Resumo
Eles se conheceram em uma boate, se rendem ao desejo do momento, não sabendo até onde isso teria consequências. Um mês depois ela volta a mesma boate, procurando por ele, em busca de ajuda, um abrigo até o filho deles nascer. Aquilo deveria ser impossível, uma humana grávida de um lobisomem. Mas havia uma antiga profecia que dizia que os lobos e as Bruxas estariam livres da maldição quando os dois mundos se unissem através de uma criança. Ele a odeia por que jurou nunca tocar em uma bruxa, mas ela não sabia que era uma, muito menos uma tão poderosa e que foi prometida a um demônio imortal, que quer reivindicar sua noiva mesmo tendo sido corrompida por um lobisomem.
Capítulo I
Me olhei no espelho pela milésima vez, não gostando do que estava vendo ali. Eu não era acostumada aquele tipo de roupa, por isso entendia toda minha falta de jeito, mesmo que me sentisse sexy.
— Você está linda, agora da licença e deixa eu terminar de me arrumar ou só vamos chegar lá amanhã.
Alice bateu o quadril no meu, me empurrando para longe do espelho.
Diferente de mim ela usava um vestido vermelho, que não chegava na metade de suas coxas, saltos alto combinando e o cabelo loiro, quase platinado, descia em camadas onduladas por suas costas.
Já eu estava com um shorts jeans escuro, tão curtos que mostravam a polpa da minha bunda, uma regata preta cavada, que deixava a mostra meu sutiã strappy. Que era a única coisa naquele look que me pertencia, todo o resto tinha arrancado do guarda roupa de Alice.
— Tem certeza que eu preciso usar esses saltos? Tenho certeza que vou torcer o pé antes mesmo de entrar na boate. — resmunguei encarando as sandálias pretas que ela tinha guardado para mim. — Falando nisso, você não me disse o nome do lugar.
— Você faz perguntas de mais, Bri! — ela bufou se afastando do espelho, agora com o rosto lindamente maquiado. — Sim, você tem que usar os saltos! Você quer chamar a atenção de um homem gostoso, não é? Pois então vai usar os saltos, para ficar mais alta e não parecendo tão... você.
Poderia me sentir ofendida com o comentário, mas eu tinha pedido exatamente isso quando começamos a nos arrumar. Queria parecer outra pessoa, uma mulher, confiante, empoderada e não a jovem que acabou de fazer vinte anos.
— Só espero me divertir antes de quebrar a cara com esses saltos!
— Você vai ver, essa vai ser a nossa noite!
Chegamos na boate LYNC quase a meia noite, a fila para entrar ainda estava grande, mas graças as pulseiras coloridas que Alice tinha conseguido em algum lugar, não foi preciso esperar nada.
O segurança alto e forte nos deu um olhar desconfiado quando ela estendeu a mão mostrando a pulseira para ser escaneada. Ele parecia mais um armário vestido com um colete sem mangas, que evidenciavam ainda mais seus músculos e uma tatuagem enorme cobrindo seu ombro bronzeado.
Quando seus olhos castanhos, focaram nos meus eu pude jurar que senti um calafrio subir por minha espinha, se concentrando em minha nuca. Respirei fundo, tentando parecer o mais calma possível e estendi meu pulso, achei que o homem seguraria meu pulso como fez com Alice, mas tudo o que ele fez foi se afastar, mantendo os olhos grudados nos meus e me dando passagem, sem nem ao menos passar a maquininha na pulseira.
— Vem Bri! — ela gritou me fazendo desviar o olhar do homem e me deixar ser arrastada por ela para dentro do lugar.
A música alta e sensual invadiu meus ouvidos, assim que as luzes vermelhas me atingiram. O ar quente e aconchegante me animaram, levando para longe a estranheza do segurança na entrada, agora eu estava focada nos corpos se enroscando pelo lugar, dançando animados.
