Festa na Empresa
Fábio subiu as escadas e foi direto tomar um banho, encontrou a filha no corredor que estava descendo para jantar.
— Boa noite papai, chegou na hora certa, a Gabi estava fazenda o jantar.
Na cozinha Gabriela já havia deixado a mesa posta.
— Fabi tenho que ir, ainda tenho que fazer algumas coisas para a faculdade, peça desculpas ao seu pai por não esperar ele descer.
Ela estava indo até a porta e falou de longe: — Fabi, me manda a receita que quer, para amanhã eu trazer tudo que for necessário.
Fábio estava descendo as escadas, pensou ter reconhecido aquela voz, apressou o passo, mas ela já estava dentro do carro passando pelo portão.
Ele voltou e foi até a cozinha, encontrou uma mesa cuidadosamente posta e uma refeição fresca.
— A sua tutora acabou de sair, certo?
— Sim, ela precisava fazer algumas coisas da faculdade, não tinha como ficar.
Ele ficou cismado, era a mesma voz da moça petulante, mas seria muita coincidência.
Na semana seguinte haveria uma pequena recepção para comemorar o aniversário da editora, não era nada muito requintado, todos os funcionários estavam convidados.
— Bom dia senhor Diniz.
— Bom dia Gustavo.
Como sempre Gustavo pegou o café do chefe e levou até a sala dele. Ficou parado, escolhendo as palavras.
— Peça rapaz, o que quer?
— Na sexta— feira teremos o aniversário da empresa, gostaria de saber se posso trazer alguém.
— Sabe que sim, tem direito a uma acompanhante.
— Sei disso senhor, a questão é que a acompanhante seria minha irmã, entende o empasse?
— Sim, se estarei aqui ela não poderá vir...
Ele pensou um pouco antes de responder, achou que seria interessante esse encontro e tiraria a dúvida.
— Pois bem, ela busca a Fabíola na escola e a deixa em minha casa, vou pedir para uma das empregadas ficar com ela.
— Agradeço senhor, ela ficará muito feliz em saber.
Na sexta-feira fizeram como combinado, Gabriela pegou a menina na escola e levou pra casa, teve tempo ainda de deixar a refeição pronta e ajudar no dever de casa, saiu e foi se preparar para noite.
Ela estava linda, não tinha um estilo muito chamativo, usava um vestido preto até o joelho, brincos dourados pequenos e o cabelo solto.
O local era animado, as pessoas estavam dançando e haviam mesas para quem quisesse sentar e beber.
— Gu, que lugar legal, vou dançar...
— Calma, deixa eu te apresentar ao pessoal, ainda quero encontrar o idiota do elevador.
Gabriela cumprimentou a todos, ninguém fez nenhum comentário ou teve uma reação em desacordo ao primeiro encontro.
— É Gabi, acho que deve ser alguém de outra empresa, ninguém te conhecia.
— Tudo bem, vou ao banheiro, você poderia pegar algo no bar pra mim.
Gustavo estava pedindo quando encontrou o chefe.
— Boa noite Gustavo.
— Boa noite senhor Diniz, não o vi aí.
— Veio com sua irmã?
— Sim, estamos naquela mesa ali.
Gustavo apontou para mesa que estava com três moças, nenhuma se parecia com a petulante do elevador. Ele esqueceu de mencionar que Gabriela não estava na mesa no momento.
— Ok... — Fábio disse, deu um último gole na bebida e saiu dali.
Foi em direção a saída e encontrou uma moça de costas, os cabelos e a altura lembravam muito a moça de dias atrás.
— Tomando um ar senhorita?
Gabriela reconheceu aquela voz no mesmo instante, sorriu e se virou.
— O que temos aqui... Senhor arrogante, não pensei que o encontraria.
— Boa noite senhorita Petulante, eu que estou surpreso, trabalha na editora?
— Não, vim acompanhar uma pessoa... E sim estou tomando um ar.
— Sabe que posso te ajudar com isso.
Gabriela riu e pretendia passar por ele para entrar. Mas ele a deteve.
— Onde vai? Me diga seu nome!
— Já tem um nome pra mim, não preciso dizer nada. Eu não fico questionando o seu.
— Se quiser eu digo.
— Vou entrar... — Ela disse sorrindo.
— Você me desafia e eu gosto disso.
Fábio a envolveu em seus braços e a beijou, alguns funcionários que estavam mais próximos da porta viram, não sabiam a identidade da moça, mas tinham certeza que aquele era o presidente da empresa. Gabriela se perdeu por um instante naquele beijo, a deixava quase sem ar.
— Entre comigo, seja minha acompanhante hoje? — Fábio pediu.
— Não, tenho uma pessoa me esperando.
— É comprometida então?
— Claro que não, se fosse não deixaria que chegasse perto de mim.
— Me sinto aliviado por isso.
Ela entrou, pretendia ir até onde o irmão estava, mas uma pessoa lhe parou.
— Gabriela, quanto tempo?
O coração de Gabriela disparou somente por ouvir a voz, se sentia fraca naquele momento, a pessoa segurava seu braço.
— Não sabia que trabalhava no grupo Diniz.
— Me solte!
— Só estamos conversando, não precisa ter medo.
— Quero que me solte!
Fábio não demorou muito para entrar, viu a cena e interviu.
— O senhor é surdo? A moça disse pra solta-la.
Nesse momento ele o fez e Gabriela passou para as costas de Fábio.
— Boa noite senhor Diniz, quanto tempo...
— Boa noite. Não sei realmente seu nome.
— Sou Otávio Martins, um dos associados, estava apenas conversando com a moça, não sabia que estava acompanhada, ela e eu somos velhos conhecidos.
Gabriela saiu e Fábio foi atrás, não antes de deixar uma ameaça.
— Não acabamos aqui senhor Martins.
Gabriela já estava do lado de fora, quando ele a alcançou.
— Ei, calma! O que vai fazer?
— Vou pra casa, pego um táxi e vou pra casa.
— Nada disso, eu te levo. Afinal agora sabe meu nome.
— Sei seu sobrenome... senhor Diniz.
— Que seja, mas insisto, posso te levar?
Gabriela concordou que sim, ele a levou até a casa simples do bairro de classe média.
— Obrigada senhor Diniz, me ajudou muito hoje.
Ela pretendia sair imediatamente, mas ele segurou seu braço.
— Espere! Seu nome... Ainda não sei seu nome.
— Sou a... senhorita Petulante. — Ela estava rindo, quando ele se inclinou e a beijou, foi um beijo mais intenso, Gabriela se achava louca de beijar um homem que mal conhece, mas não recuou.
— Boa noite, pelo menos sei onde mora.