Capítulo 04
Vincenzo Fernandes
Após ter dado aquele sermão básico no meu filho, decidi seguir com os meus ofícios, pois havia muita coisa para preparar até o dia da inauguração do novo prédio. Tive uma conversa com o meu outro filho João Carlos, confessando o quanto Bryan tem ultimamente sido irresponsável e não cuidava de suas funções, sei que ele por ser o irmão mais velho acaba o acobertando, porém, foi bem sincero com o João Carlos! Se soubesse que ele andava protegendo seu irmão, eu não iria me importar de tirar o cargo que havia lhe dado na empresa.
Meus filhos tinham que entender que precisavam começar a cuidar do patrimônio que seria deles um dia. Eu queria que eles fossem um grande CEO assim como eu, tive que assumir tudo depois da morte de sua mãe, e não foi fácil conciliar a empresa e cuidar dos filhos, e principalmente de uma grande empresa! Sempre tive ajuda das serviçais e babás, porém eu gostava de participar da vida dos meus filhos.
Verônica, minha filha caçula não queria responsabilidades, só viajar e curtir a vida, infelizmente minha mulher acabou morrendo, após nossa filha ter nascido! Mas jamais a culpei por isso, eu entendia perfeitamente que o destino planejava, e minha mulher me pediu para que não odiasse a nossa filha, porque sabia o que Deus fazia e eu precisava aceitar isso, caso ela não sobrevivesse.
No começo foi uma dor que pensei que eu não conseguiria superar, porém, continuei seguindo em frente, pelos meus filhos. Não podia simplesmente desistir haviam três pessoas que precisavam de mim, tive vários relacionamentos, mas nada duradouros. Nunca tive coragem de colocar outra mulher no lugar da mãe deles, minha filha até me dizia que eu tinha que recomeçar a vida e encontrar uma mulher que me fizesse feliz, contudo até o momento não acreditava que existisse uma.
Deixei aqueles pensamentos de lado e decidi ir até à construção da nova filial, gosto sempre de acompanhar os meus projetos de perto. Assim que terminei de resolver tudo, decidi voltar ao hotel, pois ainda tenho um compromisso de almoço com um dos investidores, de repente uma mulher surgiu na frente do meu carro toda suja e ainda foi muito grossa comigo, parei o carro e sair de dentro ia dar uma bela resposta a ela, porém percebia que a moça estava bem nervosa, até o seu sapato alto havia quebrado de um lado e ao reconhecer que se tratava da tradutora e recepcionista do hotel, tomei um susto quando vi ela naquela situação, e perguntei o que havia acontecido?Não deixei de rir enquanto ela me contava a história e a mesma acabou chorando, então tive que me conter e ajudá-la.
Fiquei com tanta pena dela ao me dizer que poderia perder o emprego, decidi falar com o Matarazzo o dono do hotel, tenho certeza que ele entenderia a situação de sua funcionária, e quando afirmei tudo que acontecera, ele também não se conteve e riu muito e teve também pena da funcionária, e concorda em reconsiderar, até lhe disse que talvez ela não estivesse em um dia de sorte. Depois disso resolvi ir para o meu quarto e descansar até a hora do almoço.
Assim que peguei o elevador novamente, nós encontramos de novo parecia ser coisa do destino! Eu sempre estou esbarrando com ela, até sorri lhe observando, pois, a mesma não tinha me notado e muito menos percebido que o elevador já havia parado, ela parecia estar ajeitando o sapato percebi que quebrou o outro salto. Ao me ver ela se recompõe, realmente a situação dessa moça, não era das melhores e iria ajudá-la.
— Oi! Como vai? Pelo jeito, vamos sempre nos encontrar por aqui, não é?
— É verdade, eu realmente não esperava encontrar com você de novo tão cedo! Depois daquele episódio constrangedor, mas parece que o destino gosta de nos pregar, peças! — ela apenas sorriu e observei o seu nome no crachá, eu já havia me apresentei e mesmo já sabendo o seu a própria não se apresentou pela pressa.
— Verdade, Maribel! Mas você acredita em destino?
— Não sei, aí depende de que tipo de destino você está falando, do acaso? Ou da sorte mesmo? — entrei no elevador e apertei no andar do restaurante, então respondi enquanto ele se fechava.
— Talvez, nos dois! Me diga, você já almoçou?
— Ainda não, mas, porque a pergunta? Almoçarei apenas daqui a pouco, na ala dos funcionários! — Maribel tinha uma beleza exuberante, um olhar de menina doce ao mesmo tempo, madura e apenas responde de volta.