O bar estava cheio e eu vi que talvez fosse difícil conseguir bebidas essa noite. Alice me arrastou diretamente para lá, empurrando as pessoas em seu caminho sem se importar em pedir desculpas, essa era minha amiga, um furacão loiro.
— O que você vai querer?
— Qualquer coisa com álcool. — eu queria me divertir, fazer tudo o que sempre quis, mas dessa vez sem culpa.
Me virei para as pessoas enquanto ela tentava ganhar a atenção do garçom, as pessoas dançavam se espremendo na pista de dança, em frente ao palco do DJ. Não consegui deixar de notar os postes de pole dance, onde algumas mulheres subiam e disputavam espaço, dançando e rebolando olhando para o andar de cima.
A área VIP, estava tomada por homens, mas não aqueles galãs de terno que eu costumava ouvir falar. Eram homens lindos de mais, mas uma beleza selvagem, fortes assim como o segurança, alguns com cabelos grandes, bagunçados, vestindo calça jeans e jaquetas de couro. Lembravam motoqueiros, mas eu não tinha visto nenhuma moto na entrada.
— Aqui! — Alice gritou ao meu lado, me entregando um copo com liquido azul brilhando. — A nossa noite!
— A nossa noite! — brindamos rindo e levei o copo até a boca. O gosto doce invadiu minha boca e eu tomei um gole maior do que pretendia. — O que é isso? Acho que posso tomar isso a noite toda.
— Não duvido que consiga, mas já vou avisando dois copos disso e você vai estar bêbada.
Eu não achava difícil, mas mesmo assim não consegui beber aos poucos. Dancei com Alice, seguindo seus passos ao som da batida sensual, girando seu corpo de encontro ao meu, passando minhas mãos por seu corpo do mesmo jeito que ela fazia comigo.
Riamos como duas malucas na pista de dança, não se importando com nada nem ninguém, com os copos para cima sacudíamos o corpo na batida alta que parecia reverberar em meu peito.
— Preciso ir no banheiro! — gritei tentando ser ouvida apesar da música.
— Vamos!
Ela agarrou minha mão direita e começou a me puxar pelo meio da aglomeração. Alice fazia a mesma coisa de ante, empurrando as pessoas de seu caminho, mas eu estava concentrada de mais em não cair com aqueles saltos no meio da multidão, para me importar agora.
— Hey! — uma voz grossa soou na nossa frente me fazendo erguer o olhar.
Um homem negro alto e forte estava parado no nosso caminho, os braços cruzados o deixando ainda mais intimidante, o cabelo castanho batia na altura da sua cintura e eu vi duas tranças balançando entre os fios, que pareciam sedosos de mais.
— Oi lindo! — Alice disse com uma voz manhosa que não combinava com ela.
Sua mão livre subiu pelo braço do desconhecido e ele abriu um sorriso sexy na direção dela, quase me fazendo sentir borboletas no ventre e nem era para mim.
— Vou no banheiro. — murmurei ao pé do ouvido dela e sai antes que eles dois começassem a se atracar comigo de mãos dadas com ela.
Não teria sido a primeira vez.
Por um milagre o banheiro não estava lotado, eu tropecei em meus saltos entrando na bendita cabine e me segurei nas paredes, fazendo o maior malabarismo para conseguir usar o banheiro sem encostar no vaso.
Quando sai me encarei no espelho largo em frente as pias, minhas bochechas estavam vermelhas pelo álcool e toda a dança, meu batom claro ainda estava intacto, mas retoquei o rímel e joguei um pouco de água em minhas bochechas e na nuca, tentando apagar um pouco daquele calor.
Afinal de vermelho já bastava meu cabelo.
Mas antes que eu saísse a luz do banheiro piscou, me fazendo fechar os olhos e nesse segundo eu vi aquelas chamas. O fogo consumindo a madeira, chegando a mulher, que ao invés de gritar mantinha os olhos verdes presos em mim.
Abri meus olhos, batendo os cílios rápido, para esquecer aquela imagem perturbadora. Me curvei na pia e joguei água no meu rosto, não me importando com a maquiagem, molhei minha nuca até que meu cabelo estivesse pingando.
