Capítulo 04
Oliver Mourett ༻
— Você pensa mesmo que vou deixar você levar o meu filho de perto de mim? Isso nunca! Não se preocupe, ele está seguro.
Eu sabia o quanto Mia estava aflita com toda essa situação que estamos passando depois do ataque de Esteves, mas uma coisa que eu não poderia permitir, nunca, era que ela tirasse meu filho de perto de mim. Continuei observando-a seriamente. Então, ela respondeu ácida.”
— Eu não estou pedindo permissão para você, Oliver. Estou te avisando: antes de você ser o pai de Nicolae, não se esqueça que sou a mãe e tudo que ameaça a vida do meu filho, se for para o bem dele, eu dou um jeito de sumir com ele no mundo.
— Você não teria essa coragem de tirar o meu filho de perto de mim. Eu não permitirei isso, fique bem ciente. Eu já passei por muitas coisas, eliminei meu próprio sangue para ficar com você. Agora, se você disser que vai tirar o meu filho de mim, você vai criar uma grande guerra comigo também. — eu não gostava de ser duro com as minhas palavras, porém ela não me dava escolha.
Ela me olhou completamente perplexa e bateu palmas, me observando com sarcasmo.
— É isso mesmo que estou ouvindo? Você está me ameaçando? Você precisa usar ameaças, Oliver, se as pessoas não cumprem a sua vontade, certo? Se não dançam conforme a sua música, você simplesmente vai lá e elimina. Houve um tempo em que eu tinha medo de você, porém depois que virei mãe, esse medo passou. Pelo meu filho, posso até mesmo virar uma onça para defendê-lo.
— Não tem por que estarmos tendo essa discussão. No entanto, não entrarei no seu jogo. Eu já estou com a cabeça cheia de problemas para resolver. Saia daqui e me deixe conversar com Derick em paz. — Mia me observa de uma forma cansada e responde.
— E voltamos à estaca zero, o ogro me tratando como antigamente. Quer saber de uma coisa, Mourett, chega! Eu cansei. Agora, não pense que, se você arriscar mais uma vez a segurança do meu filho, eu não farei nada.
— Vou relevar suas palavras porque sei que você está com a cabeça quente e não quero brigar com você. Mas lembre-se que você aceitou ficar do meu lado sabendo que eu era dessa maneira. — ela balança a cabeça negativamente, me observando, e responde.
— Talvez esse tenha sido o meu erro, pois não releve as minhas palavras. Quero que você vá se foder, ou melhor, vá para o raio que o parta.
É a última coisa que ela fala antes de sair pela porta, batendo-a bruscamente. Passo a mão na minha barba, me controlando, porque se fosse em outro tempo eu já teria ido atrás dela e lhe dado uma lição. Derick dá um assobio, observando tudo.
— Nossa, a patroa está com todos os cachorros dela soltos. Essa invasão deixou todo mundo estressado, chefe!
— Nisso, eu vou concordar com você, mas voltando ao assunto, você precisa descobrir quem são esses infiltrados. Acredito que você terá que fazer como antigamente: selecionar os bons a dedo, quem está cuidando dessa administração dos soldados? — Derick me observa por um momento, meio receoso; no entanto, ele me revela.
— Olha chefe, eu estava muito sobrecarregado e acabei passando essa função para o Ramon, porém ele não é bom com isso, e ultimamente ele tem aceitado qualquer homem que queira entrar.
— Porra… Derick, você não tinha outro homem para arrumar? Odeio esse homem, ele não tem competência para isso. Provavelmente está aceitando qualquer um mesmo. Troque-o por alguém mais responsável. — ele concorda com as minhas palavras e responde.
— Imaginei que o senhor me diria isso, mas não se preocupe. Quem cuidou de tudo aqui fui eu. Dessa vez, eu não falharei. Não tem como Esteves saber que vocês estão aqui. Porém, eu tive outra ideia: espalharei pequenas escutas pela organização para saber quem é o safado que está por trás dessa traição toda.
— Faça o que você achar melhor. Agora, eu preciso realizar alguns telefonemas. Eu não tenho cabeça para descansar no momento.
Eu me sinto sobrecarregado com toda essa situação. Ser um mafioso nunca foi fácil, e agora, com a ameaça de Esteves pairando sobre nós, a pressão está ainda maior. Sempre soube que o mundo em que eu estava envolvido era perigoso, mas agora, com o meu filho em risco, sinto um peso enorme sobre os meus ombros.
