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Capítulo 7

Capítulo 7

Richard agradece Antony.

O pai escuta tudo, de momento em momento passa a mão na cabeça. Ficou angustiada só de pensar no perigo que sua filha passou, mas o homem que a salvou o deixou mais que agradecido e vai arrumar uma forma de o agradecer além das palavras sem que ele se sinta ofendido.

- Obrigado, rapaz. Mary é a luz dos meus olhos.

- Eu entendo, senhor Smith. Fico feliz por ter aparecido no momento certo.

Richard fica emocionado, estende a mão em cumprimento seu aperto é forte mostrando todo seu agradecimento.

- Obrigado. Muito obrigado. Eu sinceramente não sei como agradecer. Se tiver alguma coisa que eu possa fazer por você, por favor, não exite em me dizer.

Antony sorri para Richard, nunca viu uma pessoa tão agradecida em sua vida.

- E então, tem algo que você precise?

- Não, senhor Smith. Eu gostaria de ser amigo da Mary.

- Isso nem precisa pedir. Duvido que ela largue você tão cedo.

- Meu pai me conhece muito bem - diz e morde de leve o lábio arrumando coragem para o convidar, de um suspiro, diz de uma vez. - Nós vamos passar o fim de semana em uma cabana. Gostaria muito que fosse conosco. Podemos pescar, nadar, andar a cavalo. Diz que, sim.

- E por que, não? - diz sorrindo pra ela. - Eu vou ter que ir, deixei tudo pra trás. Hoje é quinta-feira e para passar o fim de semana com vocês tenho que adiantar algumas coisas até amanhã. Tudo bem se eu for? Podemos nos ver amanhã no horário do almoço.

- Não queria que fosse - diz com os olhos tristes fazendo o pai franzir o cenho.

- Deixe-o ir, querida. Amanhã vocês almoçam juntos e no fim do dia vamos viajar.

- Está bem - diz estendendo as mãos o puxando para um abraço. - Obrigada novamente. Te vejo amanhã, então?

- Claro, me chame a hora que quiser no celular - beija a mão dela, se despede do casal Smith e sai.

Richard olha a filha com uma sobrancelha erguida.

- Tem algo pra me dizer, querida? - perguntou o pai ainda com a sobrancelha erguida.

- Eu? Não.

- Já o conhecia?

- Sim papai, o conheci há muitos anos atrás. Mas infelizmente não conseguimos nos encontrar novamente, isso veio acontecer agora, nessa situação difícil.

- Não se esqueça do Connor. Ele é seu namorado.

- Às vezes não parece papai. Sinceramente, acho que nosso namoro não vai durar muito.

Richard observa a esposa sair dizendo que vai ao banheiro e continua falando:

- Você acha que essa sua decisão tem haver com esse rapaz?

Mary fica calada por um momento fazendo o pai balançar a cabeça afirmativamente.

- Filha...

- Papai, eu...

- Está bem, não precisa dizer nada. Gostando desse rapaz ou não, sempre achei sua relação com o Connor fraca.

- Não parecemos namorados. O senhor entende?

- Te entendo perfeitamente, já tive um relacionamento assim. Se você não gosta dele ao ponto de continuarem juntos, seria melhor terminar. Espere pelo menos esse susto passar, para assim terem uma boa conversa.

- Farei isso, papai.

O médico entrou na sala com os papéis da liberação assinados. Meia hora depois eles chegam na mansão Smith.

Richard está na sala falando com a filha quando seu celular toca e o atende.

- Pode falar, Thomas.

- Senhor, Smith. Um dos detetives da empresa foi chamado. Quando saímos tinha um certo tumulto fora da empresa, um homem caiu do prédio, ele tem várias passagens pela polícia.

- Deve ser o homem que Mary me contou.

- Perdão, senhor. Não estou entendendo...

- Mary sofreu uma tentativa de assassinato - Richard fala e conta os detalhes, assim que termina pede para cancelar a reunião e o detetive ir encontrá-lo na mansão.

Uma hora depois está conversando com o detetive Ryan, conversam sobre o que aconteceu com a filha e recebe um impresso das fotos que tirou das câmeras de segurança.

- O senhor está me falando de um terceiro homem, um suposto salvador que estava enfrentando os assassinos, mas não tem registro algum nas câmeras. Apenas do que foi morto e mais um que infelizmente apareceu de costas, voltarei a ver as imagens, serei mais minucioso dessa vez.

- Ótimo, quero que descubra quem me odeia tanto a ponto de tocar no meu tesouro.

- Claro, senhor. Gostaria de saber se esse rapaz, o tal Antony, pode me dar o depoimento dele e do piloto do helicóptero.

- O rapaz é uma boa pessoa, não tenho dúvidas. Ninguém seria louco o suficiente para se jogar de um helicóptero na altura que se encontrava para salvar outra se não tivesse o coração puro.

- Aí que o senhor se engana. Pode ser que ele tenha o coração puro, como também pode ser uma artimanha para entrar no seio da família Smith. Sinceramente pela forma como disse, ele não é um rapaz rico...

- Está chamando ele de interesseiro? Ele negou tudo o que ofereci.

- Sim, pode fazer parte dos planos. Ele é jovem, sua filha é linda e solteira. Para que ele iria querer, talvez trezentos mil ou meio milhão de dólares, talvez até mais se ele pode ter a chave do cofre que é sua filha? Além do dinheiro, teria uma bela mulher. Vou investigar a vida desse rapaz antes de mais nada - diz ao se levantar e oferecer a mão para dar a reunião por encerrada.

