Capitulo 3 - Efusão divina
Já havia se passado alguns dias que Sethos estava naquele reino, ele havia notado que a colheita estava pior a cada dia, e que os agricultores eram constantemente castigados por isso. Então, resolveu ficar mais tempo para investigar a respeito. No entanto, tinha hábitos noturnos, que no começo causaram desconfiança da parte de Ignês que estava como vigia. Porém, ele dizia que possuía esses hábitos devido à diferença de fuso horário, sendo aceito pela ruiva, mas ainda sim ficava atenta ao príncipe. Em especial quando ele se interessou em observar o exército do rei Salvatore. Na verdade, sendo uma desculpa para ele observar melhor Ignês. Durante os treinamentos matutinos, notou que a ruiva possuía grande força física e resistência que era superior até mesmo de homens do triplo de seu tamanho. Além disso ela também possuía uma energia que parecia inesgotável, que somente um guerreiro ali presente se igualou. Este se chamava Bard, era um jovem de cabelos loiro platinado e repicado até a altura dos ombros, trajava uma armadura cinza escuro com detalhes em azul e tinha uma longa capa vermelha. Em sua canhota empunhava uma espada, na qual, era manuseada de forma precisa e veloz, como todos os seus movimentos. Ignês parecia prever todos os movimentos tanto de Bard como dos demais que iam de encontro a ela nos treinos. Suas táticas de combate eram inéditas e impressionava Sethos, que notava que tanto as habilidades da ruiva quanto a do loiro eram sobre-humanas.
Então para tirar suas dúvidas, sugeriu um treino noturno. O local em que os guerreiros do rei treinavam se assemelhava a um coliseu. Ignês e Bard aguardavam a chegada do príncipe, enquanto conversavam.
— Não acha estranho o príncipe Sethos querer treinar conosco sozinho durante a noite? - Indagava o loiro.
—Sim eu acho. - respondia Ignês de forma indiferente. - Ele já me disse que tem hábitos noturnos devido à diferença de fuso horário. E de qualquer forma, sou a comandante do exército do Rei Salvatore, então não há problema! Shiu! Ele está vindo!
A ruiva dizia, vendo a silhueta de Sethos aparecendo aos poucos até que ele ficasse a uma curta distância, os três se reverenciavam e o príncipe tomava a palavra:
— Boa noite, Ignês e Bard!
— Boa noite, príncipe Sethos! - Saudavam os dois juntos.
— Desculpem pedir para treinar com vocês neste horário, mas me sinto melhor a noite. - Explicava ele.
— Não se preocupe, príncipe Sethos. - respondia Ignês. - Mas, não pense que pegarei leve com vossa majestade, acredito que tenha visto bastante de nós nos treinamentos.
— Há, há, há! - ria Sethos de forma descontraída.- Não quero que peguem leve comigo, deem o melhor de si. Eu vi e fiquei impressionado, por isso eu quis treinar com vocês. Então, neste momento esqueçam as formalidades.
— Como vossa majestade desejar!- Respondia o guerreiro de forma debochada, partindo em direção a Sethos.
O loiro aplicava um corte frontal contra o príncipe que desviava facilmente. Ele sentiu a movimentação de Ignês pela direita, movendo o braço destro fazendo com que a espada de Ignês batesse contra a jóia de sua manopla. Esta emitia um leve brilho, fazendo com que a ruiva recuasse ao sentir a leve energia emanando ali.
— O que é isso? - indagava ela. - Que tipo de truque é esse?
— Não é um truque… - respondia Sethos sorrindo de forma confiante. - Como eu imaginei.
Em um movimento que se assemelhava a um raio, Bard corria e já estava logo atrás do príncipe pronto para atacá-lo. Neste momento a jóia da manopla esquerda emitia uma leve aura, então Sethos saltava para o alto exatamente quando o guerreiro ia lhe atacar. O príncipe se alinhava a lua cheia erguendo sua canhota para o alto, de suas unhas eram disparados quatro luzes contra a dupla que eram jogados para longe com o impacto.