— Por nada! Eu apenas iria te convidar para almoçar ao meu lado, mas penso que você não vai aceitar!
— Não me leve a mal, senhor! Mas não fica bem uma funcionária, como eu… ficar andando com um cliente do hotel para cima e para baixo e principalmente, almoçando juntos! — ela é direta talvez já esteja cortando qualquer tipo de investida minha, e apenas sorrir me olhando é difícil hoje em dia ver uma mulher assim.
— Me desculpe, claro que entendo! São normas do seu trabalho, só te achei uma menina interessante e queria te conhecer melhor, apenas isso! — ela me lançou um sorriso sarcástico e respondeu me encarando.
— Não me leve a mal, mas o último estrangeiro que eu conheci! Acabou me deixando em uma situação difícil. Principalmente quando esse filha da mãe, me fez…
Ao perceber que dirá algo que não deve, ela para e fico curioso! O que será que ela ia dizer? Então a questionei levantando uma de minhas sobrancelhas.
— Continue… você ia dizer que ele efetuou o quê?
— Me desculpe, eu não devo lhe tratar assim! Você não tem culpa, do que aquele canalha me fez, mas eu realmente não quero falar sobre isso, até porque eu não posso. Bom, o senhor chegou no seu andar, tenha um ótimo almoço, seu Vicenzo…
Apenas me retirei observando o elevador se fechar e aquela bela mulher sumir parecia que ela falava sobre o homem com bastante ódio. O que será que esse estrangeiro fez-lhe? Foi o que eu me perguntava? Enquanto caminhava até a mesa onde está um dos investidores do meu novo projeto, assim que me aproximei ele se levantou me cumprimentando, então começamos a conversar sobre a nova filial: ele parecia bastante curioso e empolgado sobre isso.
Depois do almoço decidi ir, até um ‘shopping’ comprar alguns sapatos para Maribel, como forma de ajudá-la! Julgava que ela calçava 36,6, e seus pés eram pequenos. Já era por volta da noite quando cheguei ao hotel, então vi Maribel na recepção e a cumprimentei e entreguei às duas sacolas a ela, que me olhou confusa e retirou uma das caixas me olhando.
— Afinal de contas, é para entregar algum hóspede do hotel?
— Não Maribel, esses sapatos são para você! Eu comprei como forma de ajuda-lá, percebi que seu salto quebrou. — ela de imediato me entregou as sacolas e respondeu se negando a aceitar o meu presente.
— Desculpe senhor! Eu não posso aceitar isso, principalmente vindo de um cliente do hotel. Os meus superiores não vão gostar nada de saber disso, por favor leve isso daqui…
— Mas faço questão! Que você fique com isso... Afinal quebrou o seu sapato devido a mim, se eu não tivesse buzinado você não teria se assustado e tropeçado e quebrado seu salto.
Ela me olha seriamente, então sua amiga que está do seu lado comenta sorrindo ao perceber o meu gesto solidário.
— Deixa de ser orgulhosa! Maribel, desse jeito está ofendendo, seu Vincenzo…
— Cíntia, por favor para com isso! Você está me deixando envergonhada, já disse que não posso aceitar! — coloquei as sacolas em suas mãos e respondi já me afastando.
— Se você não aceitar! Vou comunicar o dono do hotel que você me desagradou, agora com licença!
Ela me olhou de maneira incrédula! Enquanto pego o elevador e a observava sorrindo, a amiga olha toda boba para as sacolas e a mesma ainda encara as sacolas com semblante sério. Pelo visto essa muchacha é muito orgulhosa! Não gosta de aceitar presente de homem, porém dessa vez ela terá que engolir o orgulho e aceitar os presentes que eu lhe dei, pois, não vai querer perder o emprego.
Após o dia longo eu simplesmente decido descansar, pois, ainda terei muita coisa para resolver amanhã e quem sabe ainda não encontrarei por aqui com Maribel de novo. Isso se ela não começar a me evitar, pois, depois dessa. Duvido muito que não se afaste, percebo que toda vez que a encontro, noto que se sente um pouco tímida e principalmente encabulada, talvez Maribel entendesse as coisas erradas ao meu respeito.
Mas não posso negar que ela é uma bela mulher, sua beleza não passar despercebida! Eu queria tanto convidá-la para jantar comigo. Sinto que desde que me encontrei com essa mulher, tenho uma conexão incrível e não sei explicar isso, algo me puxa para ela. Sempre acabamos nos encontramos novamente, ou pelos corredores do hotel, ou simplesmente no elevador.