Saber que Mia está disposta a tirar meu filho de perto de mim é algo que me atormenta. Não posso suportar a ideia de ficar longe dele, mas também não posso culpá-la por querer protegê-lo. Essa situação me colocou contra a parede e a intensidade das nossas discussões mostra o quão desesperados estamos.
Tento desatar o nó na minha gravata para conseguir respirar um pouco melhor. Tudo o que está acontecendo tem me sufocado ultimamente. Enquanto levo uma dose de uísque à boca, vejo aqueles malditos juntos: Mauro, Nicolas e Otto me observando maldosamente e dando risada. Em um ato de fúria, eu simplesmente pego o copo e o arremesso, fazendo-o estilhaçar. Irritado, digo:
— Seus desgraçados… podem esperar que logo Esteves se juntará a vocês, porque eu não vou descansar enquanto não mandar esse maldito para o inferno. Ele não fará mal nem para mim, muito menos para minha mulher e meu filho.
De repente, as figuras deles somem, dando lugar a um vazio escuro. Ótimo, eles que fossem atormentar a mente de outro, porque a minha era muito escura e tenebrosa para eles acharem que vão me causar medo agora que são fantasmas. Se eu tivesse que matá-los novamente, eu conseguia ir até o inferno para conduzir isso.
Após resolver o que era necessário no escritório, entro no quarto e percebo que está vazio. Acredito que Mia deve estar com a babá. Decido ir até lá porque quero ver meu filho. Assim que entro, vejo as duas conversando.
— Senhora, se quiser, pode ir descansar que cuido muito bem de Nicolae. Ele não dá trabalho, dorme quase o tempo todo.
— Não será necessário, Sofia. Pode ir para o quarto dos funcionários. Hoje ficarei com meu filho. Planejo dormir por aqui mesmo — a funcionária parece surpresa com a revelação, mas acaba concordando.
— Tudo bem. Se precisar de alguma coisa, pode me chamar senhora. Bom descanso!
— Igualmente, Sofia. Durma bem. Porque sei que ser babá não deve ser fácil. Tenha um bom descanso também.
Observo a babá se retirar e, quando ela percebe minha presença, peço para fazer silêncio. Ela concorda com as minhas palavras e se retira. Assim que estou somente com Mia, vejo-a se aproximar do berço de Nicolae e embrulhá-lo com seu cobertor.
Mesmo tendo a luxo de ter uma babá à sua disposição para tomar conta do nosso filho, ela não renuncia ao cuidado. Continuo apenas observando seus movimentos. Assim que ela se vira, toma um susto ao me ver, mas se recompõe e vai até o closet pegar algo. Ao perceber que ela não fala nada, resolvo comentar.
— Então, é dessa maneira que você fará me ignorado, ficando calada e me evitando como se eu não existisse? Isso não funciona comigo.
— Olha, Oliver, agora não. Estou cansada, tive um dia difícil e estressante. Me poupe desse seu discurso. Eu realmente não estou com paciência. O que você deixa de pensar ou não é um problema meu — Mia está sendo bastante fria comigo, e não gosto disso.
Assim que ela vai tirar o cobertor da cama, segurei sua mão, fazendo-a me encarar.
— Cherry, para de me tratar assim. Sei que você teve um dia difícil, mas não foi a única. Eu também estou cansado. Não quero que continuemos brigando.
— Dá para você me largar? Eu já disse que não quero ouvir nada que venha da sua boca, Oliver. Eu realmente preciso de um tempo sozinha para colocar meus pensamentos em ordem, e você não é a melhor opção para estar perto de mim nesse momento. — não suporto a maneira que ela está me tratando e a puxo para mim, fazendo nossos corpos ficarem mais próximos.
No entanto, ela me empurra e responde.
— É melhor você parar. Isso não funcionará comigo. Hoje estou com raiva de você. Me deixe em paz. Se você veio ver seu filho, vá até o berço. Dormirei por aqui.
— Não acho isso certo. Você deveria dormir comigo na nossa cama. Você é minha mulher, Mia… — ela dá uma risada sarcástica e responde.
— Na verdade, eu não sou não. Eu apenas sou sua noiva, nada mais que isso. Agora não me enche mais a paciência. Me deixe dormir. Eu realmente não quero mais papo com você hoje.
Ela simplesmente entra no meio das cobertas, virando-se de lado e me dando as costas. Respiro fundo, porque eu também já estou cansado de brigar. Vou até o berço do meu filho, observando-o dormir, e em pensamento digo: “Não irei deixar nada acontecer com você, meu filho. Prometo.”