Era minha noite! Eu não ia me render aquelas visões malucas e parecer uma doida varrida, não hoje!
Sequei o excesso da água, conferindo meu rosto uma ultima vez e sai do banheiro determinada a fazer aquela noite valer cada segundo.
Alice e o deus grego fortão estavam na porta, a essa altura eu podia apostar que ela estaria se agarrando com ele como se sua vida dependesse disso, mas os dois estavam em uma conversa que parecia muito interessante.
— O que aconteceu? — ela perguntou assim que me avistou, os dois se viraram parecendo preocupados, mas eu apenas dei meu sorriso mais animado.
— Não aconteceu nada e esse é justamente o problema!
Não esperei por ela, corri no meio de toda aquela gente e pedi mais uma bebida azul para o garçom, que não demorou a me entregar o copo colorido.
Me voltei para a pista e comecei a dançar, sentindo o álcool se espalhando por cada pedacinho do meu corpo, consumindo meus pensamentos, afastando qualquer memória ruim, mandando para longe aquelas visões.
Não demorou para que eu sentisse Alice me tocando, me puxando para perto de si, colando nossos corpos novamente.
Antes que me desse conta já estava no meu quinto copo e me debruçando no balcão tentando conseguir mais um, quando senti mãos agarrando meu quadril, mas dessa vez não era pequenas como as de Alice, eram bem maiores.
Me virei dando de cara com um loiro alto, com um sorriso largo aberto na minha direção. Ele balançou o quadril dançando, chegando mais perto e eu deixei que ele colasse nossos corpos.
— Ei! Ruiva! — o garçom gritou e bateu no balcão, mas não me importei.
Continuei dançando com o desconhecido, suas mãos subiram pelo meu quadril e eu envolvi meus braços em seu pescoço me deixando levar. Sua cabeça se abaixou, chegando mais próximo a minha e antes que eu esperasse seus lábios estavam sobre os meus.
Seu corpo me prendeu contra o balcão enquanto sua língua deslizou na minha, me deixando sem fôlego. Fechei os punhos em sua blusa, puxando com força ele para mais perto.
— Você é muito linda. — ele se afastou, me fazendo abrir os olhos e recuperando o ar, enquanto se desviava para meu pescoço.
Seus lábios tocaram minha pele e no mesmo instante meus olhos se encontraram com os de outro homem.
Encarando-me com os olhos que pareciam duas poças de ouro, dourados como o sol, me hipnotizando. Um dos selvagens da área VIP, o cabelo tocando abaixo de seus ombros, a jaqueta preta parecia apertada em seus músculos, me dando apenas uma ideia do que havia por baixo de tudo aquilo. E mesmo tendo uma mulher ao seu lado, ele parecia muito interessado no que estávamos fazendo aqui em baixo.
Não sei o que me tomou, mas eu mordi meu lábio inferior, marcando-o como se estivesse mesmo excitada com os beijos molhados em meu pescoço, mas eu não podia estar mais alheia ao homem que estava comigo. Minha atenção estava toda no macho que me assistia, agora com os olhos semicerrados.
Ergui minha perna, me esfregando ainda mais no loiro e levei sua mão até minha coxa nua, seus lábios subiram para minha orelha e o barulho de sua língua poderia ter me feito largá-lo na hora, mas o moreno me observando foi o que me manteve ali.
Abri meus lábios, simulando um gemido e assisti ele apoiar os braços no parapeito da área, se mostrando ainda mais interessado. Então tomada por um fogo insano eu me apoiei nos ombros do homem que estava ali e me impulsionei até sentar no balcão do bar, seus olhos brilharam em resposta e eu deixei que o outro se acomodasse entre minhas pernas, deslizando as mãos por minhas coxas, acariciando minha pele descoberta.
— Nossa, você é mesmo um furacão!
