Capítulo 6
*Nano narrando*- Por que você fez isso? - perguntei a ele.
Não fazia sentido. Lena era uma bela jovem com algumas pessoas como companhia, o que está acontecendo em sua vida a ponto de ficar mais de um dia sem comer?
- Problemas - disse ela, suspirando.
Lena e eu não éramos próximos em nossas decisões. Nosso relacionamento era de respeito e formalidade entre chefe e empregado. E isso não importava para mim até alguns dias atrás.
Mas vê-la pálida em meus braços despertou em mim certos sentimentos que não são comuns entre patrões e empregados.
- Sei que não somos próximos... mas você pode me explicar o que a tem incomodado a ponto de não conseguir comer direito? - perguntei, mas soou quase como uma súplica. Eu estava preocupado com ela e também com a pequena Emma.
- O incêndio que aconteceu no berçário da minha filha ocorreu no aniversário da morte de Lucca, seu pai - ela confessou - Ele morreu em um incêndio - ela finalmente disse. Seus olhos estavam vermelhos. As lágrimas ameaçavam cair.
Eu não conseguia imaginar isso. Ele não fazia ideia de que o pai de sua filha estava morto. Ainda mais porque sua filha teve um incidente no berçário com um incêndio, da mesma forma que seu pai havia morrido.
- Sinto muito - foi tudo o que consegui dizer naquele momento.
Depois de ouvir minhas palavras, lágrimas escorreram por seu rosto, uma após a outra. Meu coração tremeu ao ver a mulher forte que trabalha comigo, tão independente, organizada e conselheira, tão frágil, retraída e vulnerável naquele momento.
Eu não conseguia nem pensar e, quando dei por mim, meus pés me levaram até ela. E, por impulso, eu a abracei.
Lena ficou surpresa, mas depois retribuiu. Confesso que nem esperava fazer isso, eu ia ouvir a voz da razão e aconselhar minha assistente, mas a voz do meu coração falou mais alto. Não vou mentir, eu realmente gostei de ouvir você.
Depois de alguns minutos de abraço, nós nos afastamos. Olhei em seus olhos e pude ver que as lágrimas já haviam secado, mas seu olhar era de um constrangimento mais suave.
- Obrigado - disse ele, olhando para mim. Pude ver que suas bochechas estavam levemente coradas, não sei se por causa do choro ou do abraço.
- Depois daqui, vou levá-lo para almoçar. Quero ter certeza de que você vai comer - Assim que falei, pude ver o rosto dela ficar rosado.
Essa mulher se envergonha facilmente. Bonitinha.
- Não precisa se preocupar, Sr. Miller, não quero incomodá-lo", disse ela.
Mas que dor. Por que Sr. Miller? Acabei de trazê-la para o hospital em meus braços, acho que já passamos da formalidade.
- Primeiro, me chame de Nano. Em segundo lugar, insisto em almoçar com o senhor e, em terceiro, não serei incomodado de forma alguma - disse eu, evitando rir da cara dela quando falei do almoço.
Ela apenas assentiu com a cabeça.
Algum tempo depois, a enfermeira veio retirar o acesso do braço de Lena e lhe dar alta.
- Você pode ir embora agora, mas primeiro você ou seu namorado precisam assinar o formulário de liberação na recepção", disse ela da forma mais objetiva possível. Olho para Lena, que parece uma pimenta, não consigo evitar e começo a rir. Ela me repreende com os olhos. - O que aconteceu? Há algum problema, senhorita? Você está vermelha", diz a enfermeira, preocupada.
- Não, estou bem... é que não somos namorados", disse Lena envergonhada.
- Então você é casada? - perguntou a enfermeira gentilmente.
-Nem um nem outro... ele é meu chefe", disse minha assistente apontando para mim.
- Ah, eu sei... me desculpe, mas eu gostaria de ter um chefe assim", disse a enfermeira e saiu, deixando um clima estranho entre nós duas.
Saímos do quarto e eu fui assinar o telefone fixo dela. Depois saímos do hospital e fomos para o meu carro. Abri a porta para Lena e, assim que ela entrou, liguei o carro.
- Para onde estamos indo?", ela perguntou curiosa, quebrando o silêncio que havia se instalado.
- Para minha casa - ela olhou para mim - Vou preparar o almoço - percebi que ela estava tentando não rir, o que me fez levantar uma sobrancelha. Qual era a graça?
- Desculpe - eu disse rindo - Eu só não consigo imaginar você cozinhando - Ela disse, mas rapidamente corrigiu para a minha inevitável carranca - Quero dizer.... Nano -
- Bem, eu vou lhe mostrar minhas habilidades culinárias, senhorita. - Eu disse de forma provocativa e ela entrou na brincadeira.
-Duvido", disse ela com um olhar divertido.
-Aposta? - perguntei.
- Apostar o quê? Sou pobre", disse ela em tom de brincadeira.
