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Capítulo 1

Prólogo

Cidade de Amarillo, Texas, 1996.

Jack Colt é um dos fazendeiros mais ricos do Texas, suas terras se estendem até onde seus olhos não podem ver. Mesmo com tanto poder e dinheiro, sente que falta algo em sua vida.

Ele entra no casarão da fazenda e anda até o escritório com a testa franzida. Nunca imaginou que algum dia iria querer ter filhos. Essa vontade estranha de ser pai apareceu de um momento para o outro na semana passada, quando foi convidado por um casal de amigos de outra fazenda para um jantar em comemoração aos dois anos de casados e da filha recém-nascida.

Quando viu a pequena garota e a segurou todo desajeitado com medo de derrubá-la, seu coração encheu-se de amor pela pequena. Ela era linda, uma pequena princesinha.

Sentado à cadeira, não consegue prestar atenção nos documentos à sua frente. Precisa encontrar alguém para ser sua esposa e lhe dar filhos, pelo menos uns cinco.

Os papéis de negócios que antes dominavam seus pensamentos agora pareciam insignificantes. As letras em negrito e as planilhas complexas não conseguiam competir com a imagem daquela garotinha nos seus braços. Ele se viu sonhando acordado com uma família própria, crianças correndo pelos campos, risadas enchendo o ar.

Jack suspirou, passando a mão pelo cabelo em um gesto de frustração. Ele sabia que encontrar uma esposa não seria tão simples quanto fechar um negócio. Precisava de alguém que compartilhasse sua visão de vida no campo, que estivesse pronta para enfrentar as dificuldades e desfrutar das alegrias de criar uma família em uma fazenda.

Levantou-se e caminhou até a janela do escritório, olhando para o vasto horizonte de suas terras. A vastidão e a solidão que antes o confortavam agora só acentuavam o vazio que sentia. Ele precisava de um plano. Talvez fosse hora de socializar mais, frequentar eventos locais, participar das feiras e dos bailes. A vida no campo podia ser isolada, mas Amarillo era uma cidade grande o suficiente para proporcionar oportunidades de conhecer novas pessoas.

Jack sabia que tinha muito a oferecer. Não era apenas um fazendeiro rico, mas um homem honesto e trabalhador, com valores sólidos e um desejo genuíno de formar uma família. Só precisava encontrar a pessoa certa para compartilhar tudo isso.

Determinando-se a seguir em frente, ele saiu do escritório com uma nova resolução. Amarillo tinha muitas possibilidades, e ele estava pronto para explorar cada uma delas. Afinal, um homem como ele, com a determinação de Jack Colt, nunca fugia de um desafio. E encontrar o amor e construir uma família seria sua nova e mais importante missão.

***

Capítulo 1

Enquanto caminhava até o estábulo para selar seu garanhão, Jack ouviu passos atrás de si. Embora estivesse desarmado, fingiu não perceber e continuou até as selas, onde guardava uma pistola 38 embaixo de uma delas.

Com rapidez, pegou a arma e se virou, apontando-a, mas abaixou o revólver assim que reconheceu a pessoa.

- Clayton, seu desgraçado! Quase te acertei!

Clayton deu uma risada ruidosa. Seus olhos estreitaram-se com malícia enquanto ele avançava, exalando uma aura de desprezo.

- Você está sempre tão tenso, Jack. Acha que eu viria até aqui para te machucar? Não seja paranoico.

Jack apertou os lábios com desconfiança, mas relaxou ligeiramente ao ver que Clayton não representava uma ameaça imediata. No entanto, a presença do homem sempre trazia consigo uma sensação de intranquilidade.

- O que você quer, Clayton? Não tenho tempo para brincadeiras - disse Jack, sua voz carregada de desdém.

Clayton deu de ombros, seus olhos brilhando com uma mistura de desafio e diversão.

- Ah, Jack, sempre direto ao ponto. Eu gosto disso. Mas relaxe, não estou aqui para causar problemas. Na verdade, estou aqui com uma proposta que pode lhe interessar.

Jack arqueou uma sobrancelha, intrigado apesar de si mesmo. Clayton não era conhecido por suas propostas benevolentes, mas a curiosidade de Jack foi despertada.

- Continue - disse ele, sua voz cautelosa.

Clayton sorriu, revelando um conjunto de dentes amarelados do tempo e mal cuidado.