— Mas... Como? - Indagava Bard se levantando.
— Claro, eu deveria imaginar. - dizia Ignês se levantando e caminhando na direção de Sethos. - O príncipe Sethos não veio aqui a passeio e sim por que descobriu nosso segredo! Por isso observava os nossos treinamentos!
—O que? Mas isso é impossível... - Intrigava-se o guerreiro.
— Ora, Ignês. Não precisa me ameaçar. Dizia Sethos calmamente, estando de pé e notando o tom de ameaça da ruiva.
Antes que mais alguém ali presente dissesse algo, Eraldo surgia ao local caminhando calmamente, enquanto uma aura negra começava a emanar de seu corpo conforme se aproximava do local. Todos se impressionavam ao sentir aquela aura vinda do conselheiro do Rei Salvatore.
— Eraldo? O que faz aqui no campo de treinamento? - Indagava Bard.
— O rei Salvatore estava desconfiado sobre as saídas noturnas do príncipe Sethos, então me ordenou que o ficasse vigiando. - respondia o conselheiro. - Quer dizer que o príncipe Sethos veio até aqui para espionar as táticas de batalha e para descobrir nosso segredo?!
— Essa aura maligna... Como um humano pode emanar uma aura assim? - Resmungava Amaya para si mesma.
— Vocês estão entendendo tudo errado. - dizia Sethos calmamente mesmo em meio as ameaças. - Não vim até aqui por desconfiar que Ignês e Bard tinham habilidades sobre humanas... Há um motivo mais fundo e complexo.
— Pare de nós bajular! - Bradava Bard dando um forte soco no chão.
Com isso, uma onda elétrica seguida por diversos raios iam contra Sethos, Amaya impulsionava suas mãos para frente conjurando uma grande muralha multicolorida. Neste momento, a dupla sentia um forte impacto que chegava a fazer a muralha tremer, eles viam Ignês com uma aura flamejante ao sue redor, desferindo diversos socos na defesa, disparando várias ondas de fogo e bradando:
— Sabe o que fazemos com espiões? Nos os matamos!
— Hã, como se vocês fossem conseguir matar o Eclipse! - Dizia Amaya impulsivamente.
— Do que está falando? - Indagava Ignês, estando confusa.
— Não baixem a guarda, eles estão querendo blefar com vocês! - Dizia Eraldo, estando a se levitar em posição de meditação. Sua aura agora era verde.
— Não estamos blefando! - revidava Amaya. - O único iludido aqui é você, Eraldo! Essa energia claramente é de Caos! Não sei qual foi o pacto que Festus e Murte fizeram com você, mas sua ambição será sua ruína!
— Usando palavras sem sentido para ganhar uma batalha, tsc... Que tática mais infantil! - revidava o conselheiro. - Este é um dom que poucos tem, assim como Ignês e Bard. Ataque! Não baixem a guarda!
No que ele dizia, fechava os olhos e fazia com que sua voz ecoasse por todos os lados. Os dois notavam a tentativa de manipulação psíquica, assim como Sethos e Amaya, o príncipe bradava:
— Cuidado! Entrem na defesa de Amaya!
Sem dizerem mais nada, os dois entravam na defesa, que se transformava em uma cúpula, bloqueando as vozes.
—Eraldo até pareceu o Murte falando e usando esse tipo de habilidade. - Observava Amaya.
— Quem é Caos, Festus e Murte? - Quis saber Ignês.
—Tem certeza do que está falando, Amaya? - Indagava Sethos, surpreso.
—Ignês, lhe explicaremos tudo outra hora. - respondia a deusa. - Sim, Sethos…. Eu reconheço essa energia. Certamente Murte fez algum pacto com esse homem.
—Ignês e Bard, vocês se atrevem a trair o Rei Salvatore desta forma?- Dizia o conselheiro em tom de ameaça.
—Não estamos traindo o rei Salvatore! - Revidava Ignês.
— Parece que não há outra forma de pará-lo a não ser lutando contra ele. - Lamentava-se Sethos.
—Infelizmente, meu amo. - Concordava Amaya.