Richard aceita a mão do detetive, está de cenho franzido, é difícil aceitar que o rapaz possa estar sendo uma pessoa maquiavélica. Não ficará contra ele enquanto não houver nenhuma prova, continuará com os planos para viajarem na sexta-feira. Sua filha está feliz, não quer preocupá-la com algo que não tem certeza.

- Estarei aguardando seu relatório sobre o rapaz o mais rápido possível.

- Sim, senhor.

Richard o acompanhou até a porta, assim que sai vê um carro esporte vermelho estacionado do lado da mansão. Paola sai do carro deixando a porta aberta para o motorista guardar o veículo.

- Senhor Smith - diz estendendo a mão para um cumprimento, fazendo o mesmo com o detetive. - E minha amiga como está? Preciso vê-la.

- Foi descansar, pode entrar, ela está no quarto. Tenho certeza que ficará muito feliz em vê-la.

- Obrigada - agradece e se despede entrando na mansão.

Paola sobe as escadas, anda rápido até o quarto da amiga e abre devagar sem bater. Está tão preocupada que esqueceu seus modos.

- Ah, Mary... Você está bem amiga? - Diz a vendo se levantar.

Ambas se abraçam e choram juntas. Mary senta na cama segurando as mãos da amiga e conta tudo o que passou.

- Ah, meu Deus! Que perigo!

- Foi horrível.

- E esse salvador? Ele é bonitão? - diz erguendo uma sobrancelha com ar de sedução fazendo Mary rir e esquecer a parte ruim da história.

- Ele é um pãozinho quentinho e suculento.

- Ui... Gostei. E o bosta do seu namorado, quando vai terminar com aquilo?

- Ele não é ruim. Não fale assim amiga.

- O que? Só você que não vê, o cara é um sem vergonha. Ele não deu em cima de mim, já me humilhou uma vez dizendo que estou bem acima do peso. Um completo sem noção.

- Acredito que ele não disse por mal, muita gente não sabe o que fala amiga - respondeu chateada.

- E você ainda defende aquilo? Amiga... - diz se aproximando olhando-a nos olhos. - Certeza que ele te trai.

- O que? Você está fazendo uma acusação sem ter provas.

- Pergunta para a Déborah, ele disse que ela estava belíssima na última festa de confraternização e tentou beijá-la. Você sabe disso.

- Não confio nela, sempre o quis. Não posso simplesmente acreditar em tudo o que ela diz, já me decepcionou uma vez.

- Se ela sempre o quis, eu não sei, mas sei que ela teve oportunidade e não aceitou. Fato!

- Não vou desconfiar dele sem ter provas.

- Você é uma pessoa boa demais amiga, tem o coração muito puro. Mas vou te dizer uma coisa, ele é jovem, bonitão, cheio de testosterona. Vocês estão transando? A última vez que te perguntei estavam juntos a seis meses e nada. Estão namorando há um ano, e então?

- Ainda não estou pronta. Ele me entende.

- Claro, enquanto isso ele transa com a metade do planeta. Pára amiga! Acorda! Vocês nem se vêem, já falou com ele hoje? Contou o que aconteceu? Vocês só tem título de namorado, mais nada.

- Ainda não falei com ele. Ele sempre diz que me ama.

- Com a quantidade de dinheiro que tem no cofre do tio Patinhas, ele vai te amar pra sempre. Querida, acorda. Ele ocupa um excelente cargo na empresa, está estudando pra crescer mais e subiu rápido assim, depois que começaram a namorar. Tira essa venda dos seus olhos.

Mary se encolhe na cama dizendo:

- Mais cedo estava pensando em terminar, conversei sobre isso com o meu pai.

- Até que enfim.

- Só vou esperar esse susto passar e conversar com ele. Se em um ano não consegui ter um sentimento avassalador por ele, não será mais tempo que vai mudar isso.

- Isso é verdade. Talvez o salvador da pátria mude seu conceito.

- Por que diz isso? - perguntou ficando com as bochechas coradas.

- Cada vez que fala dele seus olhos brilham enquanto do outro parece não sentir nada.

Mary sorri, sua amiga às vezes é desbocada, mas sempre diz a verdade. Nunca quis acreditar que o namorado a trai, mas já desconfiou várias vezes, mesmo assim não foi atrás e continuou empurrando o relacionamento. Mas agora que voltou a se encontrar com Antony, seus conceitos mudaram e continuar com Connor não será mais viável.

Não tem certeza absoluta se ele a trai, mas se o fizer não quer ser igual a ele, do jeito como Antony a olhou mais cedo, tem certeza que teria cedido se tivesse tentado beijá-la e isso a enche de vergonha por estar com outra pessoa.

"Será que foi uma boa ideia o convidar para viajar? E se rolar um clima? Seria capaz de negar?" - pensa chateada pois sabe a resposta para suas perguntas.

- Amiga? Tudo bem?

- Sim, claro. Vamos descer? Ainda não comi depois do que aconteceu.

- Claro, vamos até a cozinha eu preparo algo pra você.

- Não precisa, deve estar tudo pronto.

- Não, vou fazer algo fresquinho.

Elas seguem até a cozinha onde Paola prepara um prato de risoto com camarões e shimeji.

- Está divino, obrigada.

- Faltou o vinho branco. Vou pegar.

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