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Estou deitada em uma pilha na cama, entorpecida por um pranto interminável e uma dor avassaladora. Não sei há quanto tempo estou deitada ouvindo meu sangue circular pela minha cabeça enquanto meu coração se auto implode dentro do meu corpo. Não sou nada além de uma concha, uma concha vazia e silenciosa de exaustão e mágoa, amarrotada além do reconhecimento
Eu ataquei, bati nele e empurrei-o para longe com toda força que possuía, mesmo assim ele ainda tentou se agarrar a mim.
Meu Jake, meu corpo e alma. Agora o destruidor de tudo que eu era. Eu disse a ele para não me tocar, para nunca mais me tocar, para sair e ir embora. Eu gritei, chorei e desmoronei no chão aos seus pés. Suas palavras caíam ao redor de mim como um barulho que eu não conseguia entender, tão consumida pela minha tristeza. Foi somente quando choraminguei e implorei que ele me deixasse sozinha que ele finalmente ouviu, afastando-se para que eu conseguisse me levantar, correndo para a solidão deste quarto … nosso quarto. O quarto dele. Deixando-o do lado de fora e trancafiando-o. Não consigo tolerar que ele fique perto de mim, me toque ou olhe mais para mim.
O que somos está perdido. Sua traição selou nosso destino e meu mundo foi destruído por tanta devastação. Acho que nunca mais serei a mesma.
Tudo que consigo pensar é na sua boca contra a dela, várias vezes e isso destrói meu coração. Beijando a boca da única mulher no mundo que odeio sem comparação. Ele não faz ideia da profundidade e dos danos que sua traição com ela me causou. Ele não faz ideia de quão profundo sua traição me feriu.
Ele beijou outra pessoa. Não apenas qualquer outra pessoa, mas ela, o objeto de todo meu ódio e dor nos últimos meses. A mulher que possuiu seu coração uma época, a única outra mulher que já foi amada por ele e que agora carrega seu filho. Marissa Hartley. Como posso superar isso ou acreditar que seus sentimentos por ela estão tão nitidamente delineados quanto eu acreditava?
O nome dela é como uma adaga em meu peito, uma ferida tão insuportável, queimando e ardendo, certificando-se de que eu nunca me recupere do golpe fatal.
Por que, Jake? … Por quê? Porque você tinha tanta certeza da minha prontidão para traí-lo? Alimentada pela insegurança por causa da minha recusa em começar uma casa com você ou responder seu pedido de casamento?
Alimentada pela minha estupidez em fazê-lo acreditar que eu o trairia tão prontamente por causa de uma briga?
Éramos tão frágeis que algo tão estúpido nos partiu em dois?
Há um sujeito indistinto na porta, minha respiração e meu pulso param. Sua proximidade ainda me afeta, mesmo de longe, meu corpo o sente no ar e treme.
“Emma?” A voz de Jake, rouca e áspera, causa uma dor aguda em meu peito. Deslizo de lado para tentar esquecê-lo, cobrindo as orelhas, me enroscando em uma bola com uma onda nova de dor insuportável dentro de mim, lágrimas silenciosas escorrendo pelo meu rosto. Apenas quero que essa dor pare de me devorar.
“Emma, por favor? … Deixe-me entrar.” Ele implora, a voz o mais distante possível do meu Jake, diferente de como ele normalmente soa, esmagando minha alma. Estou tão distante de mim mesma que temo que nunca encontrarei meu caminho de volta. Fecho os olhos com firmeza, apertando-os com força, desejando que ele vá embora. Minha voz não sairia mesmo se eu quisesse. Está tão rouca e dolorida que torna muito difícil engolir, depois dos efeitos do choro de uma mulher desesperada.
Há um baque suave na porta, que range com a pressão de peso humano, um barulho de algo pesado e macio deslizando pelo outro lado lentamente.
“Não vou a lugar nenhum, neonata. Vou ficar bem aqui até que você me deixe vê-la. Preciso ver você, Emma … Estou enlouquecendo aqui fora.” A tristeza em seu tom me faz sentir dor. Ele parece tão abalado quanto eu me sinto. Seu tom normalmente baixo e rouco está tenso e áspero; emoção falhando com cada palavra agonizante.
Ele me deixou até que eu ficasse quieta, mas não posso deixá-lo trancado no lado de fora para sempre. Este é seu apartamento … sua casa. Não minha mais. Preciso me levantar, pegar tudo que possuo e deixá-lo. Ele não me deixou nenhuma opção a não ser ir embora. Não há mais nada aqui para nós.
Ondas novas de emoção me atingem fazendo com que eu quebre o silêncio com um soluço. Não consigo começar a pensar em deixá-lo, ainda não, não enquanto meu corpo quer ficar deitado aqui e morrer. A dor é tão abrangente que mal consigo respirar.
“Por favor … Por favor, bambina. Está me matando ficar aqui fora ouvindo você chorar. Deixe-me entrar. Deixe-me abraçá-la.” Sua voz falha, a emoção é demais. Consigo imaginá-lo apoiado na porta, joelhos para cima e braços ao redor dos ombros, talvez embalando a cabeça, tão abalado e tão perturbado quanto eu. Tento afastar a imagem dele da minha mente, as lágrimas me consumindo. O pensamento me machuca mais do que consigo imaginar. Não suporto que ele esteja tão abalado quanto eu, sofrendo em agonia do lado de fora da sua própria porta. Estou afogando em confusão. Não consigo suportar a dor de deixá-lo próximo. A ideia do seu toque traz o lampejo de uma visão na minha cabeça dele e dela, dele tocando-a, considerando seus olhos, beijando-a. Isso me atravessa como um atiçador quente e me tortura até meu âmago.
O que ele fez conosco?
“Eu … Eu … Eu não posso.” Eu sussurro em meio as lágrimas, sem saber se falo alto o suficiente para ele me ouvir. Minha voz está fraca e frágil, um fantasma do tom normal que normalmente tenho.
“Emma, não vou tocar em você. Eu juro. Vou manter distância. Apenas preciso ver você … olhar para você.” Ele implora. Eu o ouço se mover em direção à porta para pressionar pela minha resposta e isso me devasta ainda mais.
Não gosto dele assim. Ele é meu Carrero forte e dominador, sempre tão seguro e irritantemente confiante, no controle de tudo.
Não suporto essa versão triste e quieta dele, implorando, sentado caído do lado de fora e pedindo permissão para entrar em quarto do seu próprio apartamento.
Este não é o Jake. Quero meu Jake de volta. Quero o Jake de uma semana atrás, aquele que nunca me traiu e me deixou assim. O Jake que moveria montanhas para me proteger, não esse homem sentado lá fora que está tão desvinculado daquele que eu acreditava que conhecia.
“Não posso. Não consigo levantar.” E é verdade, não tenho a força para caminhar até a porta. Choro baixinho, as lágrimas caindo livremente além do meu controle. Mal consigo levantar a cabeça, tão drenada da vida que estou além do ponto de me mover. A fadiga está destruindo cada membro com exaustão emocional. Não sei que horas são, mas parece que estou aqui há dias.
“Apenas me diga que posso abrir a porta e eu irei,” sua voz está tensa. Ele está aguardando e esperando que não irei afastá-lo, ainda procurando minha permissão.
Não posso mantê-lo lá fora, por mais que eu queira desesperadamente. É ele quem está causando em mim uma agonia paralisante, mas é também a única pessoa no mundo que tem uma esperança de me ajudar. Esta é a minha tortura. Meu curador também é meu algoz. Quando tudo que posso sentir é devastação, meu coração dói clamando pela única pessoa que sempre me fornece uma base e me faz sentir segura.