Sethos não dizia mais nada, apenas aumentava sua energia ficando com uma aura roxa ao seu redor. Ele corria em uma velocidade incrível contra Eraldo, como se já previsse o movimento do príncipe, este estralava os dedos conjurando um exército de zumbis carregando diversas armas. Ignês e Bard se impressionavam com aquela habilidade e reconheciam aqueles zumbis.
— Aqueles são os guerreiros que morreram em batalha! - Comentava Ignês.
— Como eles estão aqui de novo? - Indagava Bard.
— A habilidade que Eraldo está usando se chama necromancia. - explicava Amaya. - É, resumidamente, a habilidade de se comunicar com os mortos e usá-los a favor em batalhas.
Sethos se vendo perante aquele exército, sorria de forma confiante. Utilizando uma incrível velocidade e agilidade, o príncipe desviava dos golpes, pulava por cima daqueles que tentavam atacá-lo por trás, derrubava todos com facilidade lançando suas garras cortantes contra os mesmos. O príncipe pulou no ombro de um guerreiro para se aliar com a lua cheia, esticou os braços para os lados, neste momento uma poderosa luz branca tomou seu corpo e então se lançava no meio do restante do exército. O impacto causava uma explosão que emanava ondas brancas destruindo o restante do exército e ia em direção à Eraldo. Este erguia os braços criando uma muralha de ossos a sua frente, após se defender da onda branca de Sethos transformava a parede em um grande punho, lançando-o contra o Eclipse. Ele saltava para o mais alto que podia para desviar do punho, porém este o seguia. Sethos girava no ar, em um rápido movimento apanhava de dentro do seu manto uma adaga negra, se lançava contra o punho posicionando a adaga frente a si. Com isso o príncipe partia o punho em dois e em seguida explodia-se.
— Nada mal, príncipe Sethos. - Dizia Eraldo notando que o príncipe era muito mais forte do que ele havia imaginado.
— Você está em desvantagem contra Sethos. Está é uma noite de lua cheia e os poderes dele aumentam. - Debochava Amaya.
— Eu já havia notado sua afinidade com a lua, príncipe Sethos. - Dizia o conselheiro, enquanto uma névoa negra era emitida de seu corpo.
Em questões de segundos esta névoa cobria todo o local e possíveis áreas que Sethos pudesse se alinhas com a lua. Com aquela total escuridão, os olhos dourados do príncipe ganhavam destaque, afinal ele podia ver perfeitamente mesmo na escuridão, aquilo fazia parte de suas habilidades felinas. Uma aura dourada e flamejante surgia em torno de seu corpo, seus cabelos se tornavam platinados, orelhas e uma longa cauda felina branca surgiam. Eraldo podia sentir a energia de Sethos ainda maior.
— A necromancia é realmente uma poderosa magia, é uma pena que lhe tenham a concebido de forma errada. - dizia Sethos de forma confiante. - Eu tenho meus dons sim, no entanto não é como você pensa, Eraldo.
Enquanto falava, ele movia a destra para cima, desta emanava uma energia branca com uma leve aura roxa ao seu redor; no mesmo instante erguia a canhota, sua manopla brilhava em um alaranjado intenso formando uma pequena e poderosa aura flamejante. Em um rápido movimento o príncipe saltava para o alto bradando:
—Eu realmente lamento ter que usar esta habilidade em você, Eraldo, que infelizmente está sendo uma marionete. Mas, não vou permitir que inocentes sofram com sua mesquinhez! Eu sou Sethos Guayana, o deus eclipse!
— O que? Você é um deus? - Indagava Eraldo estando surpreso.
No momento da indagação, Sethos lançava a esfera flamejante contra o conselheiro. Pelo caminho ela incendiava tudo, este impulsionava ambas as mãos para frente criando um circulo mágico para se defender do golpe, porém neste momento ele via Sethos surgindo e aplicando um soco com a destra causando uma intensa explosão. Eraldo era jogado para trás e em seguida era atingido por uma poderosa esfera negra. Com a potência do golpe, ele caia desmaiado no chão.