lis Muller. Não queira ser a próxima – Alertou ao observar o modo como os olhos dela lacrimejavam, em como as mãos dela foram em direção ao seu peito como se tentasse lutar contra ele – Lute contra mim e tudo vai piorar – A soltou olhando para o vestido amassado. – Amanhã iremos para o Reino Unido. Estou ansioso para a nossa nova vida.
— Eu ainda vou te matar – Lis falou em meio a tosse – Eu juro! – Prometeu a si mesma ao vê-lo lhe dar as costas e seguir em direção ao seu próprio quarto. E pela primeira vez, ela deixou seu lado fraco a mostra ao se ajoelhar no chão e chorar. Ela temia ser morta pelo diabólico príncipe.
***
A rainha Gloria olhou para seu marido com receio ao mesmo tempo em que sorria para os convidados.
— Isso é ridículo – Reclamou próximo ao ouvido do rei – Como pôde deixa-los sair assim da festa? Não quero pensar no que os diplomatas irão pensar.
— Querida, não precisa se preocupar. Assim que saírem deste reino, não teremos mais problemas e qualquer coisa que acontecer será culpa deles, única e exclusivamente. – Glória assentiu pensativa. – E não precisa se preocupar, Sebastian irá com eles. Não pretendo deixar aquele psicopata sozinho.
— Não queremos que incidentes voltem a acontecer – Glória comentou ao entrelaçar seu braço com o do rei Leopold.