A proposta
(Cristian)
Eu me chamo Cristian Back, tenho 32 anos e sou Diretor comercial nas empresas do meu pai.
Não vou negar que eu sempre fui mulherengo, e eu nunca fiquei mais de um dia sem sexo, e apesar da correria do meu trabalho, eu sempre tinha um número pra ligar no final de cada expediente.
Se eu já pensei em casamento? não, isso nunca passou pela minha cabeça, afinal os meus pais tiveram um casamento fracassado e conturbado, e desde muito cedo eu vi que aquela vida não era pra mim, mas tudo mudou de repente, graças ao meu queridissimo e egocêntrico pai, e ele me obrigou a mudar o rumo da minha própria vida, me colocando em um casamento que está me deixando maluco, e esse inferno já dura um ano.
Tudo começou com uma notícia que pegou a todos de surpresa, o meu pai estava com câncer em estado avançado, e precisava deixar as empresas nas mãos de alguém capacitado, o mais adequado seria eu, já que eu seria o único herdeiro dele, mas as coisas não eram tão fáceis quanto eu pensei, e o meu pai me colocou na beira de um grande penhasco.
Pai: Venha até o hospital por favor, eu preciso conversar com você.
Eu fui até o hospital preocupado, afinal ele estava cada dia mais fraco, eu só não sabia que a minha ida lá, era uma passagem direto pro manicômio.
Eu o olhei debilitado, com os olhos abatidos, e vi que eu estava muito perto de perdê-lo, e apesar da nossa relação não ter sido uma das melhores, vê-lo daquele jeito me deixou muito mal.
Pai: Sente-se.
Eu me sentei na poltrona e esperei pelas palavras dele.
Pai: Não quero que você pense que não reconheço o seu valor, pois eu reconheço, e sei que você é extremamente capaz de cuidar do meu patrimônio, mas eu preciso partir com a certeza de que fiz aquilo que eu prometi pro meu grande amigo Gil.
— Você está se referindo a filha dele? A Sara? Não vai me dizer que você está pensando em deixar ela a frente de tudo? aquela garota não sabe nem se comunicar direito com as pessoas pai.
Era nítido a minha desaprovação diante dos fatos, e apesar da Sara ser afilhada do meu pai, e ele ter prometido cuidar dela, eu não achava que ela merecia cuidar de algo que deveria ser meu por direito.
Pai: Você sabe que a Sara é responsabilidade minha, eu prometi ao pai dela que ela teria uma vida boa e feliz, e que eu iria cuidar dela, e me recuso a morrer sem ter a certeza que vou cumprir isso, e você está enganado quando diz que ela não sabe se comunicar com as pessoas, ela cresceu, já se passaram muitos anos desde a última vez que você a viu, agora ela está uma moça linda, é formada em recursos humanos, sabe falar três línguas diferentes e tem tanta capacidade quanto você pra estar à frente das minhas empresas.
— Isso é um completo absurdo, um curso superior e saber falar outras línguas não torna alguém capacitado pra um cargo dessa magnitude.
Pai: Você tem razão, mas ela pode aprender, e se tornar tão boa quanto você, e eu darei tudo de mim pra ensiná-la antes de eu partir, ou...
Ele deu uma longa pausa, e aquilo foi estranho, afinal o meu pai nunca foi um homem de meias palavras.
— Ou o quê?
Pai: Ou você pode casar com ela, ser um excelente marido, dar pra ela uma vida de princesa, e garantir a felicidade e segurança dela.
Eu me levantei da poltrona transtornado, eu não tinha certeza se aquilo havia saído mesmo da boca do meu pai.
— Você não está me propondo uma insanidade dessas pai, você só pode está ficando maluco, eu não vou casar com aquele ser antissocial, que paresse mais um gato amoado do que um ser humano, eu não sei nem se ela sabe usar direito a língua dela.
Pai: Isso você vai descobrir depois do casamento Cristian, e essas são as minhas condições pra deixar você a frente de tudo, vocês serão donos das empresas em igualdade, cada um com 50%, mas somente um comandará elas, e se você aceitar casar com ela, o escolhido será você pra ficar a frente de tudo, só que antes você precisará assinar um documento, dando a Sara todos os direitos das empresas, caso você peça o divórcio.
— Como é que é? Isso só pode ser um pesadelo, você só está brincando não é pai? eu não posso acreditar que serei obrigado a passar o resto da minha vida casado com alguém que eu mal troquei três palavras a minha vida toda.
Pai: Essas são as minhas condições Cristian, não demore muito a me dar uma resposta, pois eu não tenho muito tempo, e se eu morrer antes dessa resposta, ela ficará a frente de tudo, pois já deixei meus advogados cientes e um documento assinado com a minha decisão caso isso aconteça.
— Você não percebe que fazendo isso, você estará sacrificando a minha própria felicidade? eu sou o seu filho, e não ela.
Pai: Por isso estou te dando o direito de escolha, você pode ser livre, viver da forma como sempre viveu, cheio de mulheres e noitadas intensas, você terá um cargo a sua altura e a ajudará na empresa, mas não será o CEO dela, pra você ser o manda chuva de tudo, terá que fazer esse sacrifício, vá pra casa e pense.
— Eu tenho uma dúvida.
Pai: Qual?
— E se eu aceitar casar com ela e ela decidir se separar de mim? eu vou poder continuar sendo o responsável pelas decisões das empresas?
Pai: Se a decisão de se separar partir dela, ela continuará recebendo o faturamento das ações dela, você continuará sendo o CEO,
e ela poderá seguir com a vida dela, desde que ela não tenha sido obrigada a tomar essa decisão.
— Como assim obrigada?
Pai: Eu conheço você muito bem meu filho, e sei que você não medirá esforços pra fazê-la cair fora desse casamento na velocidade da luz, porém lembre-se das regras, você terá que ser um bom marido, e...
— Já sei pai, e tratá-la como uma princesa e aquelas baboseiras todas.
Falei o interrompendo.
A verdade era que não existia saída pra mim, não existia nada que pudesse me livrar daquilo. Somente ela e o bom senso que eu torci internamente que ela pudesse ter.
Eu saí do hospital sem sentir direito o chão que eu estava pisando, e precisei sentar em um banco pra tentar assimilar tudo de uma forma mais clara.
Eu sabia que aquilo iria contra a tudo o que eu prometi pra mim mesmo nunca vivenciar, e um casamento estava no topo da minha lista de fuga.
— Velho egocêntrico e manipulador.
Falei enquanto tentava não enlouquecer.