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Capítulo 3

Capítulo 3

* Mary Smith *

No terceiro dia após o ocorrido, Anna entra, acompanhada por Michael, na mansão Smith, escuta um gritinho feliz e passos correndo até ela, ao se virar quase caí para trás recebendo um abraço forte da Mary, filha do Richard.

– Ai, titia que saudades! Faz tempo que não te vejo, fiquei tão triste.

– Desculpa florzinha linda. – Fala abraçando pelos ombros a criança de apenas cinco anos. – Vou ficar aqui pelos próximos dias para te compensar. O que acha?

– Ai, titia linda, eu amei! Vamos brincar de casinha?

– Claro querida. Pode ser mais tarde?

– Pode. Vou brincar no meu pula-pula agora. – Mary fala e sai correndo.

Michael sorri a levando até o andar de cima, mas não no quarto de sempre.

– Aonde estamos indo Michael?

– Ficará perto de mim, no quarto ao lado. Você gostaria de ser a tia da Mary de verdade?

Anna não entende a pergunta como ele gostaria e responde:

– Claro que sim, ela é maravilhosa. Uma menina de ouro.

– Talvez esteja mais perto do que pensa disso acontecer. - Ele fala parando na frente do quarto.

Ela pisca algumas vezes, não gostaria de ficar assim tão perto do quarto dele, contudo se for pensar bem, todos sempre a trataram tão bem, não tem porquê se sentir assim apreensiva.

– Vou te deixar sozinha para tomar um banho, vai escurecer e o jantar será servido às sete.  Coloque um vestido bonito. A mansão está bem aquecida, não sentirá frio. De qualquer forma, coloque um casaco por cima se quiser.

– Está bem. Obrigada.

Michael a deixa sozinha no quarto, mesmo tendo a certeza de que ele não entraria, tranca a porta com chave, se despe e vai até o banheiro tomar uma longa ducha quente.

Meia hora depois, Anna escolhe um vestido lindo cinza claro, de lã, com mangas compridas, que ganhou da mãe. Ele cola bem a suas curvas suaves, coloca meias fio 40 pretas e um salto preto não muito alto.

Olha-se no espelho, com o penteado em coque e a leve maquiagem, está parecendo que já tem seus 20 anos, satisfeita com seu reflexo no espelho, vai até a sala de jantar onde Michael e Mary a esperam.

Michael brincava com a sobrinha lhe fazendo cócegas, ao ver Anna fica sério a olha de uma forma diferente, ela não entende muito bem, porém parece estar vendo desejo em seus olhos, isso a deixa um pouco constrangida.

– Está lindíssima titia!

– Obrigada, lindona. Você está muito mais.

A garota segura a saia rodada do vestido e gira dizendo.

– Vermelho é minha cor predileta.

Após o jantar, sentam-se na sala para assistirem a um filme.

– Tio, quero um filme de desenho.

– Mas querida, quero ver um de ação.

Ela cruza os braços franzindo a testa:

– Você não me ama, titio! - Começa a chora.

– Espera! Não chore! Eu coloco o que você quiser.

Coloca o desenho e puxa Anna para o canto da sala em frente às enormes janelas de vidro sem cortinas.

Segurando suas delicadas mãos, Michael fala:

– Anna, eu te amo há um tempo. - Beija os nós de seus dedos, fazendo ela se aproximar um pouco. – Eu gostaria de te pedir em namoro e num futuro próximo, me casar com você.

– O que? – Ela fala surpresa, com os olhos arregalados.

– Você, aceita namorar comigo?

Ela fica boquiaberta, sem reação apenas o olhando, para a fazer se decidir, rápido a puxa beijando-lhe de surpresa.

Caminhando até a porta da frente, Richard para de andar bruscamente ao ver o irmão beijar uma mulher que se parece muito com a Anna.

Não consegue sair dessa posição, parece que seus sapatos estão grudados no chão, a surpresa o tomou de uma forma estranha.

Balançando a cabeça em negativa, consegue comandar as pernas e entra na mansão.

Vai direto para a sala como se um ímã o estivesse puxando. Ao entrar, Michael para o beijo, tirando suavemente os lábios dos dela.

– Michael... Anna, fico feliz que esteja bem e, pelo que vejo, finalmente estão juntos.

– Não é maravilhoso, irmão?

– Claro que sim! Meus parabéns ao mais novo casal. - Fala Richard sorrindo sem brilho nos olhos.

– Richard... Não... É que... - Anna tenta explicar, mas parece que ninguém a escuta.

– Papai!!! - Grita Mary ao voltar do banheiro e ver seu amado pai, corre e se joga em seus braços o apertando pelo pescoço e dizendo:

– Paizinho, que saudades! Te amo tanto papai, te amo muito...

– Eu também, meu amor. – Segurando a filha  em seus braços diz: – Amanhã conversamos estou exausto. Boa noite!

Leva a filha que está toda feliz em seu colo, anda sem olhar para trás, está feliz pelo irmão, finalmente conseguiu o que queria.

Vendo por esse lado, não precisava ter voltado, estão se dando muito bem, sem ele.

Anna abaixa o olhar, não gostaria que Richard tivesse visto esse beijo, no fundo do seu coração, tem esperanças. Esperanças essas que, agora, considera impossíveis, todavia, ainda as tem.

Nunca sentiu amor no casal, Richard e Valéria, mal ficam juntos, parecem colegas, dá para contar nos dedos da mão as vezes que os viu trocar um beijo um pouco mais carinhoso, mas pode ser que ao fazerem amor sejam diferentes, intensos e por isso o noivado persiste.

Toda vez que imagina ele a amando seu coração aperta, seu amor platônico de quase dois anos não a deixa ser livre para tentar ficar com outra pessoa.

Mas, agora, Michael está a sua frente, oferendo carinho e amor, algo que pode ser que Richard nunca consiga dar-lhe. Então, por que não tentar?

– Michael, eu aceito ser sua namorada.

Sorridente a segura pela cintura a rodopiando no ar e ri alto, Richard escuta do corredor a felicidade do irmão.

– Papai, sabia que a Anna vai ser minha titia de verdade?

– Ah, é mesmo? Foi ela que te falou?

– Não! Foi o titio. Ele disse que ia pedir para namorá-la. Parece que ela aceitou. Então, agora ela é minha titia de verdade.

– Você gosta disso?

– Claro papai, amo muito a Anna.

Richard suspira, abre a porta do quarto da filha, ajuda a colocar o pijama.

– Papai, conta a história da bela adormecida? – Pede deitada olhando com intensidade para o pai.

– Era uma vez…

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