- Aposto uma sobremesa", eu disse e ela me olhou confusa, "só sou boa em pratos salgados. Se você gostar da comida, terá que fazer a sobremesa; se não gostar da comida, eu farei a sobremesa - eu disse, vendo-a se divertir com a ideia.
- Fechado - ela diz quando chegamos ao sinal vermelho. Olho para o sorriso dela e uau, que sorriso. Já estou vendo o próximo problema da minha vida, e ele tem nome e sobrenome.
Ela me convida a participar e eu o faço.
- Sente-se, pode ficar à vontade - disse ele tirando a gravata e o paletó, revelando seus braços musculosos que quase rasgaram a blusa formal que ele usava. E que músculos.
Pare, Lena, veja as coisas que está pensando, ele é seu chefe!
Para me livrar desses pensamentos, decido me sentar no sofá.
- Vou para a cozinha, testar minhas habilidades culinárias", ele diz, dando-me um sorriso provocante e indo em direção à cozinha.
Fico admirando a casa quando meu celular toca. Vejo quem está me ligando, é a Isa, lembro que devo ter sido tirado da empresa pelo irmão dela e ela não deve saber o que aconteceu. Então atendo rapidamente.
Ligar
- Lena! Graças a Deus, o que aconteceu? Você desmaiou nos braços do Nano", disse ela preocupada.
- Desculpe-me, desmaiei porque estava nervosa e... Eu desmaiei porque estava nervosa e... porque eu não comia há mais de um dia.
Eu disse isso já esperando o insulto que receberia da loira.
-Elena! VOCÊ ESTÁ LOUCA?!? VOCÊ NÃO COME HÁ MAIS DE UM DIA!
Elena, era assim que ela me chamava quando estava com raiva.
- Ai, minha orelha maluca... Olha, eu sei que fui irresponsável.
-E como você viu", ela disse sarcasticamente e ainda com raiva.
Então eu expliquei tudo o que aconteceu. Até agora eu estava na casa do meu chefe.
- Mulher! Por que você não disse antes que estava na casa do meu irmão? Pegue esse homem
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Desligue! Filha da mãe. Veja as coisas que essa louca diz para mim.
Saí dos meus pensamentos com um cheiro maravilhoso de comida, então decidi ir até a cozinha para ver o que Nano estava fazendo.
- Não sei o que você está fazendo, só sei que o cheiro está delicioso - digo me aproximando.
- Eu sei - ele diz se exibindo, me fazendo revirar os olhos - Você chegou na hora certa, eu estava arrumando o prato e .... pronto, já terminei - ele diz se virando, mostrando dois pratos lindos.
Ele colocou os pratos na mesa e puxou a cadeira para que eu me sentasse, o que fiz e depois agradeci.
- Prove", disse ele, olhando ansiosamente para mim.
Então peguei o garfo e a faca, cortei a carne, coloquei-a em cima do molho e a pus na boca.
Oh, meu Deus, está delicioso.
Não pude deixar de soltar um suspiro de satisfação.
- Isso é incrível", exclamo e continuo comendo.
- Ótimo, então você vai fazer a sobremesa", ele diz vitorioso.
Enquanto comia, senti que estava sendo observado, então decidi perguntar. Mas assim que olhei, fui pego por aqueles olhos cor de mel.
Não sei por quanto tempo ficamos nos olhando, mas cortei a ligação e voltei a comer.
Um silêncio um tanto constrangedor se seguiu, então decidi quebrá-lo.
- Você conversou com a Isabella? Não tive tempo de explicar o que aconteceu. Falando enquanto eu estava comendo.
- Sim, ela me ligou. Quase me engoliu vivo, mas se acalmou quando disse que estava aqui - digo e me lembro do que ela me disse no final da ligação.
Ela dá uma leve risada e volta a comer.
Quando terminamos de comer, vejo que já não falta muito, e preciso ir para casa, afinal a babá tem tempo e eu sinto falta do meu bebê.
- Bem, vou embora agora, está ficando tarde e tenho que liberar a babá. Outro dia farei a sobremesa - digo a ele, cara a cara com ele.
- Está tudo certo. Pode ser no sábado, você estará livre? - Ele me perguntou, fiquei surpresa, achei que ele fosse dar alguma desculpa, mas me enganei.
- Sim, no dia :? - perguntei
- Claro - ele respondeu, e pude ver um pouco de entusiasmo em sua voz.
Depois de muita insistência, Nano me convenceu a me levar para casa. Eu me despedi dele e subi para o meu apartamento.
Sigo Amanda até a porta e, assim que ela sai, me encosto na porta pensando no dia de hoje.
Sinto algo em minha barriga, uma sensação, eu me lembro, são as famosas borboletas no estômago. Lembro-me também que na última e primeira vez que as senti, prometi a mim mesmo que no dia em que elas voltassem eu tomaria cândida pura para matar esses desgraçados que me causaram tanto sofrimento.
O pior de tudo não foi senti-los, mas senti-los por alguém. Alguém proibido para mim, meu chefe, que me dava borboletas no estômago.