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Capítulo 2- Grávida?

Acordar com uma terrível dor de cabeça e buscar saber o que ocorreu na noite anterior foi um desafio para mim. Lembro-me do sabor do líquido que bebi. Ele desceu quente em minha garganta. Forcei um pouco a mente e acabei me lembrando do flagra, quando escutei os gemidos dos beijos da minha querida ex amiga Anne e Richard.

Balancei a cabeça querendo esquecer. Assim que coloquei um pé fora da cama, eu pude sentir o meu ventre se acontecer. Foi somente nesse momento que me recordei da loucura que fiz ao perder minha virgindade para um homem desconhecido.

— Kira... O que você fez? Sussurrei com angústia.

Os dias foram passando e eu só queria me esquecer daquele dia fatídico, incluindo as besteiras que cometi. Anne e Richard não queriam me deixar esquecer, e inúmeras vezes batiam em minha porta ou me ligavam querendo que eu os retornasse.

A traição duplamente me feriu de uma maneira descomunal. Eu gostaria de tentar passar por cima disso, até agora a minha loba estava magoada pelo sentimento ruim da rejeição.

"Vai ficar tudo bem." Eu disse para ela.

O café da manhã foi servido. Imediatamente senti o cheiro de biscoitos frescos. Eram os cookies de gotas de chocolate, que eu amava e somente Carlota sabia fazer. Lhe presenteei com um beijo estalado na bochecha enquanto eu rodeava a sua cintura a abraçando forte.

— Ande menina, coma antes que o café esfrie.

— Sim senhora. A obedeci, fazendo continência como se ela fosse uma soldada.

Carlota é minha segunda mãe. A minha mãe biológica morreu em meu parto. Eu quase não tenho fotos com ela estando grávida. Por isso, suspeito que o meu pai não goste de mim.

Ele sempre me tratou de uma maneira fria, como se eu fosse um dos lobos que ele comanda, como se eu fosse uma subordinada. Nunca senti que eu era amada de verdade. Se não fosse a nossa empregada, jamais saberia o que é o sentido da palavra amor.

— Nossa. Digo elevando um biscoito aos lábios. — Esses cookies estão uma delícia, com as bordas torradas, do jeito que eu gosto.

—Não coma tão depressa menina. Você pode ter uma indigestão.

— Fique tranquila, lobos não tem isso.

Assim que levei mais um biscoito aos lábios, a sensação de enjoo me acometeu. Correndo, eu saltei da cadeira e fui direto ao banheiro. Me ajoelhei e deixei o vômito fluir. Meu estômago se contorcia a cada sequência que eu expelia ao vaso. Parecia que eu havia comido algo estragado ou algo do tipo.

— O que houve com você menina?

— Esses cookies, estavam estragados? Perguntei limpando os lábios.

— Claro que não, eles foram feitos agora.

— O que está acontecendo aqui? Ouvi a voz do meu pai. O medo me abateu. Eu levantei rapidamente e abaixei a cabeça. — Você vomitou?

—Sim. Acredito que seja algo que comi, Senhor.

Ele ficou mudo por um tempo.

— Você está sentindo mais algum sintoma?

— Um pouco de dores na cabeça, enjoo, e senti que engordei um pouco. Respondi ainda sem olhar em seus olhos.

— Muito bem. Os mesmos sintomas de sua mãe. Eu sei o que está acontecendo. Você está grávida, menina!

Assustada, levantei a cabeça com espanto. Não, eu não poderia estar grávida. Coloquei as mãos na boca ao lembrar da noite em que fiz sexo sem proteção com o desconhecido. Tempo suficiente para mostrar os erros de uma inconsequência.

— Papai.

— Eu não admito essa gravidez. Eu senti que ele me olhava com severidade. A minha carne se tremeu, com o espanto ao ouvir a sua voz cortante. — Você está expulsa da minha alcateia!

— Como?

Andei alguns passos para trás até que meu corpo bateu no encosto da pia fazendo com que alguns objetos caíssem ao chão.

— Você é surda ou só possui essa maldita cegueira? Pare de me trazer prejuízos. Ande! Vá para o seu quarto, arrume as suas malas e vai embora da minha alcateia. Você não é mais do meu sangue.

Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu não acreditei que o meu próprio pai, estava falando aquelas duras palavras. Eu ouvi quando Carlota soluçou, aposto que ela está chorando como eu.

Desesperada, eu corri seguindo os passos do alfa. Me atirei aos seus pés. Como uma menina indefesa, eu agarrei as suas pernas e implorei pelo seu perdão. Eu sabia que ele estava com furioso e com vergonha de mim.

— Por favor papai, por favor. Me perdoe. Eu não fiz por mal.

Ele balançou as pernas tentando me afastar. Quando ele percebeu que eu não o soltaria, ele chutou a minha barriga me forçando cair de bunda ao chão. Automaticamente eu abracei o meu ventre.

— Nunca mais me chame de pai. Não admitirei que os lobos insultem o meu nome fazendo chacota por eu permitir essa vergonha. Fique satisfeita de eu não jogar as suas roupas ao lado de fora, a fim de te humilhar como deveria.

— Eu sei que o senhor não faria isso. Aos soluços tentei argumentar. — Eu sou a sua filha, o senhor deve me perdoar e me aceitar mesmo estando grávida.

Eu ouvi o seu sorriso irônico.

— Eu não tenho uma filha vagabunda como você.

Sentada ao chão, senti quando ele se distanciou. Chorando, eu abracei o meu corpo com a nítida certeza que eu estava sozinha no mundo. Novamente eu abracei a minha barriga, pedindo a Deusa lua que protegesse o meu filho.

— Menina. Senti o perfume de manteiga e chocolate, advindas do cheiro de Carlota. Ela me abraçou. O seu corpo estava tenso evidenciando a sua tristeza. — Por que você deixou que isso acontecesse? Sabe como seu pai é. Ele lhe culpa pela morte de sua mãe.

— Mas é o meu filho. O neto dele. Ele não deveria ter me tratado como uma loba qualquer, como uma cachorra vira-lata.

— Eu sei querida. Mas é melhor você fazer o que ele mandou. O seu pai é impiedoso, e se você continuar aqui, ele pode fazer mal para essa criança.

— E o que você quer que eu faça? Eu não tenho para onde ir.

— More por um tempo na alcateia de sua tia Esmeralda. Eu tenho certeza que ela cuidará de você e da sua criança.

— E o que vai será de mim, Carlota? O que eu farei com esse bebê?

— Você vai cuidar dele como a sua mãe cuidaria de você se não houvesse morrido. Eu sorri triste. — Preste atenção, Kira. Na vida acontecem coisas boas e ruins, saiba que sempre depois de uma fase ruim, vem a fase boa.

— Não há nada de bom para mim nessa vida.

— Eu sinto que algo extraordinário vai acontecer, sim. Você merece ser feliz e vai ser. Confie na Deusa Luna, ela tem o melhor para você!

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