Casamento
Petra estava apavorada. Ela estava dentro do quarto do hospital, vestida de branco, pronta para se casar com um completo estranho.
Um homem que ela nunca viu antes. Foi o pai dela que organizou tudo, sem lhe dar nenhuma escolha ou oportunidade de recusar. Ela sentia-se presa em uma situação que não era sua escolha, mas não podia fazer nada para mudar isso.
O homem com quem ela estava prestes a se casar estava em coma, após sofrer um acidente de carro. Ela se sentiu um pouco aliviada por não ter que enfrentar o ato físico de casar com um completo estranho, mas ainda assim estava apreensiva com a situação.
O padre começou a cerimônia, e Petra ficou parada ao lado do noivo inconsciente, olhando fixamente para o seu rosto pálido e imóvel. Ela se perguntava quem era ele, o que ele fazia da vida quando não estava trabalhando, quais eram seus interesses e sonhos. Será que ele teria gostado dela se estivesse consciente?
Os pensamentos de Petra foram interrompidos quando o padre a chamou para o juramento. Ela hesitou por um momento, mas acabou lendo as suas juras de amor e fidelidade. Ela não sabia por que estava fazendo isso, não estava apaixonada por ele, mas sabia que tinha que seguir em frente.
No final da cerimônia, Petra beijou a testa do noivo desacordado, imaginando como seria a vida a partir daquele momento. Uma vida sem amor, sem escolhas, mas com o peso de uma cerimônia de casamento como uma corrente amarrada ao seu pulso.
E assim, Petra saiu do hospital como uma esposa, mas não como uma noiva feliz. Ela se perguntou se algum dia seria capaz de se apaixonar, se algum dia teria a chance de escolher o homem certo para ela. Mas por enquanto, ela precisava lidar com sua nova realidade, e cuidar de um marido em coma e talvez paraplégico.
. . .
— Você irá ficar nesse quarto. — diz Rebekah, mãe de Bryan. — mas só até amanhã, sua casa precisa de algumas manutenções antes de você se mudar definitivamente para lá.
— Tudo bem. — disse Petra puxando sua mala para dentro do quarto. — a casa fica muito longe daqui?
Petra estava muito curiosa, mas também estava aliviada por saber que não iria ficar naquela casa, com aquelas pessoas que ela não conhecia.
— Sua casa fica a cinco quilômetros daqui. — diz Rebekah. — agora vá tomar um banho e melhorar essa aparência. Não quero que falem que a minha nora anda parecendo uma mendiga.
Assim ela sai deixando Petra sozinha naquele quarto boquiaberta.
Como assim uma mendiga?
Petra se locomoveu para a frente do grande espelho que tinha ali e se olhou atentamente, suas roupas casuais, estavam normais, certo que seu cabelo precisava de um corte e uma boa hidratação, mas não estava tão feio assim.
Mas de uma coisa a bruxa, quer dizer, a sua sogra tinha razão. Ela realmente precisava de um banho e de um bom descanso.
Assim, Petra andou até o banheiro onde tomou um banho relaxante, fez uma rápida hidratação no seu cabelo e fez uma anotação mental de depois cortá-lo.
Após sair do banho, Petra abre sua mala e retira uma camisola de renda, a mesma queria ficar confortável para dormir um pouco.
Quando ela terminou de se vestir e fez um coque no cabelo, ouviu alguém bater na porta. Petra pensando ser sua sogra, andou até a mesma e a abriu.
Mas quem estava na porta não era Rebekah, e sim um homem completamente desconhecido por ela. O homem a sua frente deveria ter 1,90 de altura, cabelos castanhos da cor de mel e olhos azuis. Ele usava trajes sociais, e seu olhar deixou Petra desconfortável.
— Quem é você? — perguntou Petra tentando se esconder atrás da porta, para que o homem parasse de olhar seu corpo.
— Perdão, sou Adrian, irmão do Bryan — diz o mesmo estendendo sua mão, mas logo abaixou quando Petra não fez nenhum movimento para pegá-la.
— Sou Petra. Ei! O que você está fazendo? — disse Petra quando Adrian foi entrando no seu quarto sem nenhum convite.
— Só quero conhecer minha cunhada. — diz ele olhando para o corpo de Petra, naquele momento ela se sentiu com se estivesse nua, e tentou cobrir seu corpo com os braços.
— Você pode sair do meu quarto? — diz Petra apontando para a porta. — eu não te convidei para entrar.
— Eu fiquei bem curioso quando meu pai me falou que Bryan iria se casar com a filha mais nova dos Martínez. — diz o homem avaliando Petra e praticamente devorando-a com o olhar. — eu nunca tinha te visto antes, mas agora, vejo que você é ainda melhor do que aquela vadia da sua irmã, e até mais gostosa.
— Sai do meu quarto! — exclama Petra já ficando muito brava.
— Abaixa seu tom, minha mãe me falou que você seria uma boa esposa, calma e obediente. — diz o mesmo com um sorriso de deboche. — Eu não estou vendo nada disso, estou vendo que é bem brava, sabe, adoro mulheres bravas.
Adrian começou a andar na direção de Petra, enquanto a mesma anda para trás. O espaço entre eles diminui quando Petra bate com as costas na parede e fica sem saída, Adrian sorri levando sua mão até o queixo de Petra, porém, uma voz é ouvida por eles e faz com que Adrian se afaste de Petra.
— Adrian? — era uma voz masculina que chamava ele no corredor.
— Foi bom te conhecer, Petra. — diz o homem se afastando ainda mais dela com um sorriso no rosto. — espero te ver novamente.
Assim ele sai deixando Petra ainda com as costas coladas na parede e a respiração irregular. Ela sabia que teria que tomar cuidado com o Adrian, apesar de não conhecê-lo, ela já sabia que ele poderia trazer problemas para ela, e problemas era a última coisa que ela queria naquele momento, afinal, sua vida já estava cheio deles.
Ela respira fundo e anda até a porta, trancando-a com a chave, após isso, Petra anda até sua cama e se joga na mesma, sentindo todos os seus músculos relaxarem ao entrar em contato com a maciez daquele colchão.
Amanhã ela iria se mudar daquela casa, e estava bastante aliviada, porém, ela sabia que os problemas ainda iriam continuar acompanhando-a, e ela estava com medo de tudo aquilo, pois sabia, que talvez poderia ter futuros problemas ainda maiores.