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Capítulo 6

Capítulo 6

É agora ou nunca!

Descalça, Morgana observa o quarto, vai até o closet, procura algo que possa esconder dentro do roupão para se proteger.

Seu pai sempre lhe disse, quem vê cara não vê coração.

"Esse árabe pode aparentar ser bonzinho, mas é melhor ele não tentar nada ou vai se dar mal." - Pensa enquanto pega um alfinete de gravata o escondendo dentro do bolso do roupão.

Não tem mais nada que possa usar para se defender, ele perceberia suas intenções de imediato, se arma de coragem, dá um longo suspiro saindo do quarto devagar.

Ao abrir a porta, entra vagarosamente na sala, não vê nada nem ninguém, o cômodo é imenso, não faz ideia de onde ele possa estar.

De repente tudo parece em câmera lenta, olha ao redor, no hall observa a porta de entrada, seus olhos brilham.

Se esgueira rapidamente até a porta, com a adrenalina que deu em seu corpo, seu coração começa a bater mais rápido, as mãos ficam trêmulas e suadas.

Olha para os lados antes de destrancar a porta para a sua tão sonhada liberdade, nesses últimos dias que mais parecem meses longe de casa.

Com um sorriso de felicidade extrema, abre a porta, o som do trinco se abrindo, é como música para seus ouvidos.

Assim que coloca o pé do lado de fora, alguém segura seu braço a puxando, com medo, Morgana coloca a mão no bolso pegando o alfinete e o enterra no braço de quem a segura.

Escuta um gemido de dor e é solta, não tem tempo de ver quem a tinha puxado, na sua mente só vem uma palavra: Corre!

Então ela corre, sabe que sua vida depende disso, no fim do corredor vê o elevador se fechando e corre mais rápido, quase não sente as pernas, nem sabe como está conseguindo correr.

Dentro do elevador se encosta na parede, aperta o botão com dedos trêmulos, acredita ser do térreo, respira forte com muita intensidade, parece que o coração vai sair pela boca.

No apartamento, Zayn franziu a testa com a dor que sente, pega o celular que está no chão do quarto, liga direto para o segurança do hotel.

- Uma mulher de cabelos vermelhos vai tentar sair, impeça.

- Pode deixar senhor, ela não passará por mim.

- Se usar força bruta com ela, se considere um homem morto.

Zayn desliga o celular, tira o alfinete, limpa o sangue no braço, joga o tecido no chão indo em direção aos elevadores.

Ele sabe muito bem que ela está com medo, não a culpa, sofreu muito por dias nas mãos daquele desgraçado, infelizmente terá que ser um pouco enérgico com ela, está muito debilitada para se aventurar pelas ruas da arábia sozinha.

Antes de entrar no elevador, vê pelo painel que o dela já chegou no térreo.

Com as pernas moles de tanto que correu e quase desmaiando pela tontura forte, ainda tem forças para lutar por sua liberdade.

Um homem na recepção a vê, chega perto dela preocupado, antes de abrir a boca, ela pede ajuda desesperada, segurando os braços dele com força.

- Por favor, me ajude. Por tudo o que é mais sagrado pra você, me ajude! Não deixa ele chegar perto de mim. - fala em português se esquecendo que provavelmente o homem não entenderia.

O recepcionista pede desculpas fazendo sinal de que não a entendeu, ela desiste o soltando e corre até a saída, não tem tempo para explicar ele pode aparecer a qualquer momento e estará perdida.

Corre até a entrada, tenta abrir as portas e não consegue, o segurança se aproxima com cautela falando em inglês.

- Moça, acalme-se. O Sheik está vindo buscá-la.

- O quê? Não! Por favor, não deixe ele me levar.

- Ficará tudo bem, eu prometo.

- Você não entende - diz entre as lágrimas segurando seus braços. - Ele me comprou, acha que sou uma mercadoria. Chame a polícia, me ajude!

Morgana escuta o som do elevador, ao olhar para o lado, vê Zayn saindo dele com uma cara de poucos amigos, engole seco, era o que mais temia, que a encontra-se e pra piorar todos estão a favor desse maldito desgraçado.

- Fique longe de mim! - grita soltando os braços do segurança. - Se você acha que tem direitos sobre mim está enganado! Não sou um objeto que pode ser comprado. Se o meu paizinho descobrir ele vai esmagar você.