Sem desviar meus olhos das duas esferas douradas, deitei meu corpo no balcão, o homem se ergueu do parapeito parecendo fascinado. Mas o loiro tampou meu campo de visão descendo a cabeça na direção dos meus seios.
Eu me ergui no mesmo minuto, meus olhos focados no andar de cima procurando meu selvagem gato. Mas não encontrei, vasculhei com o olhar por todos os centímetros do VIP, mas não o achei em lugar nenhum.
— O que aconteceu gata? — o babão perguntou e eu tratei de afastar suas mãos das minhas coxas. — Ficou maluca? Não vai me dispensar assim vadia!
O rosto branco de repente ficou vermelho sangue e a mão dele se fechou ao redor do meu pulso, me apertando com força, de um jeito que com certeza deixaria marcas, eu sabia bem.
— Me solta! Está me machucando idiota!
Eu não ia demonstrar medo, ele não era nem de longe assustador e eu já estava acostumada com homens agressivos.
— Acho que você não entendeu amigo, ela disse pra você soltar o braço dela. — a voz do barman soou atrás de mim.
— Ou vai sair daqui sem a mão!
Ergui meu olhar com a última ameaça e vi o homem que conversava com Alice, a cara agora era de poucos amigos.
O babaca olhou em volta, vendo que não teria chance, um deles já era o dobro dele, pior ainda contra dois. Ele levantou as mãos em sinal de redenção e se afastou de nós sem dizer uma única palavra.
— Você está bem amiga? — Alice perguntou parando ao meu lado, mas a verdade é que eu não queria pensar nisso agora, ou com certeza estragaria nossa noite por completo.
— É a nossa noite e ninguém vai estragar!
Peguei o copo esquecido no balcão e virei, sentindo o gosto agora bem mais fraco do que a primeira vez essa noite.
A voz de Beyoncé explodiu em meus ouvidos quando ela começou a cantar Partition, a batida rapidamente me envolveu e eu puxei Alice para o balcão do bar. Nos atrapalhamos, mas rapidamente ela estava em cima, em um pulo estávamos de pé rebolando no ritmo da música, deixando que cada som ditasse nossos passos.
Eu me curvei para pescar a garrafa do bar, fazendo questão de empinar a bunda, sabendo que o shorts curto não esconderia muito. Alice deitou a cabeça em meus seios e eu enchi sua boca com o líquido transparente, que eu tinha quase certeza ser tequila. Ela fez o mesmo comigo e voltamos a dançar usando a garrafa de microfone.
Rebolei não me importando com nada, tinha a leve noção de estarmos dando um grande show, mas não estava ligando para nada além de me divertir e esquecer todos os meus problemas.
“Trouxe tudo isso pra você, siga meus passos
Só me diga se está bom, baby”
Eu desci rebolando, olhei para trás sensualizando para ninguém em particular, mas lá estava ele, os olhos dourados. Não na área VIP, agora ele estava bem ali, no bar, me assistindo de perto com os olhos de ouro presos em cada movimento meu.
Meus movimentos se tornaram ainda mais ousados, empinei minha bunda, rodeei meu quadril, me sentia como uma das dançarinas profissionais, sexy e poderosa.
“Eu faço tudo isso por você, baby, aprecie a vista
E me diga se estou boa, baby”
Eu cantei virada pra ele, dançando com as mãos deslizando do meu cabelo, para meus seios, descendo pela cintura, quadril. Ele ergueu a sobrancelha e por um minuto eu senti o calor se espalhar por meu corpo, ainda mais forte.
Um segundo, foi tudo o que precisei para perder o equilíbrio e escorregar o salto no balcão úmido, indo direto para o chão.
Mas antes que eu me esborrachasse no chão ele estava lá, em um segundo eu estava preparada para encontrar o chão e no outro eu estava aconchegada nos braços fortes dele.
— Te peguei perigosa. — a voz gutural enviou uma onda de arrepios por meu corpo, colocando meu corpo em combustão. — Agora você não me escapa!