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Capítulo 04

ZOE MONDEGO

Ouvi o barulho irritante do alarme do meu celular assim que bateu onze horas e meia, o que além de significar o horário próximo do meu almoço também implicava que precisaria conhecer o meu "noivo" e tentar perceber se valeria a pena tudo o que eu estava arriscando.

Que foda-se, claro que vale a pena isso tudo.

Me apressei em arrumar a minha bolsa e sair da sala. Ao passar pela recepção, Kate também arrumava as suas coisas e um funcionário da limpeza entrou no meu escritório para o organizar.

Geralmente Kate me acompanha nos almoços, ou seja, sempre almoçamos juntas no restaurante pago pela empresa, só que hoje não dará por motivos óbvios, e apesar de gostar e confiar na minha secretária, tenho certeza que se quiser seguir de forma tranquila com esse plano, o melhor é ninguém saber além de Louise e Hugo.

— Hum, Katherine — a chamei já próxima do balcão, ela levantou os seus olhos amendoados para me olhar.

— Sim, Srta. Mondego? — perguntou. — Precisa de alguma coisa antes de nós irmos?

— Não, não te preocupes, hoje não poderei almoçar contigo, preciso resolver uns assuntos particulares — mencionei e ela apenas movimentou a cabeça, concordando. — Até logo e bom apetite — despedi-lhe em um aceno e caminhei até o elevador.

Assim que saí da empresa percebi que o sol estava escondido devido as nuvens pesadas, deixando o céu com uma aparência mais acinzentada, ameaçando dessa forma uma forte chuva.

E constatando isso, é óbvio que não dispensei ir ao restaurante — que fica apenas um quarteirão da empresa segundo o endereço que me foi passado pela Moulin Lounge — com o meu Mercedes classe C.

Ao chegar, pude constatar que eles têm certamente um bom gosto, porque o restaurante tem uma aparência bastante sofisticada. O edifício tem uma aparência do século XXVII e é um hôtel paticulier com fachada de arquitetura clássica em pedra calcária, cheia de ornamentos e destacada pelos guarda-corpos de ferro forjado. O acesso é feito por uma Passage Cochere que leva a um pátio interno, para onde se abre o restaurante, parecendo uma imitação do restaurante da marca Ralph Lauren em Paris.

Ao chegar na recepção do restaurante, me aproximei do balcão para me identificar e saber qual era a mesa de reserva.

— Perdão, Sra. Mondego, mas não tem nenhuma reserva em nome da Moulin Lounge — a mulher me olhou meio desconfiada ao recitar o nome.

Não sei se é por ela saber que tipo de serviços a empresa presta ou se por ela achar que eu simplesmente quero furar a fila de reserva. De qualquer das formas, eu não me lembrava do nome do homem para perguntar se a reserva está em seu nome ou não.

Maravilhoso.

Peguei o celular já pronta para procurar o número do acompanhante de luxo entre as chamadas, mas fui interrompida ao ouvir uns murmúrios femininos atrás de mim. Olhei para trás disposta em saber qual era o problema e percebi então que nem sequer estavam prestando atenção em mim e sim para algo à frente de mim.

Havia um homem caminhando em direção a receção, e seus olhos em momento algum desviaram de mim, o que me incomodou de certa forma.

Ele possuía curtos cabelos loiros de um tonalidade escura, quase morena, mas que evidenciavam as suas íris verdes e a barba por fazer que assentavam perfeitamente ao seu queixo.

O homem é alto, bastante alto até para mim que sou uma mulher também alta, ele tem um porte atlético, braços fortes e aparentemente másculos, bem como seu peitoril, ombros largos e pernas torneadas.

As suas formas estão perfeitamente ajustadas ao seu elegante terno preto que acompanha um sobretudo escuro.

Agora é fácil perceber os murmúrios atrás de mim e que não sou a única mulher atordoada pela beleza do homem.

Próximo o suficiente de mim, ele não sorriu mas chamou a atenção da recepcionista com um gesto.

— Quando eu cheguei, pedi para que a mulher que se designa-se por Zoe Mondego tivesse logo a passagem liberada, e que deveria ser trazida diretamente para mim, certo? — perguntou a encarando seriamente e ela apenas assentiu, e antes da mulher tentar retornar a falar, eu a cortei sem querer.

— Christian Mcnegro? — perguntei e os olhos esverdeados caíram em mim com forma bastante inexpressiva.

— É um prazer conhecer-lhe, Srta. Mondego — estendo minha mão e ele a captura, depositando um beijo nela sem desviar o olhar um segundo sequer.

O meu nariz inala o seu perfume amadeirado, e isso é o suficiente para me deixar atordoada.

Jackpot.

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