Uma lembrança que dói
Matt ouviu a voz de Natalie, e aquilo agitou dentro dele, muitas sensações que o levaram levemente a um estado depressivo, instantâneo, ele teve vontade de chorar e bateu forte no volante.
“Droga.” Ela enxugou as lágrimas que escorriam pelo rosto com o antebraço.
Essa lembrança doeu tanto que ela não pôde deixar de chorar.
Flashback***
Um ano atrás
- O que aconteceu irmão? Como você está hoje? entusiasmou-se Leron, sempre de bom humor.
-Tudo bem, trabalhando um pouco no caso do sequestro da filha do médico que foi encontrada morta. –respondeu Matt, enquanto colocava a foto no outdoor para criar a linha do tempo daquele sequestro que culminou na morte da adolescente.
-Sim, deve ser terrível ter uma criança morta, deve ser algo difícil de suportar e muito doloroso.
-Imagine ser médico salvando vidas e que você não conseguiu salvar a do seu filho.
-Irmão, quando chega a morte "nem a tiram de ti, nem a põem em ti" esta é a triste verdade deste assunto. -Ele põe a mão no ombro dela.- E mudando de assunto, como você está com a Nati? Ele não pode ver que estou voltando para casa porque tudo o que ele faz é me perguntar sobre você.
-Hahaha sério? - ele ri com o olhar chocado do amigo.- Bem, esta semana vou levá-la para dançar. Sua irmã é adorável.
-Ei!!! Cuidado, ok, estou de olho em você - ele saca a arma e aponta para ele, brincando.
Os dois sorriem como se fossem realmente irmãos, ele e aquele menino sempre foram bons amigos. Quando um de seus colegas implicava com Leron por ser de pele escura, Matt sempre vinha em sua defesa. Se era para brincar, eles eram os primeiros a inventar brincadeiras.
Natalie sempre teve uma queda por Matt desde o colégio, quando ela o via chegar em casa e correr para se esconder dele. Para ela, o amigo de seu irmão foi o primeiro amor de sua vida, por isso, quando Leron saiu da escola e decidiu com Matt fazer o curso técnico de policial, ela sabia que continuaria se encontrando com ele.
Depois de alguns anos, Math finalmente começou a notar a atenção especial daquela bela morena de corpo escultural, cabelos cacheados, olhos grandes e cílios encaracolados. Ele e Natalie começaram a namorar há pouco mais de dois meses, e Leron sente que não poderia haver homem melhor para cuidar de sua irmã do que seu amigo e quase irmão, Matt.
-Não brinque com armas, Leron. Isso não são jogos,” Matt aconselhou, pegando a arma de suas mãos. Ele devolveu a arma para ela.
-É brincadeira Matt, você sempre tira a graça de tudo. - Ele pegou a arma e a manteve do lado direito, sem prendê-la bem.
Sentou-se na mesa e imediatamente ouviu-se uma detonação, tirou a arma e colocou-a sobre a mesa, Leron apertou sua perna e o sangue começou a sair profusamente, a cor vermelha brilhante mostrando que devia vir de uma artéria . Apressadamente, Math tirou o cinto e colocou um torniquete para minimizar o sangramento.
-Porra, Leron, o que aconteceu meu irmão?
-Droga Matt, eu me ferrei. Chegou a minha vez - respondeu, certo de que o tiro havia atravessado a artéria femoral.
-Não diga besteira, você vai ficar bem. Eu não vou deixar nada acontecer com você.
Tomou-o nos braços, fazendo um grande esforço para tirá-lo de lá. Os colegas ficaram surpresos com o incidente. Um deles correu para alcançar Matt, abriu o carro da polícia, Matt colocou Leron no banco de trás. Enquanto Ruíz, ele dirigiu até o hospital.
"Ouça, mano, isso parece muito ruim", disse ele em seu dialeto porto-riquenho.
-Não fale besteira e dirija Ruiz -Matt disse a ele, enquanto se virava para ver seu companheiro no banco de trás- espera cunhado, vamos chegar lá.
Leron sorriu, era a primeira vez que Matt tinha algo com sua irmã.
-Cuida do irmão dela, cuida da minha irmã.
