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"Não, ainda não me dizes para onde vais", confessou perturbada, aquela forma como ele a olhava causava-lhe certo medo. E ele sabia disso. Aproveitava-se do impacto que tinha sobre a moça, colocava a seu favor e a convencia de que poderia persuadi-la a aceitar.
"Eu sei, escuta, Victoria", começou, juntando as palmas das mãos sobre a mesa, posição que deixava claro quem mandava ali, ela o ouviu atenta. "Não quero apenas tirar sua virgindade, busco algo mais, e acredito que você é a pessoa certa para isso."
"Por favor, vá direto ao ponto de uma vez, eu lhe suplico."
"Incrível a pressa que você tem, tudo bem, então serei direto. Quero que seja a mãe do meu filho, vou te pagar mais, você nem imagina quanto."
Agora que cortou o suspense, ela ficou como uma pedra. Seus olhos se abriram completamente e por um segundo ela pensou que aquele homem estava brincando com ela. Não era uma piada, confirmou ao ver sua seriedade, uma que foi pior do que ela esperava.
"Não, não, não, eu não farei tal coisa. Sou muito jovem ainda, por que está me pedindo isso?", brusca, levantou-se e cobriu o rosto, parecia preocupada, uma inquietação violenta que se movia por todo o seu ser e a aprisionava.
Não era para menos. Aquele árabe lhe pedia algo impossível.
"Porque desde que te vi em uma fotografia, te escolhi, sei que você é a adequada para me dar um filho. Não precisa tomar uma decisão agora, mas quero uma resposta o mais rápido possível. Porque assim só precisaríamos ficar juntos uma vez."
Sua mente se amurou, um emaranhado de pensamentos a ocuparam. Ficaria grávida em sua primeira vez? Ela não podia aceitar isso.
"Receio que vou recusar sua oferta, é algo que não estou disposta a fazer", insistiu perturbada com a situação. Não conseguia sequer sustentá-la em sua cabeça.
"É uma proposta interessante, vou te recompensar por isso, pense nisso, em nove ou talvez oito meses você me dará um filho, receberá seu pagamento e tudo terá acabado. O que você diz?"
"Você fala como se fosse algo fácil, sou eu quem teria que assumir estar grávida, ter um bebê e enfrentar uma fase que ainda não quero viver. Eu simplesmente não posso aceitar, eu só vim..."
"Eu sei por que você veio, Victoria", lembrou ele, levantando uma sobrancelha.
"Então não me peça para fazer isso, não é o que eu quero", expressou, era óbvio que estava assustada.
"É o que eu quero, mas vou te dar dois dias para pensar, certo?"
"Não, minha resposta é não", repetiu, com coragem quase extinta.
"Te dei dois dias, Victoria. Sei da sua situação, pesquisei sobre você, então estou ciente de como você precisa do dinheiro. O banco vai tomar sua casa, onde você vai morar com sua mãe? Diga-me, acha que será suficiente o que vou te dar em troca de estar com você?"
"Sim."
Dói pensar na realidade.
"Ok, agora pense em multiplicar essa quantia. Serei mais direto, vou te dar dez milhões de dólares se aceitar."
Não fazia sentido para a moça. A verdade é que havia agências de barriga de aluguel para isso. E embora ela não soubesse muito sobre o assunto, não acreditava que teria que pagar dez milhões de dólares lá.
"É muito dinheiro, não entendo nada."
"O que você não entende? Sou um homem rico, isso não é nada para mim, mas sei que é tudo para você. Só quero te ajudar e também ganho", expressou sinceramente.
Ainda parecia uma loucura para ela.
Certamente ela precisava do dinheiro, assim muitas dívidas seriam pagas e ela poderia alcançar suas metas. Até mesmo objetivos que nunca imaginou realizar. Ao perceber que já estava considerando a possibilidade, balançou a cabeça.
"Tudo bem, vou pensar, é algo que ainda estou processando. Te darei uma resposta em dois dias."
"Perfeito, pense bem, é algo bom e você é sortuda", disse ele.
"Não sei se me sinto assim, pode pedir isso a outra pessoa, até mesmo recorrer a uma agência de..."
"Não diga isso", ele a interrompeu, fixando seus olhos verdes acinzentados nela com profundidade, fazendo-a sentir-se intimidada. "Quero que seja o mais discreto possível, posso confiar em você, não é?"
"Claro. Então você me pede porque quer que tudo fique em segredo, porque eu suponho que a imprensa sempre queira entrar em sua vida e saber tudo sobre você, certo?"
"Você está certa, por isso estou fazendo dessa maneira e você é uma candidata ideal."
"Quem são as outras?" ela perguntou interessada.
"Não vale a pena falar sobre as outras, agora você tem a chance de ganhar dez milhões de dólares. Eu quero você, Victoria. Quando tenho certeza de algo, nunca erro. Só preciso da sua resposta", acrescentou com um sorriso de lado.
"Vou pensar sobre isso."
"Nesse caso, espero te ver aqui em dois dias. Boa sorte na sua volta para casa", disse ele, embora algo lhe dissesse o contrário.
"Certo. Está bem, estarei aqui."
"Então vou te avisar o endereço para onde deve ir, um dos meus hotéis", acrescentou piscando para ela.
Ela engoliu em seco.
Nada de bom estava por vir. Mesmo do lado de fora da propriedade, ela ainda se sentia presa naquele lugar. E por alguma razão, já se via acorrentada a aquele homem. Ao se afastar da propriedade, uma mansão enorme de três andares, um homem atravessou seu caminho.
"Senhorita, por ordem do senhor Ansarifard, devo levá-la para casa", disse ele.
"Não, não é necessário, vou pegar um táxi."
"É uma ordem, por favor, me siga."
"Já disse que não vou a lugar nenhum, vou embora como cheguei, certo?"
Mas não adiantou, ela acabou na parte de trás de um carro preto, relutantemente imaginando o pior a caminho de casa. Mas nada do que ela pensou aconteceu.