- Seu pai poderia tentar, jamais conseguiria - diz tranquilo.

- Ele tem muita influência, é um homem muito poderoso.

- Então, você é filhinha de papai? - pergunta cruzando os braços com um sorriso de canto.

- Ele vai me achar, não duvide disso - diz com pouca esperança.

Zayn descruza os braços se aproximando dela, pega seu pulso a fazendo tremer com seu toque, é como se vários voltz passassem por seu corpo, olha nos olhos dela e constata que ela também sentiu.

Morgana ergue a cabeça, empinando o nariz o enfrenta:

- Se você tentar alguma coisa comigo, qualquer coisa eu te mato!

- Eu não duvido, apesar do alfinete não ser grande, meu braço está doendo bastante. Venha comigo, vamos conversar.

A segurando firme pelo pulso vai até a cobertura, assim que entra a solta e tranca a porta escondendo a chave no bolso da calça.

- Não vou te fazer mal, vamos até a cozinha, lá te contarei como veio parar aqui e poderá comer uma sopa que estava esquentando quando você resolveu fugir.

Calada ela o segue, ele fica atrás do balcão terminando de preparar o prato, vencida pelo cansaço e a fome extrema, senta aguardando.

- Enquanto você come, vou te contar o que aconteceu.

Coloca uma cumbuca na frente dela e pão chamado pita, o cheiro faz seu estômago roncar, isso tira um sorrir dos lábios dele.

- Coma, ficará saciada, está morna para não machucar sua garganta ao engolir. É feita com grão-de-bico e carne.

- Obrigada - diz, pegando o talher ainda olhando para ele com receio.

Coloca um pouco na boca, sente uma explosão de sabores, até fechar os olhos.

- Hum, que delícia.

- Sabia que iria gostar.

Senta do lado dela e começa a contar sobre o traficante e porque aceitou ela como pagamento da dívida.

- Eu só queria te ajudar, te tirando das mãos daquele estrume de camelo.

Ela termina de comer enquanto ele diz a última frase, completa sem perceber:

- Estrume de camelo é pouco, eu vomitava toda vez que chegava perto de mim. O que você ganha me ajudando? - diz olhando para ele.

- Se eu deixasse você com ele, a entregaria para as tribos no deserto, seu destino não seria nada bom. Está satisfeita?

- Isso não responde a minha pergunta, mas não tem importância. Sim, estou satisfeita, obrigada.

- Venha, vamos para a sala. Não falta muito para amanhecer - oferece a mão e ao segurar olha em seus olhos, ambos ficam parados se olhando, novamente sentiu como se um choque elétrico percorre-se todo o seu corpo.

Ela solta a mão se sentindo desconcertada, afinal, ainda não confia nele e seu corpo reagindo dessa forma não está ajudando.

Observa o seu rosto, é muito belo, nunca viu um árabe tão bonito como esse.

"Ah, meu Deus! Estou perdendo o juízo, deveria odiá-lo, mas não consigo. Tem algo nele, não sei o que, mas me atrai." - pensa insatisfeita consigo própria.

- Eu gostaria de dormir um pouco.

- Claro, se preferir pode trancar a porta. Tenha uma boa noite.

- Obrigada... - desconcertada pela forma como seu corpo reage, achou melhor ficar longe dele.

Deita na cama sem acreditar que possa dormir, mas sem perceber, assim que coloca a cabeça no travesseiro dorme de imediato.

Na sala, Zayn passa a mão no rosto, senta no sofá olhando para a imensa janela vendo o céu estrelado.

Como pensou, os cabelos dela são muito mais vermelhos e lindos, a pele é incrivelmente sedosa e perfeita.

Zayn suspira, vai aguardar o tempo que precisar para a seduzir, não tem pressa.

Duvida que ela tenha marido ou namorado, até agora só falou do pai e pensando bem, o homem deve estar desesperado.

Tudo a seu tempo, assim que ela estiver melhor vai procurar o pai, dizer que ela está bem, vai que o homem é muito idoso e acaba sofrendo do coração.

Enquanto pensa vai até o quarto de hóspedes, deita de roupas dormindo rapidamente.

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