Vendo que Leron estava começando a empalidecer, Ruiz pegou um atalho para chegar mais rápido ao hospital. Quando o tiraram da viatura, já o esperavam em uma maca para levá-lo ao centro cirúrgico, o internaram e dez minutos depois saiu o médico que deveria operá-lo. Matt e Ruiz correram em sua direção.
- E aí doutor? Como está meu amigo? Matt pergunta ansiosamente.
Desculpe, nada pode ser feito. Ele acabou de falecer, o tiro foi direto para a artéria femoral.
-Não não não. Você tem que salvá-lo - eu o seguro pela gola da camisa, enquanto as lágrimas escorrem por seu rosto.
-Calma bordel -tenta segurá-lo para que solte o médico.
Desiludido com tudo, Matt soltou o homem de sessenta anos que o olhava apavorado, pensando que Matt o mataria.
Sem permissão do médico, ela entrou na sala de cirurgia e chorou inconsolavelmente.
Depois de perder o amigo, a última coisa que esperava era ser acusado de morte. Ele voltou ao escritório para informar o comissário Floyd do ocorrido, sua surpresa foi saber que ele foi o primeiro suspeito da morte de Leron.
-Sinto muito, Cavalini, mas você está sendo investigado, suas digitais foram encontradas na arma. O único que pode dizer o que aconteceu é Leron, e ele está morto. Floy disse a ele em um tom hostil.
-Como assim, que matei meu melhor amigo? Matt respondeu a esse absurdo.
-Eu não estou dizendo isso, os testes dizem isso. Você terá que enfrentar um julgamento interno e implorar a sua família para não registrar a queixa ou você terá que ser preso. Por enquanto você será separado de sua posição, entregue a arma e o distintivo.
Matt pegou a arma e o distintivo da polícia e colocou sobre a mesa. Nada poderia ser pior para ele do que a morte de seu único amigo verdadeiro.
***
Minutos depois foi surpreendido pelo golpe de Madison no vidro. Ele reagiu e saiu do carro para abrir a porta para ela, ela parecia um tanto consternada.
Tem algo errado senhorita? Ele perguntou a ela.
-Não Matt, me leve para casa agora mesmo.
Aquele comportamento de Madison era bastante estranho, porém, ela não contaria algo a um estranho. Isso era mais do que óbvio.
Eles chegaram na mansão dos Carters, Madie não esperou que o guarda-costas abrisse a porta para ela, ela correu para dentro de casa e foi até a cozinha, ao invés disso ele deu a volta nos fundos para ir até a cozinha pegar um copo d'água. Ao entrar, surpreendeu-se ao encontrá-la chorando no ombro de Teresa.
O que poderia ter acontecido com ela lá dentro com aquele garoto? Ela olhou para ele, escondeu a tristeza, pegou a babá pela mão e subiu com ela para o quarto.
Rosa, que sempre tende a ser um pouco intrometida e fofoqueira, fez um comentário um tanto incômodo para Matt.
-Ela já teve sua primeira decepção amorosa! -Matt olhou para ela sem dizer nada- Isso sempre acontece com garotas ricas como ela, elas acham que podem ter tudo quando quiserem.
"Acho que isso não é da minha conta, senhorita."
-Com licença Matt, eu também não estava falando com você. Que piada que a gente não consegue mais falar nem consigo mesmo, bom.
Matt pegou o copo d'água e foi para seu quarto, enquanto tomava banho, ele se lembra da cara triste de Madie, só assim ele não gostava de vê-la.
Enquanto isso, Madie chora inconsolavelmente deitada no colo da babá, como quando ela foi para o quarto quando criança porque teve um pesadelo.
-Nana, não sei o que vou fazer, gosto do Brack mas o que ele me pede é muito difícil para mim.
-Minha menina, você não tem que fazer as coisas por causa do que os outros amigos fazem, ou por causa do que aquele jovem te pede. Você vale muito e só estará com alguém quando for realmente o seu coração que te diz isso.
“Obrigado, vovó, por me entender.” Ele olhou para Teresa, e ela acariciou seus longos cabelos.
-Mesmo que você já seja uma dama, para mim você sempre será minha Madie.
A conexão entre eles era única. Apesar de ela não ser sua mãe, ele a viu crescer como se fosse sua filha, seu coração lhe deu o direito de se sentir como uma, ele sempre cuidou dela e a protegeu como tal, enquanto Janet viveu sua vida sem lembrando que ela tinha uma filha.
