Capítulo Um Continua
Parte 2...
Só que depois de tudo o que deu errado em seu breve casamento, não acreditava que encontraria outra mulher que realmente olhasse para ele e não para sua conta bancária. Não pensava em se casar de novo.
Katiana gastava seu dinheiro como se fosse água. Era cheia de caprichos e não gostava de seus amigos que não eram afortunados como ele. Para ela a vida era gastar e tudo se resumia a festas.
Não frequentava nenhum clube, a não ser quando ele ia, mas ainda assim reclamava de tudo. Queria sempre estar em shoppings gastando. Se faziam uma viagem procurava pelos pontos de marcas famosas, nem mesmo parava para olhar as coisas em volta e nem queria ir aos pontos turísticos.
Certa vez ele foi a um batizado do filho de um de seus empregados e ela o fez passar vergonha ao não querer sair do carro para não pisar na terra. Também não quis comer nada na festinha por ter nojo dos pratos e talheres.
Foi ridículo!
De propósito ele ficou muito mais tempo no batizado e a deixou com fome dentro do carro. Não se importou que fazia calor e retirou a chave do carro para que não ligasse o ar-condicionado.
De outra vez ela deixou seu gato de estimação em um hotel e não o avisou. Ele amava o gato da raça Russian Blue e estava viajando quando Katiana o abandonou no hotel de pets. Só soube quando sua secretária o avisou que procuravam pelo dono, após dezoito dias de abandono.
Era um lindo gato de enormes olhos verdes e pelagem macia e densa com um leve tom azul, por isso seu nome. Tão carinhoso e dócil que era, que acabou depressivo. Ficou muito irritado com isso e teve que retornar só para resgatar o animal e pagar a dívida que ela deixara.
Mas, o pior de tudo e que foi a gota d´água foi descobrir que ela havia feito um aborto escondida.
Sua loucura com vaidade não a permitia ter um filho. Segundo Katiana isso iria estragar seu corpo perfeito e ela revelou que jamais teria filhos, o que foi uma traição, já que ele sempre deixou claro esse desejo. Inclusive eles tinham conversado sobre isso, ela sabia que ele queria ter filhos.
Seus avós nunca souberam dos motivos da separação, mas acharam bom. Não gostavam de Katiana e não escondiam isso. Pensou que um dia eles não mais estariam ali e ficou triste. Se pudesse dar a eles a alegria de ter um bisneto, talvez isso acrescentasse mais anos a eles.
Mas como explicar que não acreditava mais em amor e menos ainda nas mulheres? Eles ainda achavam que havia por aí uma mulher que realmente queria se casar por amor e para ter uma família.
Se havia isso ainda, ele não sabia onde estava se escondendo, porque nos locais onde frequentava não conseguia encontrar nenhuma.
Fazia muito tempo que ele apenas se divertia e tirava proveito das companhias como se fosse apenas mais um negócio. Se era assim que as mulheres atuais queriam, então que fosse.
Casar estava fora dos seus planos, a menos que encontrasse “uma sócia”, assim como fazia com os negócios. E teria que ser uma que entrasse de cabeça em tudo.
— E quando nós vamos conhecer esta nova garota que pretende se casar? - Helena perguntou.
— Logo, Nena, logo – deu um sorriso de leve.
Estava mentindo de forma cínica.
Estava prestando atenção ao comercial de um filme e acabou tendo uma ideia louca, mas que poderia dar certo.
Passou por sua cabeça que ele poderia sim, conseguir uma mulher e um filho como um acordo de comércio, onde cada parte cumprisse os termos do contrato. Por que não?
Começou a desenvolver a ideia na cabeça e antes que esquecesse pegou o smartphone e anotou o que deveria lembrar depois. Era só desenvolver esse pensamento.
Daí seria mais fácil redigir um acordo para a possível candidata. Seus advogados cuidariam da parte legal e uma equipe de médicos fariam os exames necessários para a certeza de a escolhida ser fértil e sem problemas de saúde.
O mais importante nesse contrato seria o tempo que esse casamento iria durar e ter a custódia integral do filho após a separação. Ele teria que ter muito cuidado para não deixar pontas soltas.
Depois que o tempo acabasse, a mulher poderia ir embora, desde que a criança ficasse com ele, sem direito até a visitas, para não influenciar seu filho ou filha. Tudo deveria ser bem detalhado.
Já que era assim que as coisas funcionavam, então dançaria de acordo com a música. Sem dramas, sem bobagens, tudo no papel e de acordo com os seus desejos.
Pagar por isso não seria problema. Começaria tão logo retornasse para casa. Não tinha muito tempo a perder. Seus avós não ficariam mais jovens e queria que eles tivessem um pouco da felicidade que tanto pediam.
De qualquer forma ele teria que ter um filho um dia, alguém para herdar tudo o que ele conquistou e dar continuidade. Então se tivesse um filho dentro de um contrato seria muito mais fácil. Ele poderia criar seu filho dentro dos valores que tinha recebido de seus avós.
Poderia ter tudo organizado. Era isso. Faria isso por ele e mais ainda por seus velhinhos queridos. Sorriu olhando para os dois.
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Aline estava lavando a louça quando ouviu um carro buzinar de forma insistente lá embaixo.
Foi até a janela e viu a irmã Alana saindo de um carro preto. Não entendia de carros, mas dava para ver que era caro. Foi um alívio depois do sumiço dela, vê-la aparecer de novo em casa após tanto tempo.
Largou o pano de prato e correu escada abaixo até o térreo. Os cabelos vermelhos escuros caíam sobre os olhos castanhos muito claros.
— Ai – ela gemeu ao bater o cotovelo no corrimão de madeira. A pele muito branca logo ficou vermelha no local da batida. Irritou-se e foi abrir a porta da entrada para a irmã — Onde diabos você estava, Alana? Sumiu por várias semanas, achei até que estava morta – soltou de vez, aborrecida.
Alana entrou rindo e a abraçou, puxando seu cabelo.
— Nossa! Assim vou até achar que você me ama, irmãzinha.
— Desculpe Alana, mas liguei para vários lugares que você costuma ir e ninguém sabia onde estava. Poderia ter me ligado. Fiquei preocupada. Isso não se faz. A mãe estava aflita também, coitada.
— Não deu, Aline. Deixei cair meu iphone e ele quebrou - fez uma careta — Tive que comprar outro, só que mudei o número porque tive raiva e acabei jogando o celular no rio.
— Que exagero, eu hein!
Alana fez uma careta de desagrado e rodou os olhos para cima.
— Sabe como eu sou, Aline. Além disso, estava muito ocupada e não quis ligar até resolver uns assuntos aí. Coisa complicada. Tive que dar prioridade a umas coisas, por isso esqueci de ligar.