Capítulo 3
"Que diabos você está fazendo aqui?", exclamamos em uníssono.
-Eu trabalho aqui, e vou te contar mais. Esta noite era para ser minha folga, mas não, eles me ligaram porque era um caso urgente e o cara não queria conversar. Parece-me óbvio, você é um avô que não usa dentadura e por isso não pode falar- exclamo com raiva.
Ele me olha confuso e com raiva.
"Sim, você pode dizer o que diabos você está fazendo aqui?" Eu grito e aprecio os quartos à prova de som, embora o guarda na porta me olhe surpreso, eu nunca levantei minha voz.
Vendo que ele não fala há cerca de dez minutos, mas que está interessado em minhas roupas, decido ir até o carro procurar o uniforme reserva que tenho, agora para ver se ele olha mais para mim. Coloquei na hora e voltei.
"Antes, eu preferia você", diz ele com decepção.
Dou a volta na mesa e vou atrás dele.
-Eu prefiro a parte que você fala-
Eu digo em seu ouvido, tocando-o com meus lábios.
Vejo que ele está tremendo e sorrio.
"Você sabe que eu conheço caras como você e sei que um pouco de pressão aqui é o suficiente." Eu movo minha mão para cima de sua perna bem na virilha.
Ele se contorce sob meu toque e inala profundamente.
"Você é uma garota má, você sabe disso," ele rosnou.
"Nada que eles já não tenham me dito" Eu fico atrás dele, aplicando uma leve pressão novamente. -Então, sou todo ouvidos-
Eu olho para ele com curiosidade.
-Eu estava indo rápido e eles me pararam, eles me fizeram um teste de álcool e deu positivo- Ele finalmente bufa.
-Sabe, eu sempre tenho a solução- Me afasto dele e sob seu olhar atento saio para o corredor em busca de um balde cheio de água gelada.
Eu volto e despejo na cabeça dele.
Ele pula e para.
-Que..-
"Cale a boca" eu grito
Admito que também fiz isso por vingança, mas agora ele está mais acordado.
"Você é um bastardo", ele rosna.
"Você sabe que, se eu quiser, posso mandá-lo para uma masmorra por um dia?", pergunto retoricamente.
-O que está esperando? Sempre me intrigou e admito que iria com prazer, e então se for uma garota sexy como você eu poderia ir onde quer que me leve- Ele pergunta me desafiando.
Mesmo que tivesse, ficaria satisfeito, então não posso.
-Para você eu sou uma policial e não uma garota- eu olho para ele com o maxilar cerrado -Sabe de uma coisa? Sinto muito por você, então não vou mandá-lo para lugar nenhum - eu o solto e o tiro.
"Diga-me seu nome e saia daqui", disse ele, ainda segurando os braços dela.
Ele olha para mim, então me dá um daqueles sorrisos que só ele pode fazer.
-Tray, Tray Lewis-
Eu o soltei e me virei.
-Você ainda não me disse o seu ao invés- Ele me joga na cara.
-Você não se importa, tudo que você precisa saber sobre mim é que eu posso colocar você lá dentro quando eu quiser, então tente não se meter em encrenca para você também fugir de mim- Dixo ainda se virou.
-É por isso que eu deveria me afastar de você?-
Eu me viro para encontrá-lo com os braços cruzados.
-Porque eu disse- Pisquei para ele e voltei para o quartel sob seu olhar atento.
No final, ele não me disse por que estava indo tão rápido ou por que estava meio bêbado.
Levanto-me cedo para correr, estou sempre em forma, sei que parece uma obsessão mas agora gosto de cuidar do meu corpo.
Alguns anos atrás eu nunca poderia ter dito isso, eu teria rido de mim mesmo.
Ando pelo parque e várias ruas ao redor, sempre amei esta cidade, sempre cheia de gente alegre, que mesmo não te conhecendo, te cumprimenta.
Olho para o meu pulso direito onde tenho um relógio que calcula os meus batimentos cardíacos e passos e vendo que cheguei ao km decido que é hora de ir para casa.
Tomo um banho rápido e como estou de folga, fico em casa para arrumar as coisas.
Nunca fui muito arrumada, quando criança minha mãe e eu sempre brigávamos pelo quarto sempre bagunçado.
Preparo o pequeno-almoço que consiste num batido energético, como sempre, à base de iogurte branco com pedaços de banana e depois acrescento umas rodelas de maçã. Bata tudo e espere alguns segundos, beba e vá sentar no sofá pegando o Mac.
Encontro e-mails de trabalho e um da minha mãe diz que eu deveria ir até eles hoje para o almoço de negócios do meu pai.
A propósito, meu pai é um CEO, ele é um homem bonito, alto e jovem apesar de sua meia-idade. Ele tem olhos cinzas como mercúrio e cabelos escuros, peguei ele só que meu cabelo é um pouco mais claro, nada a ver com minha mãe, baixinho com olhos castanhos e cabelos castanhos. Ela é a fundadora de uma marca de roupas famosa, D&M ou as iniciais dos sobrenomes dos meus pais, Dyer e Moore, ela costuma organizar desfiles de moda com roupas criadas por ela e as vezes me convidava para participar mas eu nunca aceito, não é para mim.
Respondo ao e-mail dizendo que estarei lá e fecho o Mac colocando-o na mesinha de vidro em frente ao sofá, vou até o aparelho de som e coloco um CD que fiz.
AME-SE começa e eu sorrio ao ouvi-lo, porque aos poucos aprendi a fazê-lo, sozinho, quando não via outra saída desta sociedade.
Cantarolando baixinho, subo ao segundo andar e coloco um jeans skinny claro com uma camisa branca de manga curta na altura do umbigo que mostra parte do meu corpo e o xz flux em preto e branco.
Vou ao banheiro e passo uma camada de rímel e delineio o rosto, jogo o cabelo todo para o lado direito e faço uma trança espinha de peixe deixando algumas mechas soltas.
Coloco meu perfume favorito, Tom Ford, e desço. Pego a grande bolsa Calvin Klein de couro preto e coloco meu celular e outras coisas aleatórias que eu possa precisar, mas deixo a arma no cofre. Pego as chaves do meu Mercedes e vou até a casa dos meus pais, que fica a meia hora de distância.
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