- Tenho ouvido falar das suas ambições, Jack. Parece que você está querendo expandir seus negócios, talvez até mesmo encontrar uma esposa para compartilhar sua fortuna. E eu tenho uma oferta que pode tornar tudo isso muito mais fácil para você.

Jack franziu a testa, desconfiado. Ele sabia que qualquer oferta de Clayton vinha com uma série de forcas para escolher uma e se arrepender depois. Não estava disposto a se envolver em nada que comprometesse sua integridade ou sua independência.

- Vá direto ao ponto, Clayton. O que você quer?

Clayton inclinou-se para frente, seu sorriso se alargando como se estivesse prestes a revelar um grande segredo.

- Jack, como você sabe, tenho uma filha, Charlotte. Ela tem 23 anos, uma jovem encantadora e inteligente. Estou disposto a oferecê-la em casamento para você.

Os olhos de Jack se arregalaram em surpresa e indignação. Ele mal conseguia acreditar no que estava ouvindo. Oferecer a própria filha em troca de uma dívida era uma proposta ultrajante e repugnante.

- Você está louco, Clayton? Você acha que eu aceitaria isso? Charlotte é uma mulher, não uma mercadoria para ser trocada como um bem - respondeu Jack, sua voz repleta de repulsa.

Clayton ergueu as mãos em um gesto de defesa, tentando acalmar os ânimos de Jack.

- Agora, não seja precipitado, Jack. Charlotte concorda com isso. Ela sabe que é uma oportunidade única para ela. E, claro, se você aceitar essa oferta generosa, podemos esquecer completamente minha dívida. E você terá uma esposa para compartilhar sua fortuna.

Jack sentiu uma mistura de choque, raiva e nojo. Ele jamais poderia aceitar uma proposta tão repugnante. Charlotte não merecia ser tratada como uma peça em um jogo de negócios entre seu pai e um amigo. Apesar de nunca ter visto a jovem mulher, o amigo só descobriu que era pai quando avisaram que a esposa que abandonou a mais de vinte anos tinha falecido.

- Você é um monstro, Clayton. Eu nunca aceitaria tal proposta. E se você acredita que isso me fará esquecer a sua dívida, está enganado. Jamais me sujeitarei a algo tão abominável - declarou Jack, sua voz ecoando firme no estábulo.

Clayton arregalou os olhos, surpreso pela recusa firme de Jack. Ele tentou argumentar, mas Jack não estava interessado em ouvir. Com uma expressão de desgosto, disse:

- Arrume outra forma de me pagar, Clayton. Eu não aceitarei essa proposta - Jack disse com firmeza, virando-se para sair do estábulo.

Clayton observou Jack sair, seus olhos brilhando com uma mistura de raiva e frustração. Mas então, um sorriso malicioso surgiu em seu rosto.

- Bem, se você não quer minha filha, talvez Silas a queira - disse num tom ligeiramente alto para o amigo ouvir.

Jack congelou no lugar, seus olhos se estreitando em descrença. Silas era um homem de idade avançada, conhecido na região por sua brutalidade com as esposas. Todos sabem que suas mulheres não faleceram de causas naturais, mas nunca encontraram nada que o incriminasse a ponto de o prender. Apenas suspeitas. Ele era temido e evitado por todos, principalmente pelas mulheres. Engole seco antes de se virar.

- Você está louco, Clayton. Silas é um homem velho e violento. Nenhuma mulher merece ser submetida a ele, muito menos à sua própria filha - Jack respondeu, sua voz tremendo de indignação.

Clayton deu de ombros, seus olhos cintilando com satisfação por ter provocado seu amigo.

- Bem, isso é problema meu, Jack. Se não quer Charlotte, então ela terá que lidar com Silas.

Jack sentiu-se nauseado com a ideia. Ele sabia que não podia deixar Clayton usar sua filha como uma moeda de troca, mas também sabia que não podia permitir que ela fosse entregue a alguém como Silas.

- Duvido que você faça isso. Não seria um pai tão abominável.

Com um último olhar de desprezo para Clayton, Jack saiu do estábulo.

- Veremos Jack! Está convidado para o casamento que será em uma semana! - disse num tom alto em seguida gargalhou. - Em uma semana terei o dinheiro que te devo. Até mais, meu amigo.

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